Se analisarmos o que aprendemos sobre a conjugação de verbos, sabemos que, na língua portuguesa, eles precisam concordar com o sujeito quando fazem parte de uma oração.
Assim, de acordo com a variante padrão do português, é incorreto dizer que “o menino brincaram de pipa”. Isso porque o sujeito dessa frase está no singular e o verbo está conjugado na terceira pessoa do plural. Dessa forma, essa construção infringe tal regra da língua portuguesa e soa estranha aos nossos ouvidos.
Ainda assim, é necessário pontuar a existência de exceções a essa norma: os verbos impessoais. Afinal, eles não possuem sujeito e, por isso, não exigem a necessidade de conjugação. Em virtude disso, eles são chamados também de defectivos.
Esse é o caso do verbo “haver”. No entanto, fique atento! Ele é apenas impessoal quando ele tem o mesmo sentido de “existir”. Em outros contextos, ele pode ser conjugado normalmente. Em vista disso, veja a seguir quando e se você pode usar os termos “houve”, “houveram”, “havia” e “haviam”.
Como foi dito, o verbo “haver” no sentido de existir é impessoal. Por isso, ele sempre permanece na terceira pessoa do singular.
A fim de entender como ele é usado, considere a oração “Houve muitas brigas no carnaval do ano passado”. Nesse caso, diferentemente do que você poderia pensar, “muitas brigas” não é o sujeito dessa construção, mas sim o objeto direto. Isso porque a oração não possui um sujeito, levando o verbo “haver” a se tornar impessoal.
A mesma coisa pode ser notada no caso da oração “Havia 20 pessoas no brunch da empresa”. “20 pessoas” é objeto direto dessa oração e não um sujeito. Por isso, novamente o verbo “haver” permanece na terceira pessoa do singular e não no plural. Isso porque é um verbo impessoal e poderia ser substituído pelo verbo “existir”.
É necessário conter o impulso de fazer conjugações precipitadas para não errar a construção de orações como as que mostramos acima. Por outro lado, perceba que nem sempre o verbo “haver” será impessoal. Vamos apresentar a seguir as ocasiões em que ele pode aparecer concordando com um sujeito.
Quando o verbo “haver” significar a mesma coisa que “ter” numa frase, ele poderá ser conjugado. Veja, por exemplo, a oração “Eles haviam sido roubados ontem à tarde”. Nesse caso, não há como deixar o verbo no singular uma vez que ele acompanha um sujeito no plural. Assim sendo, nesse caso, o “haver” não se trata de um verbo impessoal.
No entanto, o verbo “houveram” não pode ser usado em nenhuma circurstância. Uma vez que ele não aparece em situações em que pode ser substituído por “ter”, geralmente ele é usado incorretamente quando possui o sentido de “existir”.
Ainda assim, nesse caso, o correto seria usar o verbo na terceira pessoa do singular, como já foi explanado.
Assim sendo, tome cuidado para não usar a flexão “houveram”, uma vez que o verbo conjugado dessa forma não existe na variação padrão da língua portuguesa. Lembre-se sempre que, nesse caso, o verbo é impessoal!
Uma vez esclarecidas todas essas questões, é importante que você busque praticar o uso do verbo “haver”. Como você pode ver, ele precisa de bastante atenção, uma vez que é bastante usado no nosso cotidiano, mas nem sempre da forma correta.
Assim sendo, crie o hábito de diferenciá-lo nos momentos em que ele aparecer como verbo impessoal ou como um verbo que conjuga com o sujeito. Isso levará certo tempo, mas é um esforço necessário! Só com a prática você criará a habilidade de fazer naturalmente essa diferenciação.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/quando-usar-houve-houveram-havia-e-haviam/
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