O sistema ambulacrário é um mecanismo hidrovascular envolvido na locomoção, transporte de gases, excreção e alimentação encontrado no interior do corpo de diversos animais do filo Echinodermata. Anatomicamente o sistema ambulacrário varia em cada classe de equinodermo, mas de forma comum a todos ele faz parte da cavidade celômica e tem associação intima com a forma física destes animais e suas funções fisiológicas.
De modo geral, este sistema é composto por uma série de canais interconectados que apresentam ampolas na superfície corporal. Além disso, este sistema é conectado a pés ambulacrais que auxiliam na movimentação dos equinodermos através do preenchimento destes canais tubulares com água por contrações musculares, utilizando a pressão da água para movimentar seus corpos. Depois que a musculatura se relaxa, os pés ambulacrais retraem, expelindo a água do interior do corpo.
Em ouriços o sistema ambulacrário conta com a placa madrepórica de calcário na porção superior do corpo, próxima ao ânus. Esta placa atua como uma válvula equalizadora de pressão, permitindo a entrada de água externa para o canal pétreo, que direciona o fluxo até o canal circular localizado ao redor do esôfago, na parte inferior do corpo dos ouriços. Desta estrutura, o fluxo segue para cinco canais radiais que percorrem todo o celoma. Na proximidade do exoesqueleto estes tubos se diferenciam em canais laterais menores ligados a ampolas, que são estruturas em formato de pera que se conectam aos pés ambulacrais. É nas ampolas que a pressão de água gera a retração e contração que permite o movimento dos ouriços. Importante ressaltar que nos ouriços os pés ambulacrários podem ser modificados em espinhos e até mesmo estruturas tentaculares que atuam na limpeza e excreção.
Nas estrelas-do-mar, o sistema hidrovascular é mais facilmente compreensível. No corpo das estrelas-do-mar fica o canal circular conectado ao tubo pétreo e a placa madrepórica (vista na parte oposta à boca). Este tubo em formato de círculo tem cinco ramificações radiais que se estendem por cada perna da estrela. Ao longo de todo o canal radial há a saída de pares de túbulos laterais conectados as ampolas. Deste modo, os pés ambulacrais tubulares se concentram em toda a extensão dos braços, observáveis pela vista oral do animal. Apesar de funcionar com a pressão do fluxo de água, este sistema não favorece movimentos rápidos e conforme a água é expelida também ocorre o equilíbrio osmótico do corpo com o meio ambiente (expelindo sais).
No caso dos pepinos-do-mar, o sistema ambulacral não é preenchido por água marinha, mas sim líquido celomático. Isto porque nestes animais a placa madrepórica não se conecta com o meio externo, limitando todo o sistema ao interior do corpo. A maior parte das estruturas (placa madrepórica, canal circular e pétreo) ficam localizadas próximas a faringe, na parte anterior do corpo. Os tubos radiais saem deste local e percorrem toda a extensão corporal, se subdividindo em canais laterais e ampolas conectadas aos pés ambulacrários e a tentáculos orais.
Os lírios-do-mar e todos os demais membros da classe Crinoidea são os únicos equinodermos sem placa madrepórica em seu sistema hidrovascular. Ao invés desta estrutura, encontramos perfurações afuniladas dotadas de cílios que controlam a entrada e saída de água no corpo. Existem diversos canais pétreos ao invés de apenas um, ligados ao canal circular, mas se abrindo na cavidade celomática, preenchendo o corpo do animal. Os canais radiais preenchem os braços (saídos do canal circular) e se ramificam em túbulos minúsculos por todos os tentáculos, sem que se formem as ampolas. No caso dos lírios-do-mar, a pressão de água é mantida pela contração de músculos ligados ao canal circular, ao invés do controle nas ampolas como os demais equinodermos.
Por fim, nas estrelas-serpente (classe Ophiuroidea) o sistema ambulacrário é similar ao das estrelas-do-mar com a alteração da posição da placa madrepórica, que fica próxima a boca, a conexão dos canais radiais nas placas ósseas dos braços e a substituição das ampolas por válvulas simples ligadas a cada pé ambulacral.
Referências:
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Byrne, M.A.R.I.A., 2001. The morphology of autotomy structures in the sea cucumber Eupentacta quinquesemita before and during evisceration. Journal of Experimental Biology, 204(5), pp.849-863.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/sistema-ambulacrario/
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