Hábito alimentar compartilhado por espécies de insetos, répteis, aves, mamíferos e até peixes, a frugivoria é uma característica de animais cuja dieta baseia-se principalmente no consumo de frutas.
Para ser considerada frugívora, uma espécie não necessita se alimentar apenas de frutas: animais onívoros (i.e. que se alimentam tanto de material animal quanto vegetal) ou herbívoros (i.e. que se alimentam apenas de vegetais), podem ser reconhecidos como frugívoros, desde que uma porção de sua alimentação seja constituída por frutas. Essa variação no consumo de frutas pode ser observada dentro de um mesmo grupo de animais, como é o caso dos mamíferos. A frugivoria parcial é praticada por aproximadamente ¼ destes animais, enquanto que outras espécies como o morcego-da-fruta mexicano Artibeus jamaicensis têm sua dieta composta majoritariamente pelas frutas. Outro exemplo de frugívoros nada convencionais são os peixes de água-doce da família Characidae (subfamília Myleinae), conhecidos popularmente como pacu, que se alimentam de frutas que caem de árvores ou são carreadas por vento e chuva para dentro da água.
À primeira vista, as características morfológicas relacionadas à frugivoria não se destacam. Porém, é possível notar adaptações nos frugívoros ligadas ao consumo de frutas, especialmente nas aves, que constituem o principal representante desse hábito alimentar no reino animal. Algumas espécies como o papagaio-verdadeiro Amazona aestiva possuem bico curto e côncavo, que facilita a extração de polpa das frutas, enquanto outras como a trepadeira-azul Sitta europaea, se caracterizam por bico fino e reto, que permite manusear frutas pequenas que podem ser engolidas inteiras.
Os mamíferos frugívoros também apresentam características distintas como dentes molares mais largos e achatados para facilitar a mastigação, enquanto que mamíferos não-mastigadores possuem fileiras de dentes pequenos e iguais, usados para cortar as frutas e engolir pedaços pequenos. Outra característica dos mamíferos frugívoros, compartilhada com animais de outros grupos (também frugívoros) como os pássaros, é o intestino curto, que retém a semente das frutas por menos tempo, evitando grandes modificações antes desta ser expelida pelo corpo.
A frugivoria é um importante processo ecológico que permite a dispersão de sementes em largas distâncias, através do transporte por animais. Acredita-se que esta interação evoluiu como um mutualismo entre as angiospermas, i.e. as plantas que produzem frutos, e os animais frugívoros, visto que ambas as partes seriam beneficiadas: os animais pelo alimento consumido e que os sustenta, e as plantas, pela chance de colonizar novos ambientes. Como o percurso da semente pelo trato digestivo é demorado, e pode durar horas ou até mesmo dias, sua excreção geralmente ocorre em um local mais afastado da planta que a produziu, dispersando seus descendentes e fazendo-a colonizar novos lugares. Este processo é, inclusive, apontado como a principal razão para a diversificação das angiospermas desde o Cretáceo, as quais passaram a apresentar uma alta variedade de cores e cheiros para atrair seus consumidores, além de possuírem frutas ricas em carboidratos e água, e com baixo teor de lipídios e proteínas. Além da dispersão, a interação entre fruto e animal também influencia na germinação da semente, um processo conhecido como escarificação. Este mecanismo consiste na remoção da capa protetora das sementes pelo ácido estomacal e movimentos do tubo digestório dos animais frugívoros, o que faz com que a germinação ocorra de forma mais rápida e eficiente.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/animais/animais-frugivoros/
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