Os tempos verbais se formam a partir da consideração do momento da enunciação: referem-se ao momento em que se fala (presente); a um momento anterior ao da fala (passado ou pretérito); ou a um momento posterior ao momento em que se fala (futuro). Assim, no que se refere ao presente, o momento do evento corresponde ao momento da enunciação.
Quando os verbos são empregados no tempo presente do modo indicativo, eles exprimem, portanto, um fato cuja ocorrência coincide com o momento em que se fala e é tido como certa, positiva, conforme pretende demonstrar a atitude do falante.
No presente do indicativo, os verbos seguem o paradigma de conjugação demonstrado pelo verbo estudar:
Quanto à formação dos tempos, estabelece-se uma distinção entre tempos primitivos e tempos derivados.
Tempos primitivos são aqueles dos quais derivam todos os outros tempos, a partir do seu radical. São eles: presente do indicativo, pretérito perfeito do indicativo e infinitivo pessoal. Os tempos derivados, portanto, correspondem a todos os demais.
Considerando-se o presente do indicativo, o tempo primitivo corresponde às seguintes pessoas: 1ª e 2ª pessoas do singular - estudo, estudas; e a 2ª pessoa do plural – estudais.
Quanto ao uso, os verbos no presente do indicativo admitem os seguintes empregos mais frequentemente:
1) Podem exprimir ação habitual ou permanente, bem como fatos simultâneos ao momento da enunciação:
No verão, todos da família viajam juntos. (verbo viajar; ação habitual)
Neste momento, sinto como se minha cabeça explodisse. (verbo sentir; fato simultâneo à enunciação)
É fundamental considerar o contexto de enunciação do emprego dos verbos para a compreensão do que se pretende expressar. Nos exemplos acima, há marcas temporais que indicam o sentido do uso dos verbos: “no verão” e “neste momento”. Essas expressões nos ajudam a determinar que, no primeiro caso, o verbo expressa ação habitual e, no segundo caso, fato simultâneo à enunciação.
2) São utilizados, também, para exprimir um fato certo que ocorrerá num futuro muito próximo, em alternativa ao futuro do presente:
Segunda-feira, parto (=partirei) para o interior.
Ela vai (=irá) ao médico amanhã cedo.
3) Em narrações, o presente pode ser usado alternativamente ao pretérito, estabelecendo o chamado “presente histórico”. Tal emprego confere aproximação do leitor aos fatos já ocorridos e, portanto, visa à verossimilhança do que é narrado:
Ela estava sozinha, quando ouviu o som do carro se aproximando da casa. Em seguida, ele entra (=entrou), bate (=bateu) a porta e se senta (=sentou), em silêncio, ao lado dela.
Todos estavam reunidos na sala do Tribunal. Nesse momento, entra (=entrou) o réu, acompanhado do seu advogado, que agride (=agrediu) fisicamente um dos guardam que o escoltavam.
4) Pode ser empregado para exprimir verdades universais:
Ao contrário dos deuses, os homens são mortais.
Bibliografia:
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2009. 696 p.
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