O Brasil é um país tropical de grandes dimensões, com grande diversidade de topografias e extensas áreas cobertas de vegetação, sendo considerado de grande interesse para estudo e conservação da biodiversidade. Em relação as aranhas, artrópodes da classe Arachnida, estima-se que o Brasil tenha 10% de toda a diversidade global, que atualmente está catalogada em cerca de 45.000 espécies.
Embora a diversidade de espécies seja elevada, a maior parte delas está reclusa em florestas e áreas de conservação, distantes da população em geral. Ainda assim, existem algumas aranhas que são comumente encontradas tanto em casas e prédios das grandes cidades, bem adaptadas a zonas urbanas, quanto em fazendas e plantações, fazendo parte do dia-a-dia de moradores da área rural.
Antes de descrever algumas aranhas comuns do Brasil, vale ressaltar que todas as aranhas são predadoras, alimentando-se de insetos. Para isso, elas utilizam de presas potentes dotadas de veneno, característica comum a todas as aranhas. Ainda assim, a grande maioria das espécies não representa perigo grave para seres humanos. Dito isso, uma das aranhas mais venenosas do Brasil, considerada uma das mais perigosas do mundo, é a armadeira.
As armadeiras são aranhas relativamente grandes (tamanho médio 15 cm) com coloração marrom-avermelhada. Ocorrem com frequência na região sul e sudeste do Brasil, onde se abrigam em plantações de banana e terrenos com vegetação alta e entulho. São noturnas, por isso caso entrem numa residência buscam locais escuros para se esconder, como caixas, armários e até mesmo sapatos. Consideradas muito agressivas, são famosas por sua postura de ataque com os dois primeiros pares de patas erguidos no ar antes de saltar até três vezes seu tamanho corporal. Seu veneno tem ação neurotóxica causando muita dor, vômito, náusea, perda dos sentidos e, em casos extremos em pessoas idosas ou crianças, o óbito. O tratamento com soroterapia é recomendado a todos que sejam atacados por esta espécie.
Outra aranha venenosa encontrada no Brasil é viúva-negra. Ocorrendo em todo o território nacional, com prevalência na região nordeste, as espécies do Brasil são menos perigosas que as encontradas na Europa. Seu veneno neurotóxico causa dor abdominal, náusea, sudorese e confusão mental, sendo raramente fatal. Estas aranhas são pequenas, com no máximo 5 cm, com o corpo negro e detalhes vermelhos no abdômen, tendo habito furtivo e não agressivo. Vivem em locais escuros de jardins e hortas, podendo migrar para o interior das casas atrás de moveis ou em frestas. Os principais relatos de incidentes envolvem crianças ou animais domésticos que inocentemente tocam a aranha, incitando o ataque.
A aranha do gênero Lycosa, conhecida popularmente como aranha de jardim ou aranha-lobo, é outra espécie de aranha do Brasil venenosa e agressiva encontrada em todas as regiões. Comum em hortas, rachaduras de paredes e gramados altos, ela é territorialista e costuma atacar quem se aproxima, assumindo uma postura similar a armadeira, com a diferença de que seu veneno causa apenas vermelhidão no local da picada e muita dor. Em algumas horas, porém, seu efeito se dissipa sem a necessidade de tratamento especifico. Sua coloração é bege claro e pode ser identificada por uma mancha escura no abdômen, descrita como um sinal de seta. Não ultrapassa os 8cm de tamanho total.
Por fim, encerrando a lista de aranhas perigosas, temos a aranha-marrom, característica da região sul do pais. De coloração marrom-avermelhada e tamanho muito pequeno (em média 3cm), estas aranhas não são agressivas, vivendo em locais escuros e úmidos, como em banheiros, pias ou entulho em terrenos baldios. Formam uma teia emaranhada para captura de insetos e sua picada, embora indolor, pode causar a morte do tecido e inflamação por necrose conhecida como loxoscelismo, que requer tratamento médico.
Outras aranhas brasileiras comuns e que não apresentam perigo grave são: as tarântulas e caranguejeiras amazônicas (consideradas as maiores aranhas do mundo atingindo mais de 20cm), as aranhas-pernudas, a aranha da teia dourada do gênero Nephila (comum no litoral e regiões arborizadas de cidades), as aranhas papa-moscas saltadoras, as aranhas-vermelhas, as aranhas de prata do gênero Argiope (que se posicionam na teia com as patas unidas formando um X) e as aranhas-de-telhado (popularmente chamadas de maria-bola).
Referências:
Bucherl, W., 1969. Biology and venoms of the most important soutli american spiders of the genera Phoneutria, Loxosceles, Lycosa, and Latrodectus. American zoologist, 9(1), pp.157-159.
Ruppert, E.E. and Barnes, R.D., 1994. Invertebrate zoology (Vol. 6). New York: Saunders College Publishing.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/animais/aranhas-no-brasil-as-mais-encontradas-e-mais-venenosas/
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