Antífrase

Leia os períodos a seguir:

“Parabéns pela sua grande ideia: conseguiu arruinar todo meu trabalho!”

“Veja que bela ação você realizou: derramou café no meu vestido novo!”

Observe que as expressões destacadas transmitem um sentido oposto às orações que se seguem, adquirindo no contexto significado contrário ao sentido habitual. A essa figura de linguagem denominamos antífrase ou ironia. Em sentido amplo, é uma figura de expressão que visa a ridicularização ou à sátira.

Segundo Pires, existem três tipos de ironia:

- asteísmo: quando louva;

- sarcasmo: quando zomba;

- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erradas, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de termos ofensivos.

Veja exemplos na literatura:

“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”. (Monteiro Lobato)

“Moça linda bem tratada,

três séculos de família,

burra como uma porta:

um amor!

(Mário de Andrade)

Exemplo em textos falados:

“Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo o que estava gravado?”

“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever com o dedo.”

“João é tão experto que travou o carro com a chave dentro.”

O contexto é de fundamental importância para a compreensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala foi produzida e a entonação do falante, determinamos em que sentido as palavras estão empregadas. Veja estes exemplos:

1. “Oi, Victor. Você está em forma, hein?”

2. “Meus parabéns pelo seu belo serviço!”

As duas frases só  podem compreendidas ironicamente se levarmos em conta os seguintes contextos:

Frase 1 – Victor, com seu 1,75m, está pesando atualmente 45 kilos.

Frase 2 – A pessoa elogiada é uma criança que, de posse de um giz de cera azul, rabiscou uma parede recém pintada.

Não seria necessário saber o contexto da frase 1, se a reformularmos da seguinte maneira:

“Oi, Victor! Você está em forma de cenoura, hein?”

Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem que afirma o contrário do que se quer dizer.

REFERÊNCIAS: MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8ed. São Paulo, Saraiva, 2005, p. 560. PIRES, Orlando. Manual de Teoria e Técnica Literária. Rio de Janeiro, Presença, 1981, p. 102. SAVIOLE, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, 407. TUFANO, Douglas. Estudos de Língua Portuguesa – Minigramática. São Paulo, Moderna, 2007.

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