O reino animal apresenta uma grande diversidade de formas nas quais os seres vivos se alimentam. Normalmente, os animais são classificados pelo tipo de alimento que ingerem, sendo divididos basicamente em carnívoros, onívoros e herbívoros.
Os carnívoros são aqueles que se alimentam estritamente de partes de outros animais ou de seus corpos inteiros. Os carnívoros podem ser generalistas e predar muitas espécies distintas ou especialistas, consumindo apenas a carne de um grupo de animais, como animais carnívoros insetívoros que consomem apenas insetos. O hábito carnívoro também se estende aos hematófagos, que se alimentam apenas de sangue, uma vez que consomem um fluido corporal pertencente a outro animal.
Devido ao seu comportamento predatório, os carnívoros podem desenvolver características corporais singulares que os identificam, tais como garras e presas grandes e afiadas. Ecologicamente os carnívoros desempenham um papel essencial no controle populacional de suas presas, evitando que as mesmas desenvolvam populações exageradamente numerosas que podem exaurir o suprimento de recursos.
Os animais que se alimentam de partes vegetais são definidos como herbívoros. Este grupo de animais pode consumir desde líquidos produzidos por plantas, como seiva e exsudados, como também folhas, flores, frutos, sementes, néctar e pólen. Os herbívoros também apresentam adaptações anatômicas relacionadas à sua alimentação, tais como a presença de grandes dentes incisivos e molares para triturar as partes vegetais e grandes estômagos com subdivisões.
Herbívoros ruminantes, por exemplo, regurgitam parte do alimento digerido para realizar novamente sua mastigação, absorvendo de forma otimizada os nutrientes de tecidos vegetais que não são muito nutritivos. Devido a alta demanda energética associada ao alimento pouco calórico, os herbívoros podem gastar muitas horas de seu dia se alimentando a fim de atingir a saciedade.
O hábito alimentar que inclui elementos vegetais e animais na dieta caracteriza os onívoros. Estes animais oportunistas consomem uma variedade muito grande de itens, tornando-os muito adaptáveis, o que permite que os onívoros sejam bem-sucedidos em sobreviver até mesmo em habitats extremos, como desertos e nos polos. O ser humano e outros mamíferos exemplificam bem a anatomia de um onívoro, apresentando uma dentição diversificada que inclui incisivos e molares (típicos de herbívoros) e também caninos (usados por carnívoros para rasgar as presas). A diversidade nutricional dos onívoros permite que eles se saciem e se nutram com uma mistura de componentes que podem variar ao longo das estações, logo, eles dificilmente passam fome.
Uma categoria especial de classificação alimentar animal diferencia os detritívoros, que podem se alimentar de fezes (coprofagia), matéria orgânica (de origem vegetal ou animal) em decomposição (saprofagia) e substâncias inorgânicas do solo (geofagia).
Um outro modo de classificar os animais seria pelo modo que ingerem seu alimento. Alguns animais liberam enzimas digestivos sobre seu alimento e sugam o material pré-digerido, como as aranhas. Outros animais, principalmente muitos organismos marinhos, são filtradores, obtendo nutrientes das partículas suspensas no meio ambiente.
Acredita-se que os hábitos dietéticos dos animais tenham uma ancestralidade comum carnívora e que muitos ramos atuais da filogenia animal têm mantido o modo carnívoro através de milhões de anos. Estudos filogenéticos recentes utilizando dados de mais de 1000 táxons animais mostram que carnívoros são a classificação alimentar mais distribuída no reino animal, seguida pela herbivoria em menos de 35% das espécies avaliadas. Os onívoros são relativamente raros, englobando menos de 5% de todos os grupos avaliados, compreendendo uma condição muito derivada, incomum por representar um estado intermediário entre o investimento evolutivo nas especializações para os hábitos carnívoros ou herbívoros.
Referências:
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Christiansen, P. and Wroe, S., 2007. Bite forces and evolutionary adaptations to feeding ecology in carnivores. Ecology, 88(2), pp.347-358.
Henneberg, M., Sarafis, V. and Mathers, K., 1998. Human adaptations to meat eating. Human Evolution, 13(3), pp.229-234.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/classificacao-dos-animais-quanto-a-alimentacao/
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