História Moderna

Tradicionalmente, o período histórico conhecido como Idade ou História Moderna é delimitado como tendo ocorrido após a queda da cidade de Constantinopla perante os turcos otomanos, em maio de 1453, e antes da tomada da prisão de Bastilha por populares no início da Revolução Francesa, em julho de 1789.

Entre outros acontecimentos célebres deste período, destacam-se especialmente o fim da série de confrontos entre França e Inglaterra chamada de Guerra dos Cem Anos, em 1453; a chegada do navegador genovês Cristóvão Colombo à América, em 1492; a descoberta oficial do Brasil pelo fidalgo português Pedro Álvares Cabral, em 1500; a publicação das 95 Teses pelo monge alemão Martinho Lutero e o início da Reforma Protestante, em 1517; o rompimento da Inglaterra com a Igreja Católica Romana e a fundação da Igreja Anglicana pelo Rei Henrique VIII na sequência da tentativa de seu divórcio com sua rainha de origem espanhola, Catarina de Aragão, em 1534; as Guerras da Religião francesas entre católicos e huguenotes, entre 1562 e 1598; a Revolução Inglesa, que derrubou e executou o monarca Carlos I, em 1642; a Revolução Gloriosa, que depôs Jaime II e acabou com o absolutismo monárquico em terras britânicas, em 1688; e a Revolução Americana, em 1776, que instaurou a independência das 13 Colônias americanas.

Vendo tantos eventos marcantes do período, ocorridos especialmente durante o século XVI, podemos compreender o motivo pelo qual há muito é debatido na historiografia o motivo pelo qual é a queda de Constantinopla o marco que separa de maneira tradicional o período da Idade Média do da Era Moderna, e não nenhum outro acontecimento ocorrido antes ou depois. Neste sentido, alguns estudiosos, como o historiador francês Emmanuel Le Roy Ladurie, questionaram o próprio ato de periodização da história, visto como meramente subjetivo; alguns, como o acadêmico francês Jacques Le Goff, defendem mesmo que a Idade Média teria durado até meados do século XVIII, uma vez que os onze séculos anteriores teriam entre si muito mais semelhanças do que novidades, em especial nas áreas social e econômica. Tal ideia é conhecida como “longa Idade Média”, que teria se encerrado apenas na Revolução Industrial – que, de fato, teria marcado uma alteração substancial na vida da maior parte da população, não se constituindo em apenas uma demarcação cronológica. Outra polêmica no que se refere à História Moderna se refere justamente a isso: algumas correntes historiográficas inglesas sequer trabalham com o conceito de Idade Moderna, preferindo o de Tempos Modernos e dividindo as sociedades do período em pré-industriais e industriais. Já a influente corrente histórica marxista, por sua vez, compreende que o que a cronologia tradicional vê como a Era Contemporânea é, em realidade, a Era Moderna, tendo a Idade Média terminado apenas com a derrubada dos últimos soberanos absolutistas no século XVIII.

Em meio a tantas controvérsias, a visão mais consensual da Idade Moderna está mesmo em analisá-la como uma época de transição entre sociedade feudal e a capitalista, cronologicamente situada entre o início da degradação das estruturas sócio-econômicas típicas da Idade Média - ocorrida no século XV - e o fim efetivo da Revolução Francesa com a derrota final napoleônica - evento que data de 1815. Este período em geral seria marcado principalmente por conflitos e reformas de cunho religioso, pela formação de diversos impérios coloniais pelas nações europeias e por um forte desenvolvimento artístico-científico. Em geral, o crescimento da burocracia, a atuação de mercenários militares e o desenvolvimento da diplomacia durante a época do Renascimento cultural e comercial, entre os séculos XIV e XVI, anteciparam uma tendência que se consolidaria durante o Absolutismo do século XVII, o que por sua vez possibilitaria a fortificação das monarquias nacionais europeias, num processo iniciado ainda durante o período medieval. Inaugurada por estes acontecimentos, a ascensão da burguesia acabaria por possibilitar o movimento iluminista no século XVIII e a Revolução Francesa que ocorreria em seu rastro, já no final do século. Assim, seria inaugurada uma nova estrutura política que marcaria o século XIX e possibilitaria a sociedade em que vivemos hoje.

Bibliografia:

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2005.

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI, Reinaldo. “Soberania e Estado Nacional”. In: História: volume único. São Paulo: Ática, 2005. pp. 129-157.

SOUZA, Laura de Mello e. “Idade Média e Época Moderna: Fronteiras e Problemas.” In: Signum. Revista da Abrem – Associação Brasileira de Estudos Medievais. Número 7, 2005. pp. 223-248.

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