Sendo conhecida como a ciência que estuda as várias interações do ser humano com o ambiente de trabalho, a Ergonomia detém um campo de alcance bastante amplo que acumula diversas atividades e, a passos largos, vem anexando suas práticas ao já difundido modelo de Produção Enxuta. Por sua vez, esse modelo produtivo também conhecido como Lean Production, Lean Manufacturing ou simplesmente Lean, é conhecido como um padrão produtivo capaz de gerar maior competitividade empresarial, uma vez que este é frequentemente empregado na eliminação de um, alguns ou de todos os sete desperdícios da produção.
Esse modelo produtivo representa uma modificação das normas tradicionais de produção e, para que esse preceito seja consolidado, são empregadas diversas práticas onde o Kanban, Layout Celular, Poka-Yoke e o Setup Rápido são alguns dos exemplos normalmente entrelaçados à Ergonomia Organizacional.
Instituída como uma ferramenta de gerenciamento visual, o Kanban, palavra japonesa que significa ‘cartaz’ ou ‘cartão’, utiliza painéis normalmente vermelhos, amarelos e verdes, no propósito de indicar ao (s) operador (es) o que deve ser produzido no momento. O vermelho vem como a prioridade de número 1, o amarelo a prioridade 2 e o verde figura como a última das três. No caso da falta do item que está na condição da cor vermelha, por exemplo, (o que não exclui o valor e a importância das demais) pode haver falta de peças e todo o fluxo poderá sofrer descontinuidade.
Entrelaçamento Ergonômico – Utilização das cores no ambiente de trabalho dinamizando o sistema de informação visual; identificação do material em processo evitando desperdícios como superprodução; simplificação do trabalho administrativo uma vez que os operadores possuem maior autonomia para a tomada de decisões.
Em um Layout celular, normalmente arranjado em formato de ‘U’, os trabalhadores tendem a operar como uma equipe produzindo peças inteiras ou um produto completo, ou seja, atuam de modo distinto às operações habituais nas quais são realizadas tarefas fragmentadas e geralmente isoladas. Com uma configuração espacial arranjada desta forma, as atividades tendem a não se tornarem repetitivas, o que pode incidir na diminuição dos casos de LER/DORT. Além disso, há a possibilidade dos operadores discutirem e procurarem soluções por conta própria a respeito dos possíveis problemas de sua célula.
Entrelaçamento Ergonômico – Evolução do trabalho a partir da não participação de apenas um trabalhador; tendência do operador passar a trabalhar tanto em pé quanto sentado; menor esforço biomecânico quando da movimentação de cargas em virtude de distâncias mais curtas.
Podendo ser definida como ‘à prova de erros’ ou ‘isenta de falhas’, o Poka-Yoke constitui-se de técnicas utilizadas com o propósito de que erros humanos sejam evitados. De uma maneira prática, este termo é empregado a qualquer dispositivo capaz de auxiliar na prevenção de falhas ou erros em atividades produtivas. A Ergonomia Organizacional interatua com o Poka-Yoke por meio de dispositivos que impeçam ou diminuam a ocorrência de erros por meio por meio da utilização, formas específicas de encaixe, posicionamento de peças prontas ou semiacabadas, temperatura, peso entre outros. Este conceito foi desenvolvido a partir da ideia de não apenas zerar a ocorrência de defeitos, mas sim também eliminar inspeções e controles adicionais.
Entrelaçamento Ergonômico – Enriquecimento do trabalho a partir da autonomia dos trabalhadores em parar a linha de produção em caso de problemas; design e tamanho distinto dos dispositivos para a não ocorrência de erros.
O menor tempo possível é a meta quando a modificação da produção de uma peça por outra em uma mesma máquina se faz necessária. Porém, há de se saber se os métodos constituídos serão apresentados de forma clara aos encarregados pela troca, e ainda, se as tarefas prescritas serão de fato empregadas com todos os parâmetros securitários, ou seja, a prática do Setup Rápido pressupõe a redução de tempo nas modificações de ferramentas e/ou equipamentos do maquinário fabril, porém com vistas a não redução de qualidade das operações e também da segurança de seus operadores.
Entrelaçamento Ergonômico – Conformação dos métodos escritos no intuito de facilitar o entrosamento entre os trabalhadores; desenho ergonômico das ferramentas e dos meios de movimentação de peças para possibilitar a troca rápida sem comprometer a segurança.
Além de seus vários métodos de melhoria voltados ao sistema produtivo, a Produção Enxuta prevê uma série de ações focadas na qualidade de vida do trabalhador, o que por sua vez legitima que as organizações não apenas devem centralizar seus esforços nos processos produtivos em si caso ambicionem melhores resultados. Deste modo, fica percebido que os princípios necessários para o êxito de uma “empresa enxuta” estão, também, na valorização da organização por meio do desenvolvimento e do bem estar de seus trabalhadores.
Referências:
COSTA JUNIOR, Eudes Luiz. Gestão em processos produtivos. Curitiba: Ibpex, 2008.
OSNY AUGUSTO JUNIOR. Estrutura e métricas seis sigma. Curitiba, 2010.
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