Defaunação é o termo usado para a diminuição ou perda rápida e massiva de espécies de fauna, o que implica mudanças em toda estrutura dos ecossistemas.
Hoje, a perda de fauna é tão assustadora e impactante como a perda de cobertura vegetal, porém não é tão nítido como uma imagem de desmatamento, que nos mostra o alcance das perdas.
Extinções em massa são eventos que ocorreram ao longo da história da vida no planeta Terra. Elas acontecem naturalmente após catástrofes como glaciação, erupção de vulcão, terremotos, meteoros, entre outras. Já tivemos uma fauna mais diversa em outras eras, do que atualmente, por exemplo. Mas a grande questão, é que isso vem acontecendo por ações humanas (como o desmatamento, perda de habitat, a caça ilegal de animais, poluição, etc), em alta velocidade, provocando muitas extinções.
A defaunação não é apenas a extinção de espécies, mas também, quando a perda de fauna provoca mudanças em seus parâmetros, como biomassa, composição e abundância.
A falta de uma população, ou uma espécie como um todo, tem consequências nos ecossistemas e em toda biodiversidade. Além de provocar um efeito cascata, a defaunação preocupa pela a perda de serviços ambientais prestados, como dispersão de sementes, polinização, oferta de alimento, controle de pragas e doenças, etc.
A dispersão de sementes é realizada de diferentes formas, a principal delas é por animais (zoocoria). Muitos mamíferos, aves e répteis possuem um papel importante no ciclo de vida da flora, como animais dispersores. Quanto maior o animal, maior o fruto que ele se alimenta e maior a semente que ele pode carregar para longe da planta mãe. Um dos principais alvos da destruição e fragmentação de habitat e da caça ilegal são os grandes herbívoros. A falta destes animais tem impacto na manutenção, composição e dinâmica das florestas, causando verdadeiros desequilíbrios no ecossistema.
Um fator que vem sendo muito discutido por estudiosos ambientalistas é o quanto a morte de grandes frugívoros tem implicado na diminuição de estoque de carbono nas florestas. Árvores grandes (de frutos maiores) e/ou mais robustas, estocam mais carbono e constituem maior biomassa na vegetação. Porém, a falta de fauna que se alimenta de seus frutos, muda a composição florística e faz com que se diminua a biomassa da flora, consequentemente haverá menos carbono incorporado nas florestas.
A morte de grandes predadores leva ao aumento de suas presas, ou seja, maior quantidade de herbívoros. Consequentemente, mais plantas serão predadas e um desequilíbrio é causado ao ecossistema.
Animais insetívoros controlam grandes populações de inseto e até mesmo de pragas. Um morcego pode comer milhares de insetos em uma única noite. Aves, sapos, rãs e pererecas também são exemplos de animais que contribuem para o controle de insetos, que podem virar pragas, destruindo vegetações, ou transmitindo doenças. Em ambientes alterados, podemos ver a falta de grupos de insetívoros, com muitas folhas predadas. Árvores com muitos ataques de insetos herbívoros, têm atividade fotossintética comprometida, alterando todo os seus sistemas.
Os animais polinizadores não só contribuem para a reprodução das plantas com flores, como também, para o aumento da variabilidade genética delas. A fauna polinizadora possui papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Grande parte desta fauna é de invertebrados e este não é um grupo muito estudado. Isso significa que pouco sabemos sobre o tanto que já perdemos na diversidade destes animais e o quanto os impactamos. Um bom exemplo do lado negativo das ações humanas é sobre as abelhas. Uma planta visitada por este animal tem aumentada a quantidade e a qualidade de seus frutos. A morte das abelhas causa impacto não apenas nas florestas nativas, como na agricultura, que tem 75% de sua polinização feita por elas. A morte das abelhas terá consequências graves para os ecossistemas e para economia.
Além do que discorremos neste artigo, muitos estudos vêm sendo feitos na busca de identificar a dimensão das consequências da defaunação para nossos ecossistemas e na vida do homem.
Referências:
ROCHA-MENDES, F. 2010. Efeitos da defaunação na herbivoria, pisoteio de plântulas, remoção e predação de sementes na floresta Atlântica. 2010. Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP Rio Claro, Rio Claro.
HORTENCI, Luana. Defaunação e efeitos-cascata sobre a diversidade vegetal em uma ilha semi-defaunada na Floresta Atlântica. 2012. 74 f. Dissertação - (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2012. Disponível em:
BELLO, Carolina et al. Defaunation affects carbon storage in tropical forests. Science advances, v. 1, n. 11, p. e1501105, 2015.
Pizo, M.A. & GALETTI, M. 2010. Métodos e perspectivas do estudo da frugivoria e dispersão de sementes por aves. In Ornitologia e conservação: ciência aplicada, técnicas de pesquisa e levantamento (Accordi, I., Straube, F.C & Von Matter, S. orgs). Technical Books Rio de Janeiro, p. 492-504.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-40220606
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/119178/galbiati_la_tcc_rcla.pdf?sequence=1
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.