Os opiliões são um grupo de aracnídeos da Ordem Opiliones, contando com mais de 6000 espécies descritas em todo o mundo. São o terceiro grupo mais numeroso da classe Arachnida, atrás apenas de escorpiões e aranhas. São comumente confundidas com aranhas, entretanto algumas características morfológicas os diferenciam facilmente: os opiliões apresentam apenas um par de olhos e possuem o cefalotórax e o abdômen fusionados, sem nenhuma constrição entre estas partes como visto nas aranhas.
Segundo os fósseis encontrados do período carbonífero (a cerca de 300 milhões de anos atrás), a fusão corporal em um plano básico é uma característica antiga neste grupo de artrópodes, lhes diferenciando dos demais aracnídeos há muito tempo. Ainda assim, existe grande debate na comunidade cientifica sobre sua posição filogenética, ora aproximando os opiliões dos ácaros, ora os colocando próximos a algumas classes de escorpiões.
Uma característica marcante da maior parte das espécies de opiliões é a grande diferença de tamanho entre o corpo e as pernas, que chegam a ser diversas vezes maiores que o corpo. Suas pernas longas, além de permitirem um bom deslocamento em diferentes terrenos, servem como órgãos sensoriais, explorando o ambiente. Os opiliões possuem quelíceras, assim como as aranhas. Nenhuma espécie conhecida apresenta glândulas de veneno, o que os torna inofensivos. Além disso, eles não são dotados de estruturas produtoras de teia.
Embora sejam onívoros (se alimentando tanto de insetos e fungos quanto de plantas e material fecal de outros animais), os opiliões não são considerados predadores eficientes. Sua visão é ruim quando comparada a das aranhas, sendo que espécies que vivem em cavernas nem mesmo possuem olhos. Quando se alimentam, removem partes do alimento com as quelíceras e as internalizam com a ajuda dos pedipalpos. Realizam a digestão internamente, absorvendo os nutrientes no estomago e liberando os resíduos pelo ânus.
Devido ao tamanho diminuto, sua respiração ocorre eficientemente apenas através de dutos traqueais encontrados em locais específicos do corpo (como na base das pernas ou no segundo segmento da perna). Se reproduzem através de fecundação interna, sendo os opiliões machos os únicos aracnídeos dotados de pênis. Existem diversos rituais de corte que envolvem desde o estimulo da fêmea através do toque em suas pernas até o oferecimento de um presente nupcial na forma de uma secreção das quelíceras do macho. Os machos costumam guardar o local de vida das fêmeas quando elas depositam os ovos, sendo que algumas espécies constroem ninhos. Os machos guardam os ovos até o nascimento, limpando-os e afastando predadores, um comportamento raro entre os aracnídeos.
A fêmea opilião consegue depositar ovos por muitos meses depois de apenas uma copula. Os ovos podem maturar em menos de um mês ou levar até seis meses para que as ninfas nasçam. A maior parte das espécies possui entre quatro e oito estágios de ninfa até se tornarem adultos férteis com expectativa de vida de um ano. Os opiliões são pacíficos e gregários, vivendo em numerosos grupos para evitar predadores e sobreviver intemperes climáticos.
As defesas anti-predatórias de opiliões são um dos aspectos mais estudos deste grupo de aracnídeos. A coloração ou hábitos crípticos está presente em muitas espécies, que chegam até mesmo a aderir pedaços de folhas ou solo em seus corpos usando secreções adesivas. Algumas espécies diurnas apresentam coloração aposemática, ou seja, padrões de cores claras e fortes que enganam predadores que os consideram venenosos ou perigosos. A tanatose é o comportamento de parecer morto, usado por alguns opiliões quando atacados, retraindo suas pernas junto ao corpo. A autotomia é a capacidade de voluntariamente perder membros durante um ataque a fim de distrair o predador e fugir. Graças a células marca-passo especiais localizadas nas pernas, estímulos nervosos fazem com que a perna continue a se mover mesmo amputada, efetivamente distraindo os agressores. Contudo, opiliões utilizam isto como último recurso, uma vez que são incapazes de se regenerar posteriormente. Por fim, podemos citar os ozosporos, glândulas de cheiro, que liberam um aroma desagradável quando o opilião é incomodado.
Referências:
Ruppert, E.E. and Barnes, R.D., 1994. Invertebrate zoology (Vol. 6). New York: Saunders College Publishing.
Gnaspini, P. and Hara, M.R., 2007. Defense mechanisms. Harvestmen: the biology of opiliones, pp.374-399.
Fowler-Finn, K.D., Triana, E. and Miller, O.G., 2014. Mating in the harvestman Leiobunum vittatum (Arachnida: Opiliones): from premating struggles to solicitous tactile engagement. Behaviour, 151(12-13), pp.1663-1686.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/animais/opiliao/
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