Perto do Coração Selvagem

Perto do Coração Selvagem é uma obra escrita por Clarice Lispector em 1944. O livro mostra o cotidiano de Joana, menina criada pelo pai, já que a mãe, Elza, morrera muito cedo. O pai passado alguns anos também morre, então ela vai morar com a irmã de seu pai. A tia não gostava de Joana, pois a presença da menina a sufocava e a enviou para um internato, lá ocorre uma paixão avassaladora por seu professor um pouco mais velho. Um ponto culminante que a enviou para o internato foi dias antes acompanhando à tia as compras, como um teste para si mesma e causa espanto aos outros, Joana roubou um livro, trazendo mais dificuldades a sua convivência com a família da tia.

Fora do internato casa-se com Otávio. Joana fica grávida, para a maioria das mulheres a gravidez é uma felicidade, mas para ela não foi assim. Descobre que o marido tem uma amante, Lívia, sua ex-noiva que estava também grávida. Com o tempo ocorre a separação entre Joana e o marido.

Em meio aos acontecimentos observa-se a todo o momento o fluxo de consciência, uma procura constante em descobrir e encontrar a razão de ser de sua existência. O contexto mostra a situação do universo feminino da mulher-esposa, da relação do “eu” e do “outro” ou da relação menina-mulher-amante.

O tempo passa e ela tem um caso com um desconhecido. O homem surgiu estranhamente e também partiu estranhamente. Com a desilusão Joana resolve fazer uma viagem sem destino e não definida, objetivo procurar seu resgate pessoal. A história chega a ser um enigma da vida.

No decorrer de todo o livro mostra o conflito entre morte e vida, bem e mal, amor e ódio, a crise do indivíduo. A busca por algo aparentemente exterior e descobrindo que é a procura do autoconhecimento.

“Perto do coração selvagem” é um dos primeiros romances de Clarice Lispector; romance inovador e renovado, isso por quebrar com a ordem cronológica de início-meio-fim. Deve-se ler obra com um olhar e atitude usada na ciência da anatomia: utilizar o bisturi para dissecar e pinça para estudar e entender os vários personagens como órgãos autônomos, que em momentos se entrelaçam por estranhas ligações, a personagem Joana é o cérebro da trama.

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