Peixes ornamentais

Lagos artificiais, aquários domésticos e públicos abrigam peixes de diferentes cores, formatos e, na maioria das vezes, exóticos, que são conhecidos como peixes ornamentais.

Aquarismo

A criação de peixes em aquários, tanques ou até mesmo lagos artificiais é uma prática antiga: evidências arqueológicas apontam que os sumérios, uma das primeiras civilizações do mundo, praticavam este hobby no ano de 4.500 A. C., assim como os egípcios, que consideravam estes animais sagrados. Os chineses também possuem tradição no cultivo de peixes ornamentais, mais especificamente das carpas, desde a dinastia T’ang, entre 619-917 D. C.. No entanto, foi só a partir de 1548 que o aquarismo se tornou um hobby popular, a partir da manutenção doméstica da carpa-comum Cyprinus carpio.

Carpa-comum (Cyprinus carpio). Foto: Rostislav Stefanek / Shutterstock.com

O período seguinte foi marcado pela abertura de aquários públicos e a intensificação do comércio ornamental. Entretanto, a expansão dessa indústria ocorreu de fato entre os anos 1920-1930, quando diferentes espécies como o carismático peixe-dourado (Carassius auratus), começaram a ser exportadas do sul da Ásia para outros países ao redor do globo. As instalações de manutenção dos animais (aquários, tanques) também sofreram melhorias e passaram a ser fabricadas com vidro flexível, acrílico e materiais sintéticos, facilitando o manuseio e valorizando o senso estético da atividade. Atualmente, o comércio de peixes ornamentais é uma indústria milionária, movimentando cerca de 44 milhões de dólares por ano, e algumas espécies podem chegar a valer até 400.000 dólares, como é o caso do aruanã-dourado, o peixe ornamental mais caro do mundo.

Aruanã-dourado (Scleropages formosus). Foto: Arunee Rodloy / Shutterstock.com

Características dos peixes ornamentais

Estima-se que entre 15 a 36 milhões de peixes marinhos são comercializados anualmente para uso ornamental em aquários, tanques e lagos artificiais. Em geral, os peixes ornamentais apresentam uma morfologia peculiar, e destacam-se pelo formato do corpo e coloração. Espécies como o peixe-palhaço Amphiprion percula e o platy Xiphophorus maculatus, são apenas alguns exemplos da variedade de formas e cores disponíveis para aquisição por praticantes da aquariofilia. Tais características também influenciam no valor comercial de uma espécie, assim como o sexo e tamanho. Machos da espécie Gomphosus varius, por exemplo, chegam a valer duas vezes mais que as fêmeas, devido à sua raridade. Um outro exemplo consiste no peixe-porco-palhaço Balistoides conspicillum: indivíduos pequenos custam aproximadamente o dobro do preço de peixes maiores. No mercado ornamental, a raridade é um dos principais fatores que influencia no valor das espécies: quanto mais raras, mais alto é o seu preço. Isso se reflete, por exemplo, no valor de compra de peixes associados à recifes profundos (situados a mais de 30 metros de profundidade) como o peixe-borboleta-havaiano Chaetodon tinkeri, que chega a ser comercializado por 1.000 dólares o par.

Peixe-borboleta-havaiano (Chaetodon tinkeri). Foto: Pavaphon Supanantananont / Shutterstock.com

Impactos do aquarismo

Embora a indústria ornamental seja responsável por movimentar milhões de dólares por ano, este hobby aparentemente inofensivo também pode gerar impactos ambientais adversos. O comércio de peixes e outros animais ornamentais como corais e esponjas, é um dos principais vetores de introdução de espécies exóticas no meio ambiente. Além do risco de liberação acidental associado ao transporte dessas espécies entre diferentes regiões, a liberação ou descarte intencional realizado de forma incorreta na natureza, como por exemplo, a soltura de espécimes ornamentais em praias, rios, lagoas, etc, representa uma ameaça à espécies nativas e o ecossistema em que vivem. Isto acontece quando a espécie liberada é exótica (ou seja, não é original do sistema em que foi solta), e consegue se adaptar e estabelecer no novo sistema, causando impactos nas espécies nativas da região, seja através de interações competitivas, predatórias, entre outras. Este processo é denominado bioinvasão, e é o segundo maior responsável pela perda de biodiversidade mundial.

Referências:

Dominic, D. A. Biodiversity and survival of indigenous ornamental fishes of Keecheri Puzhakkal river systems of Kerala with emphasis on handling and packing stress in Etroplus maculatus. PhD Thesis. 2016. Disponível em: https://shodhganga.inflibnet.ac.in/handle/10603/79199

Sadovy, Y. J.; Vincent, A. C. Ecological issues and the trades in live reef fishes. In: Lieske E. and Meyers, R. [eds], Coral reef fishes: Dynamics and diversity in a complex ecosystem, p. 391-420. 2002.

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