Os ecossistemas são compostos pelas condições físico-químicas do meio ambiente e pelos organismos vivos que vivem em uma mesma região. Esta parcela formada pelos seres vivos e suas interações é descrita como o fator biótico que compõe um ecossistema. Os fatores bióticos incluem plantas, animais, bactérias, fungos e microrganismos que interagem através das mais variadas relações ecológicas.
Um ecossistema possui basicamente três tipos de componentes bióticos: os organismos produtores, que sintetizam seu próprio alimento e são a base da cadeia alimentar, os consumidores, que precisam se alimentar de matéria orgânica de outros organismos para sobreviver (seja de um produtor ou de um outro consumidor) e os decompositores, responsáveis pela reciclagem da matéria orgânica dos tecidos mortos de produtores e consumidores.
Além dos componentes primordiais listados acima, ações antropogênicas e patógenos também são fatores bióticos que influem nos ecossistemas, uma vez que eles causam grandes alterações no meio por atividades originadas por organismos vivos. O desmatamento, por exemplo, reduz alimento e habitat para todos os organismos que compõem um ecossistema, sendo um fator biótico com um alto impacto no equilíbrio ecológico. Do mesmo modo, o surto de alguma doença que afete uma população inteira pode desequilibrar as relações tróficas, causando um colapso no ecossistema.
As relações intra e interespecíficas também são consideradas fatores bióticos que atuam no funcionamento de um ecossistema, uma vez que é através destas relações que o equilíbrio ecológico é mantido. A predação, por exemplo, mantém a população de consumidores primários estável, evitando uma superexploração de recursos. Outras relações comumente estabelecidas entre organismos são o mutualismo (associação obrigatória para a vida de ambas as espécies), a competição (que pode ser por recursos alimentares, parceiros sexuais ou território) e o parasitismo (um parasita sobrevive consumindo seu hospedeiro, podendo até mesmo matá-lo).
Os fatores bióticos de um ecossistema também são importantes para definir os limites de distribuição de uma espécie ou de uma população. Aliado aos fatores ambientais, as relações com outros organismos vivos formam o nicho real de uma espécie. Em alguns casos, o desaparecimento de um competidor, por exemplo, pode favorecer a proliferação de organismos que antes tinham sua densidade populacional controlada. Isso pode causar um stress e uma cascata de efeitos negativos no ecossistema (como a proliferação de pragas). Outro fator biótico que pode levar a um desequilíbrio ecológico é a entrada de espécies invasoras nos ecossistemas. Isto porque estas espécies normalmente são melhores competidoras do que os organismos nativos e não possuem predadores naturais na área que invadem.
As avaliações da qualidade de água e solo levam em conta os fatores bióticos presentes nestes sistemas. Para que o solo seja considerado fértil e seja capaz de manter o crescimento de plantas ele precisa de microrganismos que atuam na ciclagem de nutrientes e na manutenção da estrutura física do solo. Do mesmo modo, rios e lagos saudáveis possuem uma biota em equilíbrio harmônico, diferente de condições de eutrofização nas quais florações algais poluem o meio e causam a morte de muitos outros organismos.
Referências:
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Doran, J.W. and Zeiss, M.R., 2000. Soil health and sustainability: managing the biotic component of soil quality. Applied soil ecology, 15(1), pp.3-11.
Lautenschlager, R.A. and Sullivan, T.P., 2002. Effects of herbicide treatments on biotic components in regenerating northern forests. The Forestry Chronicle, 78(5), pp.695-731.
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