Líquido amniótico

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Alguns vertebrados formam um clado conhecido como Amniota, que agrupa os animais cujo desenvolvimento embrionário apresenta membranas diferenciadas, como o âmnio. Em répteis, aves e mamíferos, o âmnio forma uma cavidade conhecida como bolsa amniótica que recobre seu feto (seja no ovo ou no útero). Esta cavidade é preenchida pelo líquido amniótico, que possui algumas funções essenciais, como proteção mecânica e meio de troca de nutrientes e água.

Formação

O líquido amniótico se forma a partir do plasma materno, por isso inicialmente sua composição é de água e alguns eletrólitos. Ele atravessa as membranas que recobrem o feto por osmose, sendo constantemente absorvido pela pele do feto. Conforme o metabolismo fetal se torna mais complexo, depois de um período de desenvolvimento e maturação, o líquido amniótico passa a conter também proteínas, lipídeos e carboidratos. Outro componente majoritário deste líquido é a ureia proveniente do feto, presente apenas quando as funções renais do mesmo começam a funcionar efetivamente. Nos estágios finais de desenvolvimento, quando ocorre queratinização da pele, o líquido amniótico passa a ser absorvido exclusivamente pelo sistema digestivo.

Em humanos, o líquido amniótico pode ser monitorado para o controle da saúde e crescimento fetal conforme padrões esperados. Seu volume apresenta flutuações nas doze primeiras semanas de gestação associadas ao crescimento inicial do embrião e sua taxa irregular de absorção do líquido, que pode variar de 25 a 40 mL. Após a décima oitava semana de gestação espera-se que o volume de fluido amniótico atinja valores bem mais elevados, em torno de 400 a 500 mL, chegando ao pico de 850 mL no sétimo mês da gravidez. Neste período o feto está praticamente formado, fazendo com que não haja mais relação direta entre seu crescimento e o volume de líquido na bolsa amniótica (que pode aumentar ou reduzir sem que necessariamente esteja ocorrendo algum problema).

Aumento da quantidade de líquido amniótico

Em alguns casos, como na diabetes gestacional, ocorre o aumento excessivo do líquido amniótico após 28 semanas de gravidez. Esta condição é conhecida como polidrâmnio e não costuma ser relacionada a problemas severos, apesar de se recomendar repouso para as gestantes e, nos casos em que se acumula vários litros de líquido amniótico, pode ser administrado algum medicamento de controle da urina fetal.

Redução da quantidade de líquido amniótico

No cenário oposto, em que é detectada a redução do líquido amniótico para níveis anormais em relação ao estágio de gestação, precisa ser investigado um possível rompimento da bolsa amniótica, quadro mais grave que precisa de supervisão médica constante. Neste caso, a grávida pode ser internada para receber a devida hidratação (soro intravenoso) e tratamento com antibióticos a fim de restaurar a condição amniótica ideal. Em ambos os casos (aumento ou redução) o líquido amniótico pode ser coletado através de um procedimento conhecido como amniocentese, um exame invasivo que envolve a perfuração da bolsa amniótica com uma longa agulha, permitindo investigar diversos fatores embrionários, como o desenvolvimento pulmonar, a presença de infecções ou a realização de diagnósticos genéticos sobre o feto.

Funções

Estudos mostram que o líquido amniótico é essencial para o desenvolvimento de diversas funções do feto. Quando ingerido, além de nutrir as células, ele poderá auxiliar no estabelecimento da função renal e no bom-funcionamento do trato gastrointestinal do embrião. Além disso, o meio líquido permite a livre movimentação do feto, que exercita seu sistema muscular e esquelético, contribuindo para seu desenvolvimento esperado. Até mesmo na respiração, que é desempenhada através da placenta, o líquido amniótico tem um efeito indireto. Ao preencher os pulmões em formação, ele causa movimentos fetais de respiração que auxiliam no crescimento dos pulmões e até mesmo nas regulações neurológicas envolvidas nesta função.

Referências:

Mamede, A.C., Carvalho, M.J., Abrantes, A.M., Laranjo, M., Maia, C.J. and Botelho, M.F., 2012. Amniotic membrane: from structure and functions to clinical applications. Cell and tissue research, 349(2), pp.447-458.

Locatelli, A., Zagarella, A., Toso, L., Assi, F., Ghidini, A. and Biffi, A., 2004. Serial assessment of amniotic fluid index in uncomplicated term pregnancies: prognostic value of amniotic fluid reduction. The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, 15(4), pp.233-236.

Harman, C.R., 2008, August. Amniotic fluid abnormalities. In Seminars in perinatology (Vol. 32, No. 4, pp. 288-294). WB Saunders.

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