Sinais de pontuação são recursos prosódicos que conferem às orações ritmo, entoação e pausa, bem como indicam limites sintáticos e unidades de sentido. Na escrita, substituem, em parte, o papel desempenhado pelos gestos na fala, garantindo coesão, coerência e boa compreensão da informação transmitida.
Confira abaixo os dez sinais de pontuação utilizados na nossa língua, assim como as situações em que devem ser empregados, seguidas de exemplos.
O ponto pode ser utilizado para:
a) Indicar o final de uma frase declarativa:
Acho que Pedro está gostando de você.
b) Separar períodos:
Ela vai estudar mais tempo. Ainda é cedo.
c) Abreviar palavras:
V. Ex.ª (Vossa excelência)
Deve ser utilizado com as seguintes finalidades:
a) Iniciar fala de personagens:
Ela gritou: – Vá embora!
b) Anteceder apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem ideias anteriores.
Esse é o problema dessa geração: tem liberdade, mas não tem responsabilidade.
Anote meu número de telefone: 863820847.
c) Anteceder citação direta:
É como disse Platão: “De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar.”
Usa-se para:
a) Indicar dúvidas ou hesitação:
Sabe... preciso confessar uma coisa: naquela viagem gastei todas as minhas economias.
b) Interromper uma frase incompleta sintaticamente:
Talvez se você pedisse com jeitinho...
c) Concluir uma frase gramaticalmente incompleta com a intenção de estender a reflexão:
Pedofilia, estupros, assassinatos, pessoas sem ter onde morar, escândalos ligados à corrupção... assim caminha a humanidade.
d) Suprimir palavras em uma transcrição:
“O Cristo não pediu muita coisa. (...) Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.” (Chico Xavier)
Os parênteses são usados para:
a) Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo, datas e, também, podem substituir a vírgula ou o travessão:
Rosa Luxemburgo nasceu em Zamosc (1871).
Numa linda tarde primaveril (meu caçula era um bebê nessa época), ele veio nos visitar pela última vez.
Em que situações utilizar:
a) Após vocativo:
Juliana, bom dia!
b) Final de frases imperativas:
Fuja!
c) Após interjeição:
Ufa! Graças a Deus!
d) Após palavras ou frases de caráter emotivo, expressivo:
Que lástima!
Quando utilizar:
a) Em perguntas diretas:
Quando você chegou?
b) Às vezes, pode ser utilizada junto com o ponto de exclamação para enfatizar o enunciado:
Não acredito, é sério?!
Esse é o sinal de pontuação que exerce o maior número de funções, por isso aparece em várias situações. A vírgula marca pausas no enunciado, indicando que os termos por ela separados não formam uma unidade sintática, apesar de estarem na mesma oração.
A seguir confira as situações em que se deve utilizar vírgula.
a) Separar o vocativo:
Marília, vá à padaria comprar pães para o lanche.
b) Separar apostos:
Camila, minha filha caçula, presenteou-me com este relógio.
c) Separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado:
Os políticos, muitas vezes, visam somente os próprios interesses.
d) Separar elementos de uma enumeração:
Meus bolos prediletos são os de chocolate, coco, doce de leite e nata com morangos.
e) Isolar expressões explicativas:
Faça um bolo de chocolate, ou melhor, de chocolate e morangos.
f) Separar conjunções intercaladas:
Os deputados não explicaram, porém, o porquê de tantas faltas.
g) Separar o complemento pleonástico antecipado:
Havia no rosto dela ódio, uma ira, uma raiva que não possuía justificativa.
h) Isolar o nome do lugar na indicação de datas:
São Paulo, 10 de Dezembro de 2016.
i) Separar termos coordenados assindéticos:
Vim, vi, venci. (Júlio César)
j) Marcar a omissão de um termo:
Maria gosta de praticar esportes, e eu, de comer. (omissão do verbo gostar)
Antes da conjunção, como nos casos abaixo:
k) Quando as orações coordenadas possuem sujeitos diferentes:
Os políticos estão cada vez mais ricos, e seus eleitores, cada vez mais pobres.
l) Quando a conjunção “e” repete-se com o objetivo de enfatizar alguma ideia (polissíndeto):
Eu alerto, e brigo, e repito, e faço de tudo para ela perceber que está errada, porém nunca me escuta.
m) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” assume valores distintos que não retratam sentido de adição (adversidade, consequência, por):
Teve febre a noite toda, e ainda está muito fraca.
Entre orações:
n) Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas:
Amélia, que não se parece em nada com a Amélia da canção, não suportou seu jeito grosseiro e mandão.
o) Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
Pediu muito, mas não conseguiu convencer-lhe.
p) Para separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal:
A casa, tão cara que ela desistiu da compra, hoje está entregue às baratas.
q) Para separar as orações intercaladas:
Ficou doente, creio eu, por conta da chuva de ontem.
r) Para separar as orações substantivas antepostas à principal:
Quando me formarei, ainda não sei.
a) Utiliza-se ponto e vírgula para separar os itens de uma sequência de outros itens:
Para preparar o bolo vamos precisar dos seguintes ingredientes:
1 xícara de trigo; 4 ovos; 1 xícara de leite; 1 xícara de açúcar; 1 colher de fermento.
b) Utilizamos ponto e vírgula, também, para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso." (O Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)
O travessão deve ser utilizado para os seguintes fins:
a) Iniciar a fala de um personagem no discurso direto:
Então ela disse:
— Gostaria que fosse possível fazer a viagem antes de Outubro.
b) Indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
— Querido, você já lavou a louça? — Sim, já comecei a secar, inclusive.
c) Unir grupos de palavras que indicam itinerários:
O descaso do poder público com relação à rodovia Belém—Brasília é decepcionante.
d) Substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
Dizem que Elvis — o rei do rock — na verdade, detestava atuar.
As aspas são utilizadas com os seguintes objetivos:
a) Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares:
A aula do professor foi “irada”.
Ele me pediu um “feedback” da resposta do cliente.
b) Indicar uma citação direta:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala.” (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
Observação: Quando houver necessidade de utilizar aspas dentro de uma sentença onde ela já esteja presente, usa-se a marcação simples ('), não dupla (").
Bibliografia:
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2009. 696 p.
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