Biossensor para diagnóstico de infecção do vírus da dengue

A dengue é uma das principais doenças de saúde pública e afeta milhões de pessoas no mundo todo. Ela é transmitida pelo vetor Aedes aegypti, um mosquito que, quando infectado pelo vírus, pode transporta-lo em seu corpo pelo resto da vida. A doença se desenvolve principalmente em áreas tropicais e subtropicais, uma vez que a transmissão raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16°C, por exemplo.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, em inglês) estima-se que em média 40% da população mundial viva em áreas propícias para o desenvolvimento da doença, com a faixa de temperatura adequada para a sua transmissão. Entre elas está o Brasil que, de acordo com o Ministério da Saúde, registrou só em 2014, 587,8 mil casos de dengue com 405 óbitos, ainda uma redução quando comparado ao número registrado em 2013, que foi 1,4 milhão de casos.

Em diversas situações os sintomas da infecção pelo vírus são confundidos com outras doenças, logo, a identificação precoce da dengue se faz necessária para a rápida recuperação do paciente e o não agravamento da mesma. Foi a partir dessa problemática que pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um teste rápido, acessível e que faz frente ao teste importado, utilizado até então, para dar o diagnóstico da doença. Eles conseguiram produzir, em ovos de galinha, uma grande concentração de anticorpos produzidos no organismo humano e que combate uma proteína estrutural liberada na corrente sanguínea pelo vírus causador da dengue, a LS1. Esses anticorpos se ligam exclusivamente com a LS1 e atuam como biossensores, que ao entrar em contato com o sangue infectado, reagem a com a proteína e emitem um sinal elétrico.

Atualmente a utilização de biossensores vem em um crescente considerável no campo da saúde, eles surgem como uma alternativa mais barata, simples e eficiente para diagnóstico de doenças a nível molecular, uma vez que, quando comparado aos métodos de diagnóstico utilizados hoje, são mais rápidos e eficientes para dar ao paciente um tratamento mais eficaz e aumentar suas chances de sobrevivência. Em linhas gerais, o biossensor possui imobilizado em sua superfície, bioreceptores, que ao entrar em contato com a substância em questão, no caso o LS1, produz uma mudança de estado físico-química, identificada como um sinal elétrico. Esse sinal, após ser processado, mostra se a substância em questão foi identificada e a ainda, a sua quantidade. Entretanto, ainda há muito o que se desenvolver e investir para que a utilização dessa ferramenta seja feita de forma irrestrita nos pacientes com as mais diversas doenças.

Ao contrário de outros testes que só conseguem identificar a doença depois de alguns dias de infecção, o que pode levar ao tratamento errôneo, esse biossensor identifica a concentração de NS1 assim que ela entra na corrente sanguínea do paciente. O projeto financiado pela FAPESP e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) está na sua fase final de execução e visa abranger as mais diferentes e remotas áreas do país, afim de que em qualquer lugar possa ser realizado o teste e identificado de maneira rápida se o paciente está infectado pelo vírus da dengue ou não.

Por: Letícia Lizabello

Diretora do Departamento de Administrativo/Jurídico/Financeiro

Biotec Júnior – Empresa Júnior de Engenharia Biotecnológica

Unesp – Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – Campus Assis

REFERÊNCIAS:

Biossensores. Disponível em: Acesso em 06 de Maio de 2015.

Dengue. Disponível em: Acesso em 06 de Maio de 2015.

Dinorah Ereno, Dengue no alvo. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/06/16/dengue-alvo/ Acesso em 06 de Maio de 2015.

G1, Brasil teve 587,8 mil casos de dengue em 2014; queda foi de 59% ante 2013. Disponível em: < http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/01/brasil-teve-5878-mil-casos-de-dengue-em-2014-queda-foi-de-59-ante-2013.html> Acesso em 06 de Maio de 2015.

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