Sempre estamos estabelecendo ou mantendo contato uns com os outros, não é verdade? Quando isso acontece, estamos usando a função fática da linguagem. É ela que aproxima os interlocutores envolvidos em determinado contexto comunicativo. A função fática é centrada no contato. Para entendermos melhor essa função da linguagem, sugiro a leitura desta conversa telefônica:
– Oi, Fábio! Tudo bem? – Mais ou menos, Maria! E você? – Eu vou bem, graças a Deus! Mas por que você está mais ou menos, hein? – Desde que o banco me transferiu, a minha vida está uma loucura... Não me acostumei ainda com a metrópole... Mas, fazer o quê, né? – Sério? Achei que estivesse gostando daí... Você me disse uma vez que pretendia morar na capital... – Pois é... Mas, a realidade é bem diferente, viu? E você não sabe da novidade... – Qual, Fábio? – A Valdirene terminou comigo... – Hã? – É isso mesmo, Maria! Ela não suportou a distância... – Que pena! Vocês pareciam tão felizes... – Sim, a gente era feliz... Mas, e você? Está firme e forte com o Rômulo? – Quê? Você não soube que nós terminamos? – Não! Mas tem tanto tempo que a gente não se fala, hein? – Pois é... O Rômulo foi para o exterior... Mas, não quero falar desse traste... – Você e eu estamos muito mal no campo do amor, né? – É... Mas dizem que há males que vêm para o bem... Coisas melhores virão! – Falando em coisas melhores... Que tal a gente marcar para se encontrar aí? Mês que vem estarei de férias... – Combinado! Aí você me liga para a gente marcar o dia certo, viu? – Combinadíssimo! Não vejo a hora de ver você novamente! – Eu também! Tchau, Fábio! – Tchau, Maria! (Texto elaborado pela autora deste artigo para a abordagem da função fática da linguagem.)
A função fática na conversa telefônica...
Note que determinados recursos são adotados para manter o contato entre Maria e Fábio. Primeiramente, merecem destaque expressões, como “Oi”, “Tudo bem?” e “Tchau”, usadas comumente para introduzir e fechar as conversas. Vale observar que a mudança nas falas dos interlocutores é sinalizada com os travessões. Note que há marcas da linguagem informal na conversa entre eles, como repetições de palavras e o uso de “a gente” e “né”. Isso porque se trata de uma pape-papo entre amigos, isto é, uma situação comunicativa informal.
Repare que, no decorrer do diálogo, aparecem expressões (destacadas a seguir) que foram usadas para indicar a confirmação ou verificação de uma informação ou para exprimir surpresa/incredulidade diante de um fato:
– Mas, fazer o quê, né? – Sério? Achei que estivesse gostando daí... – Hã? – É isso mesmo, Maria! Ela não suportou a distância... – Sim, a gente era feliz... – Quê? Você não soube que nós terminamos? – Não! Mas tem tanto tempo que a gente não se fala, hein? – Pois é... O Rômulo foi para o exterior... – É... Mas dizem que males que vêm para o bem...
Bom, analisamos os elementos verbais que compõem a função fática na conversa telefônica entre Maria e Fábio. Porém, cabe acrescentar que elementos não verbais também são marcas dessa função da linguagem: expressões faciais que indicam diferentes sentimentos e emoções no contato entre os interlocutores; os gestos trocados entre eles, como aperto de mão, beijo, abraço. Em suma, diferentes procedimentos (verbais e não verbais) são adotados quando se deseja estabelecer ou manter a comunicação com o outro.
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Referência:
BARROS, Diana Pessoa de. A comunicação humana. In: FIORIN, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2019. p. 25-53.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/linguistica/funcao-fatica/
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