O Dilema do Prisioneiro (Prisioner’s dilemma, em inglês) é um problema da chamada teoria dos jogos, onde estão envolvidos dois ou mais agentes e é apresentada uma quantidade limitada de escolhas e de diferentes consequências para cada uma delas, em que cada consequência afeta diretamente cada um os envolvidos. É utilizado com o fim de refletir sobre questões políticas, sociais e econômicas em que a decisão por uma escolha imediatamente racional acaba por não ser a melhor opção por não apresentar os melhores resultados. Seu exemplo mais comum é apresentado da seguinte maneira:
Dois prisioneiros (Ana e Marcos), após cometer um crime, são presos e postos em celas separadas, isolados um do outro, de modo que não podem se comunicar. Ambos são interrogados por um agente policial, que lhes oferece o mesmo acordo: “você pode confessar ou permanecer em silêncio. Se você confessar [quer dizer, trair o cúmplice] e seu parceiro permanecer em silêncio [quer dizer, colaborar com o cúmplice], todas as acusações contra você serão anuladas e você será liberto. Seu testemunho será usado contra o seu parceiro, que receberá pena máxima pelo crime [10 anos de prisão]. Se você permanecer em silêncio e seu parceiro confessar, ele será liberto e você receberá pena máxima. Se ambos confessarem, os dois receberão uma pena média [5 anos]. Se, no entanto, ambos permanecerem em silêncio, receberão uma pena mais leve [2 anos]”.
As opções apresentadas são, portanto, como se seguem:
Em uma escala de melhor à pior escolha, para Ana (1) seria a melhor escolha, seguida por (2), (3) e (4). Para Marcos, a melhor escolha seria (4), seguida por (2), (3) e (1). A reflexão racional a respeito desse problema que será tomada pelos prisioneiros apresenta-se assim: “Meu parceiro irá confessar ou permanecer calado. Se ele confessar, eu devo confessar também, para não levar a culpa sozinho. Se ele permanecer em silêncio, então eu devo confessar, para que eu consiga a minha liberdade, que é a melhor situação para mim. Então, independentemente de o meu parceiro confessar ou permanecer em silêncio, eu devo confessar”. Sob as condições apresentadas pelo agente policial e por não poderem conversar, ambos pensarão que confessar é o que lhes oferece a melhor condição. No entanto, esta é a terceira melhor opção, pois o melhor resultado para os dois seria que ambos cooperassem um com o outro, permanecendo em silêncio, de modo que ninguém sairia mais prejudicado que o outro. Portanto, a escolha racional não é, para o grupo envolvido, a melhor escolha.
Apesar de o exemplo que dá nome ao dilema do prisioneiro ser muito específico, ele não deve obscurecer o fato de que em diversas interações sociais as pessoas envolvidas veem-se diante de problemas que seguem exatamente a mesma estrutura, que aparece frequentemente em situações em que duas partes precisam tomar uma decisão diante de um certo número de possibilidades e em que há uma espécie de recompensa em jogo.
Uma das formas comuns e atuais de encontrar o dilema do prisioneiro da vida cotidiana diz respeito à preservação do meio ambiente. Por exemplo: todos os cidadãos querem uma uma cidade limpa. Se ninguém jogar lixo no chão, o objetivo será alcançado. Mas se cada um, individualmente, pensar que sua ação não faz diferença, seja por acreditar que ninguém irá colaborar ou que todos irão, todos sairão prejudicados, longe de alcançar o objetivo desejado.
Referências:
AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.
BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.
STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. Prisioner’s dilemma. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/prisioner-dilemma/. Acesso em: 15 de jan. 2020.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/filosofia/dilema-do-prisioneiro/
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