Por muito tempo cientistas discutiam a possibilidade de sistemas ecológicos atingirem um estado clímax de equilíbrio, no qual as condições populacionais se manteriam estáveis ao longo do tempo. Esta ideia vem sendo continuamente explorada a muitas décadas e existem observações que a suportam e que a refutam. Ainda assim, ela foi considerada por muito tempo uma importante teoria da Ecologia que é utilizada em muitos modelos de estudos de padrões naturais.
Segundo o equilíbrio ecológico, as populações têm seu crescimento limitado pelos recursos ambientais, atingindo um valor máximo que é mantido ao longo do tempo (taxa de natalidade e mortalidade similares resultando em taxa de crescimento igual a zero). Quando há uma perturbação no sistema, seja ela qual for, ocorre um desequilíbrio que desvia as populações do estado de estabilidade. O retorno a condição de homeostase depende da natureza do distúrbio, de sua intensidade e duração, além da resiliência de cada população. Para a vegetação do cerrado, por exemplo, as queimadas naturais são benéficas e constituem uma oportunidade para o crescimento e fortalecimento de muitas espécies de plantas adaptadas ao fogo.
Nas interações de presa e predador, muitas vezes observa-se uma variação no número populacional que obedece um padrão determinado ao longo do tempo. Presas e predadores variam em um equilíbrio dinâmico em que o aumento de presas e seguido de seu decréscimo e do aumento de predadores. Sem uma quantidade satisfatória de comida, há o declínio da população de predadores seguido do aumento novamente das presas. Estudos que acompanharam populações que interagem através da predação por longos períodos relatam que, em um ambiente estável, a pressão de predação é o fator chave que determina o equilíbrio populacional ao longo do tempo. Um exemplo clássico seria os ciclos populacionais observados por mais de cem anos para as populações de linces e lebres no Canadá.
Outros estudos também aplicam a ideia de equilíbrio ecológico para explicar a relação entre o número de organismos herbívoros e a manutenção das vegetações. A ideia central é demonstrar que as populações de herbívoros são limitadas majoritariamente pela quantidade de alimento, sendo que sua taxa de consumo do mesmo se mantem estável ao longo do tempo, ao invés de continuamente crescer até causar o desequilíbrio das cadeias tróficas com a redução do componente autotrófico.
Aqueles que discordam desta teoria a consideram simplista e limitada, argumentando que os processos ecológicos são caóticos e que não seguem grandes padrões universais. Para estes pesquisadores, a teoria de equilíbrio ecológico só se mantém porque ela foi aceita pelo público leigo, responsável por continuar a propaga-la na atualidade. Muitos ecólogos consideram que cada interação e cada população deve ser analisada de maneira particular, permitindo a percepção de fatores únicos que possam estar levando ao padrão de distribuição e tamanho daquela população ao longo de uma escala de tempo longa.
Referências:
Odum, E.P., Odum, H.T. and Andrews, J., 1971. Fundamentals of ecology (Vol. 3). Philadelphia: Saunders.
Stenseth, N.C., Falck, W., Bjørnstad, O.N. and Krebs, C.J., 1997. Population regulation in snowshoe hare and Canadian lynx: asymmetric food web configurations between hare and lynx. Proceedings of the National Academy of Sciences, 94(10), pp.5147-5152.
Worster, D., 1990. The ecology of order and chaos. Environmental History Review, 14(1/2), pp.1-18.
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