Segundo Reinado

O Segundo Reinado corresponde ao período de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889, em que o Brasil esteve sob reinado de D. Pedro II (1825-1891).

Foi caracterizado como um período de relativa paz entre as províncias brasileiras, a abolição gradual da escravidão e a Guerra do Paraguai.

Este período histórico se encerrou com o golpe republicano em 15 de novembro de 1889.

Resumo

D. Pedro II se torna imperador com 15 anos de idade, um ano após ter sido declarado maior de idade, com 14 anos. Esta foi a forma encontrada pelo Partido Liberal para acabar com o governo regencial, que era provavelmente o causador das rebeliões que se passavam no Brasil.

A antecipação da sua maioridade é conhecida como o golpe da maioridade.

Política

Nessa época surgem os primeiros partidos políticos no Brasil:

  • o Partido Liberal, cujos membros eram conhecidos como os “luzia”;
  • o Partido Conservador, cujos membros eram conhecidos como os “saquarema”.

A rigor, ambos os partidos defendiam as ideias de elite, como a manutenção da escravidão. Somente se diferiam em relação ao poder central, com os liberais lutando por mais autonomia provincial e os conservadores por mais centralização.

Por causa da abdicação do seu pai, D. Pedro II sentiu a necessidade de mudar forma de governo. Seguindo, assim, ao sistema que tem origem na Inglaterra, em 1847 é implantado o parlamentarismo no Brasil.

Este sistema ficou conhecido como parlamentarismo às avessas dado que o Presidente de Conselho era escolhido de uma lista de tripla pelo imperador e não necessariamente era o candidato mais votado, como na Inglaterra. O imperador também detinha o Poder Moderador, mas este foi usado poucas vezes pelo soberano.

Comparado ao período regencial (1831-1840), não houve muitos conflitos internos durante o Segundo Reinado. No entanto, entre as revoltas que sacudiram o país podemos citar:

  • a Revolução Praieira, de 1848-1850, em Pernambuco,
  • a Revolta dos Muckers, no Rio Grande do Sul, em 1873-1874
  • a Revolta dos Quebra-Quilos, na região nordeste, em 1872-1877.

Economia

Aspecto da Fazenda Arvoredo, em Barra do Piraí (RJ), produtora de café

Nessa época, as excelentes condições de plantio no Vale do Paraíba alavancaram a produção e a exportação do café.

O Brasil começou a exportar mais do que a importar e a procura pelo café era tão grande que havia necessidade de aumentar a mão de obra. Por isso, os fazendeiros de café viam com maus olhos as tentativas de qualquer lei que favorecesse a abolição da escravidão.

A fim de se proteger, os latifundiários apoiam a vinda de imigrantes, especialmente italianos, para trabalharem nos cafezais.

Em decorrência do crescimento da exportação de café são construídas as primeiras ferrovias e formaram-se muitas cidades. Os portos de Santos e Rio de Janeiro prosperam.

Nessa época começam a ser montadas as primeiras fábricas no Brasil, ainda que de forma isolada e em grande parte devido ao trabalho do Barão de Mauá.

VEJA TAMBÉM: Ciclo do Café

Abolicionismo

Essa época é crucial para o processo de abolição escravos, pois surgem diversas sociedades e jornais contra esta prática.

Os escravos se mobilizam através dos quilombos e irmandades religiosas, mas também solicitam sua liberdade na Justiça.

Para controlar o fim do trabalho escravo, o governo promulga leis contra a escravatura, levando, finalmente, à abolição em 1888:

  • Lei Eusébio de Queirós (1850);
  • Lei do Ventre Livre (1871);
  • Lei dos Sexagenários (1887);
  • Lei Áurea (1888).

Política Exterior

Detalhe do quadro "Batalha do Avaí", de Pedro Américo, mostrando o Duque de Caxias

No plano internacional, o Brasil se envolveu em atritos com os seus vizinhos, especialmente na região do Prata.

Em resposta à invasão do Rio Grande do Sul, o governo imperial declara guerra ao ditador paraguaio Solano López (1827-1870), no episódio conhecido como Guerra do Paraguai.

Da mesma maneira, o governo viu-se implicado na Questão Christie (1863-1865) quando houve incidentes com cidadãos britânicos em solo brasileiro. É importante lembrar que os súditos britânicos não eram julgados pelos tribunais brasileiros se cometessem algum delito no Império do Brasil.

A Questão Christie começou com um altercado entre marinheiros e oficiais britânicos no Rio de Janeiro e pela invasão e confisco de cinco barcos no porto do Rio de Janeiro, por uma fragata britânica.

O governo brasileiro pediu que os responsáveis respondessem judicialmente no país e fosse paga uma indenização. Diante da recusa, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Reino Unido por dois anos.

Proclamação da República

Ao longo do seu governo, D. Pedro II se contrapôs com a igreja, com os militares e com a elite. Tudo isso foi retirando o apoio das figuras importantes do país ao trono.

Alguns episódios direcionaram os acontecimentos para um golpe militar. São exemplos a exigência de que a igreja não acatasse as ordens papais, sem antes ter sido aprovada pelo imperador, no que passou à História como a Questão Religiosa.

No entanto, foi a desvalorização dos militares e o fim da escravatura que mais incomodaram as elites e forçaram sua deposição.

Os militares reclamavam mais reconhecimento, aumento de salário e promoções que não eram realizadas. Tudo isso fez com que alguns oficiais aderissem aos ideais republicanos.

Igualmente, a elite latifundiária não pôde suportar a ideia da abolição da escravidão.

Assim República é proclamada, sem participação popular, no dia 15 de novembro de 1889 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o qual foi o primeiro presidente do Brasil.

VEJA TAMBÉM: Proclamação da República Leia mais:

  • Monarquia
  • Período Regencial
  • República Velha
Juliana BezerraBacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
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