União Ibérica

O termo União Ibérica se refere à reunião de Portugal e Espanha sob a Casa de Habsburgo por quase sessenta anos, entre 1581 e 1640. Ambos os reinos já perseguiam uma política nupcial obsessiva desde finais do século XV.

Em 1490, o príncipe D. Afonso, filho de D. João II de Portugal, casou-se com a infanta Isabel, primogênita dos Reis Católicos de Espanha. O príncipe morreria precocemente pouco depois, mas sua viúva acabaria por contrair segundas núpcias com D. Manuel I, primo e sucessor de D. João II, em 1497. Depois da morte de Isabel, o rei se casou novamente com a irmã desta, a infanta Maria, em 1500; desta união nasceria o herdeiro do trono, D. João III, e a infanta Isabel, futura imperatriz de Carlos V e mãe do futuro Felipe II de Espanha. A ascensão de D. João III ao trono traria outra consorte vinda da dinastia reinante em Espanha, Catarina, irmã de Carlos V, que contrairia matrimônio com o monarca em 1525. Apenas duas das nove crianças que nasceriam do casal viveriam o bastante para contrair matrimônio: D. Maria, que se casou com o príncipe Felipe, morrendo do parto do príncipe Carlos, e D. João, que se casaria com a irmã de Felipe, a princesa Joana, e faleceria poucas semanas antes do nascimento de seu filho D. Sebastião.

Árvore genealógica simplificada dos casamentos que levaram à União Ibérica.

O filho de D. Maria, o príncipe Carlos, faleceria em circunstâncias misteriosas em 1568, deixando apenas D. Sebastião como sobrevivente da linha principal da Casa de Avis. Meros dez anos depois, porém, o jovem rei faleceria sem ter se casado. Como seu sucessor, o tio-avô D. Henrique, era um cardeal com votos eclesiásticos de castidade, começou na prática desde então uma disputa sucessória entre aqueles que poderiam clamar descendência de D. Manuel I. No fim de janeiro de 1580, quando D. Henrique faleceu, pondo fim à dinastia dos Avis, eram três os candidatos principais ao trono de Portugal: D. Catarina, duquesa de Bragança, D. Antônio, prior do Crato, e Felipe II, rei de Espanha.

Árvore genealógica simplificada retratando os descendentes de D. Manuel I.

Sendo o candidato mais influente entre a nobreza portuguesa, Felipe II de Espanha acabou por ser oficialmente confirmado rei de Portugal como D. Felipe I através das Cortes de Tomar, ocorridas em 1581. Antes mesmo, porém, ele já conquistara o trono pela força das armas ao derrotar o primo D. Antônio na batalha de Alcântara, ocorrida em agosto de 1580 nos arredores de Lisboa.

D. Felipe I faleceu em 1598, sendo sucedido pelo filho homônimo. Diferentemente de seu pai, o jovem D. Felipe II optou por não governar diretamente, escolhendo passar todas as responsabilidades para um favorito, o duque de Lerma – inaugurando, assim, a posição de valido. Em 1621, ele morreria pouco depois de sua única visita a Portugal. Seu filho, D. Felipe III, herdaria uma grande crise econômica-militar, e acabou por concordar com o rígido ajuste fiscal proposta pelo seu próprio valido, o duque de Olivares. Tais medidas atingiriam fortemente Portugal. Em meio a revoltas populares pela degradação das condições de vida, a nobreza voltou a pensar nos reis Habsburgo como tiranos que haviam desrespeitado as condições das Cortes de Tomar. Em 1640, na sequência de um golpe de Estado, seria aclamado como novo rei de Portugal D. João, duque de Bragança.

Bibliografia:

MACEDO, Newton de. História de Portugal – Volume II: De D. João I aos Filipes. Lisboa: Lello e Irmão, 1936.

SCHAUB, Jean-Frédéric. Portugal na Monarquia Hispânica (1580-1640). Lisboa: Livros Horizonte, 2001.

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