Em uma das mais famosas obras da social science fiction, publicada em 1949, George Orwell fala do mundo e da sociedade no então futuro ano de “1984”. O livro foi escrito em 1948 e seria publicado com este ano como título, pois o objetivo de Orwell era questionar a realidade presente através de uma história que se passa num suposto “futuro” (esta é uma das características principais da social science fiction). Entretanto, Orwell foi forçado pelos editores a alterar o título.
Quase sempre comparada à obra “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, “1984” porém, traz uma abordagem diferente para o que Orwell acreditava que seria o futuro da humanidade dominada por um regime totalitário tal qual ele via surgir durante os anos 30 e 40 na roupagem do nazismo ou fascismo e das ideologias totalitárias que surgiam então e que influenciaram uma geração de escritores como ele e Huxley.
No futuro de Orwell o mundo seria dividido em três megablocos: a Oceania, que congregaria os países de todos os oceanos incluindo a Inglaterra (chamada de “Pista de Pouso n.º 1”, onde se passa a história), e os megablocos da Lestásia e da Eurásia. Enquanto que no mundo de Huxley o controle se dava por meio pacífico (através do fornecimento diário de “doses de felicidade” aos cidadãos, pelo “Soma”), no mundo de Orwell o que havia era uma guerra. E a Oceania vivia dominada por um regime totalitário que controlava por meio da coerção e limitação do pensamento.
A história, que é narrada em terceira pessoa, tem como personagem principal um funcionário externo do governo totalitário instituído pelo partido IngSoc (chamado de O Partido) e comandado pelo “Grande Irmão” (Big Brother). Winston Smith (que embora seja um dos nomes mais comuns na Inglaterra, foi uma alusão à Winston Churchill) trabalhava para o Ministério da Verdade onde tinha a incumbência de destruir no “buraco da memória” as informações que eram contrárias ao que determinava o Partido (uma referência à manipulação da verdade pela mídia de acordo com interesses).
Winston em algum momento percebe que há algo de errado com o Partido e o Grande Irmão e dá vazão a seus pensamentos através de um diário - um bloco e um lápis que comprara clandestinamente em um antiquário porque eram artigos proibidos pelo Partido. Nele Winston só podia escrever escondido das “teletelas”, em um canto cego de sua casa, que monitoravam cada passo de todos os cidadãos. Exceto da prole.
A prole era a classe social mais baixa e que ainda gozava de certa liberdade porque o Partido os considerava ignorantes demais para representar perigo. Eles viviam no bairro proletário, proibido para qualquer um que não quisesse desrespeitar o Partido, e o único lugar onde ainda restara alguma coisa da vida antes da Terceira Guerra. Mas a propaganda do IngSoc era tão bem feita que ninguém mais se lembrava de qualquer coisa importante daqueles tempos, nem mesmo Winston.
Um dia Winston conhece Júlia, uma funcionária do Ministério da Verdade assim como ele. Ambos se apaixonam e começam a se encontrar escondidos, pois o Partido proibia que membros de sexo oposto se comunicassem a não ser sobre trabalho. Um tempo depois, Winston conhece outro membro do Ministério que tal como ele e Júlia, também discordava das idéias do Partido. Winston fica animado com a possibilidade da existência da “Fraternidade” de que ele já ouvira falar e que lutava contra o regime e as medidas impostas pelo Grande Irmão.
Para manter a “ordem” o Partido adotava medidas como incitar os próprios filhos a delatar os pais caso eles cometessem “crimes de idéia” ou “crimidéia” segundo a “novilíngua”, ou “nova língua” instituída pelo IngSoc. A “novilíngua” e o “duplipensar” faziam parte da estratégia do Partido de reduzir a possibilidade das pessoas de se comunicar e expressar diminuindo assim seu poder de pensar por si mesmas.
Orwell na verdade, utiliza sua obra para criticar toda forma de desumanização da sociedade e nivelação do indivíduo, seja através de regimes totalitários, ou através de uma sociedade que não aceita a existência de indivíduos com aspirações e pensamentos diferenciados da maioria.
O que acontece com Winston, Júlia e O’Brien? Só lendo o livro para saber...
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