A falácia da falsa causa ou da falsa causalidade é um tipo de falácia não formal e aparece em qualquer argumentação que estabeleça uma relação de causa e efeito entre dois elementos quando, na verdade, não existe esse tipo de relação entre elas.
Pode-se encontrar a falácia da falsa causa em três formas distintas. A primeira delas é conhecida como post hoc ergo propter hoc (“depois disto, portanto por causa disso”, em latim). Neste caso, o argumento é construído de modo a estabelecer uma relação de causalidade entre um elemento e outro por que o primeiro é temporalmente anterior do segundo. Por exemplo:
Nas últimas copas do mundo de futebol, toda vez que o cantor Mick Jagger vestiu a camisa da seleção brasileira ela foi derrotada. Portanto, para que que seleção brasileira seja campeã da copa do mundo, Mick Jagger deve parar de usar a camisa da seleção.
A conclusão deste exemplo depende da suposição de que a causa da derrota da seleção brasileira nos jogos da copa do mundo é o fato de que, antes do início da partida, o cantor Mick Jagger vestiu a camisa da seleção e assistiu ao jogo com ela. No entanto, a simples sucessão temporal de acontecimentos não é suficiente para determinar que o primeiro seja causa do segundo. Outros fatores, como um mau preparo físico, pouco desenvolvimento nos treinamentos e má relação entre os membros da equipe apresentam razões muito mais prováveis para o mau desempenho do time em campo. Acreditar que o uso da camisa de um determinado time pode ser a causa de sua derrota ou de sua vitória é uma superstição e é nelas que se encontram a maioria dos casos desse tipo de falsa causa.
A segunda forma é comumente denominada non causa pro causa (“o que não é a causa pela causa”, em latim). Ela acontece quando o que é tomado como causa de algo não é realmente sua causa e este erro de causalidade é acontece por outros fatores além da mera sucessão temporal. Veja-se o exemplo:
O Brasil possui um número excessivo de leis e, no entanto, nunca houve tantos escândalos de corrupção. Portanto, se diminuirmos o número de leis a corrupção também diminuirá.
O erro do exemplo acima é considerar que o excesso de leis no Brasil é a causa da existência da corrupção. Mesmo que, em um exercício de imaginação, possamos conceber mundos possíveis onde as leis sejam a causa da corrupção (talvez a existência de leis impossíveis de se dessa maneira estaria desconsiderando elementos como fraqueza moral, interesses econômicos e mesmo políticos como causas mais próprias da corrupção).
Por fim, a falsa causalidade aparece em sua terceira forma como causa simplificada. Aqui, a falácia acontece quando são diversas as causas de um determinado acontecimento e, no entanto, escolhe-se considerar apenas uma delas como causa, simplificando um caso complexo, como no exemplo abaixo:
O desempenho nas escolas públicas do Rio de Janeiro há anos vai de mau a pior, formando até alunos analfabetos. É óbvio que a culpa é dos professores.
A falácia do exemplo acima está em considerar que os professores são os únicos responsáveis pelo mau desempenho dos alunos nas escolas do Rio de Janeiro, quando, obviamente, há diversos outros fatores envolvidos, como: se os alunos vivem em área de risco, se têm se alimentado adequadamente, como é sua estrutura familiar, etc.
Bibliografia:
AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.
BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.
COPI, Irving M. Introdução à Lógica. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Mestre Jou, 1974.
HURLEY, Patrick J. A Concise Introduction to Logic. California: Wadsworth/Thomson Learning, 2000.
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