Desde os primórdios da humanidade, o homem já possuía a necessidade de se comunicar. Mesmo não existindo a exata formação das palavras como atualmente, eles emitiam sons vocálicos que demonstravam seu modo de ver o mundo físico, como também expressavam suas sensações: fome, medo, insegurança, tristeza. Desta maneira, a língua(gem) não é fruto de pesquisa de longos anos. O indivíduo já nasce com esse instinto e habilidade racional. É a posse da língua(gem) o que mais claramente distingue o homem dos outros seres.
A linguagem verbal, entretanto, passou a ser desenvolvida a partir do momento em que o homem julgou necessário criar uma expressão sonora que representasse o próprio elemento. Os nomes têm essa missão: nomear os seres. Assim, ao pronunciarmos a palavra fogo, imaginamos automaticamente a imagem a que se reporta essa palavra, devido ela pertencer ao campo natural. Contudo, a expressão “Eu te odeio”, não permite essa mesma “mentalização”, em virtude da palavra não poder ser representada no campo natural. Por isso, o homem precisou moldá-la na forma de linguagem verbal.
Muitas palavras trazem uma carga de conhecimentos históricos que se acoplam ao seu significado, moldando, às vezes, de tal maneira o seu sentido que elas passam a ter um cunho preconceituoso, pejorativo. É preciso um cuidado maior, para que o falante não seja o responsável pela perpetuação do preconceito. A língua é um produto da cultura, também é um instrumento de manifestação dela, que se adapta ao meio e se modifica, conforme variem as necessidades e as condições de seus falantes.
A língua(gem) é interação, visto que proporciona ao indivíduo a possibilidade de exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. É independente de estímulo: não necessita de alguém para ativá-la.
Desta forma, compreende-se que a língua(gem) é uma atividade essencialmente humana, histórica e social. Se bem conduzida, pode ser uma aliada na luta contra os preconceitos sociais, pois é a partir de seu uso que observamos, compreendemos e interagimos com o mundo natural.
FontesMURRIE, Zuleika de Felice. Universos da palavra: da alfabetização à literatura. São Paulo, Iglu, 1995, p. 13-24.
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