Vila Rica de Ouro Preto surgiu por volta do século XVIII quando, levados pela descoberta do ouro nas Minas Gerais, diversos aventureiros partiram para aquelas terras em busca do metal precioso.
Contam as histórias, que são comuns nestas terras, que um homem, ao meter sua gamela no ribeirão Tripuí para beber água, retirou do fundo do ribeirão umas pedras escuras que guardou consigo e levou para Taubaté, interior de São Paulo. As pedras chegaram então às mãos do Governador Artur de Sá e Menezes, no Rio de Janeiro, que identifica o tão esperado ouro.
A notícia, claro, se espalhou logo e diversos bandeirantes partem para a região que, souberam, ficava perto de uma formação rochosa chamada pelos índios de Pico do Itacolomi, para tentar a sorte. Mas, foi só em 1698 que outro paulista chamado, Antônio Dias de Oliveira encontra a tal formação e descobre um riquíssimo veio de ouro. Antônio Dias, então, se estabelece no local e manda chamar seus amigos e parentes que logo vão para lá e erguem a primeira igreja do local que os historiadores acreditam ser a atual Capela de São João Batista.
Mas a dedicação exclusiva a mineração leva a uma deficiência na provisão de comida para os mineradores e bandeirantes estabelecidos na região, o que retarda um pouco o desenvolvimento do arraial. Porém, como o ouro brotava fácil daquelas terras, logo o entorno do Itacolomi recebe tantos forasteiros que a situação provoca uma guerra entre forasteiros e paulistas (que controlavam a maior parte da exploração aurífera): a Guerra dos Emboabas que começou em 1708 e durou até o ano seguinte teve como vitoriosos os forasteiros que, liderados por Manuel Antunes Viana permaneceram na região.
Em 1711, os arraiais ao redor de Ouro Preto estavam em tal estágio de desenvolvimento que o governador da capitania resolve criar “Vila Rica”. Mas naquela época o arraial que mais prosperava era o conhecido como Ouro Podre no qual Pascoal da Silva Guimarães, um comerciante português, enriquece tornando-se seu principal explorador. Porém, Pascoal resolve se rebelar contra o controle da Coroa portuguesa e o pagamento do Quinto dando início ao episódio conhecido como “Sedição de Vila Rica”. O governador Dom Pedro de Almeida, Conde Assumar, resolve por isso, dar-lhe uma lição e manda enforcar o fiel partidário de Guimarães, Felipe dos Santos, além de incendiar o arraial de Ouro Podre, fazendo com que o local fique, ainda hoje, conhecido como “Morro da Queimada”.
Conforme os arraiais foram crescendo e ficando mais próximos foi formado o Núcleo de Vila Rica composto pelo arraial de Ouro Preto e o de Antônio Dias. Daí até 1760, Vila Rica, e os arraiais próximos (Padre Faria, Antônio Dias, Paulistas, Bom Sucesso, Taquaral, São João, Piedade, Caquende e Sant’Ana) experimentam um crescimento sem precedentes. A cultura e a arte se desenvolvem como nunca e a riqueza das edificações e das festas populares marca uma época gloriosa para a região.
Porém, em 1788 a cada vez maior, dificuldade em se retirar o ouro e os pesados impostos da Coroa criam um terreno bastante propício para o florescimento dos ideais revolucionários que pipocavam pela Europa e EUA, levando, no ano seguinte, a um dos mais expressivos movimentos políticos brasileiros, a Inconfidência Mineira. Mal lograda devido à denúncia de Joaquim Silvério dos Reis, a Inconfidência Mineira foi um importante momento da história de Ouro Preto. Como punição aos transgressores, a cabeça do principal inconfidente, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é decapitada e fica exposta em Vila Rica na praça hoje conhecida como Praça Tiradentes.
A partir do século XIX a mineração começa a declinar. Porém Vila Rica ainda seria a capital da Província de Minas Gerais no período de 1823 a 1897 quando foi inaugurada Belo Horizonte, passando a se chamar “Imperial Cidade de Ouro Preto”. É nesse período que se estabelece ali a primeira “Escola de Farmácia” da América Latina, em 1839. E a famosa Escola de Minas de Ouro Preto, em 1876, a mando do próprio Dom Pedro II.
Com a transferência da capital para Belo Horizonte, em 1897, a cidade perde “o bonde” do desenvolvimento que transformou a maioria das principais cidades brasileiras no século XX. O que, se por um lado, impediu que a cidade continuasse crescendo tal qual fizera no passado, por outro, permitiu que fossem preservadas suas características dos tempos áureos: seus casarões em estilo característico, as ruas e vielas estreitas, as belíssimas igrejas ornadas em ouro, as festas populares e a arte barroca tão bem expressa e preservada fizeram com que, em 1938, Ouro Preto fosse decretada como “Monumento Nacional” e depois, em 1980, tombada como “Patrimônio Cultural da Humanidade” pela Unesco.
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