Regência verbal é a parte da língua que se ocupa da relação entre os verbos e os termos que se seguem a ele e completam o seu sentido.
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos.
Para entender melhor sobre esse assunto e não errar mais, confira abaixo alguns exemplos e suas respectivas explicações:
Nos exemplos acima, morar é um verbo transitivo indireto, pois exige a preposição em (morar em algum lugar).
No segundo exemplo, implicar é um verbo transitivo direto, pois não exige preposição (implicar algo, e não implicar em algo).
No terceiro exemplo, ir exige a preposição a, o que faz dele um verbo transitivo direto.
Na forma padrão, a oração “Isso implica em mudança de horário” não está correta.
Vamos ver exemplos de alguns verbos e entender como eles são regidos. Alguns, conforme o seu significado, podem ter mais do que uma forma de regência.
a) com o sentido de ver exige preposição:
Que tal assistirmos ao filme?
b) com o sentido de dar assistência não exige preposição:
Sempre assistiu pessoas mais velhas.
c) com o sentido de pertencer exige preposição:
Assiste aos prejudicados o direito de indenização.
No último quadrinho Calvin fala corretamente "assistir ao vídeo"O verbo chegar é regido pela preposição “a”:
Chegamos ao local indicado no mapa.
Essa é a forma padrão. No entanto, é comum observarmos o uso da preposição “em” nas conversas informais, cujo estilo é coloquial: Chegamos no local indicado no mapa.
a) com o sentido de ser custoso exige preposição:
Aquela decisão custou ao filho.
b) com o sentido de valor não exige preposição:
Aquela casa custou caro.
O verbo obedecer é transitivo indireto, logo, exige preposição:
Obedeça ao pai!
Na linguagem informal, entretanto, ele é usado como verbo transitivo direto: Obedeça o pai!
a) com o sentido de fundamento é verbo intransitivo:
Essa sua desconfiança não procede.
b) com o sentido de origem exige preposição:
Essa sua desconfiança procede de situações passadas.
a) com o sentido de objetivo exige preposição:
Visamos ao sucesso.
Na variante coloquial, encontramos o verbo sendo utilizado sem preposição, ou seja, como verbo transitivo direto: Visamos o sucesso.
b) com o sentido de mirar não exige preposição:
O policial visou o bandido à distância.
O verbo esquecer é transitivo direto, logo não exige preposição:
Esqueci o meu material.
No entanto, na forma pronominal, deve ser usado com preposição: Esqueci-me do meu material.
a) com o sentido de desejar não exige preposição:
Quero ficar aqui.
b) com o sentido de estimar exige preposição:
Queria muito aos seus amigos.
a) com o sentido de respirar ou absorver não exige preposição:
Aspirou todo o escritório.
b) com o sentido de pretender exige preposição:
Aspirou ao cargo de ministro.
O verbo é transitivo direto e indireto, assim ele exige um complemento sem e outro com preposição:
Informei o acontecimento aos professores.
O verbo ir é regido pela preposição “a”:
Vou à biblioteca.
a) com o sentido de consequência, o verbo implicar é transitivo direto, logo não exige preposição:
O seu pedido implicará um novo orçamento.
b) com o sentido de embirrar, é transitivo indireto, logo exige preposição:
Implica com tudo!
O verbo morar é regido pela preposição “em”:
Mora no fim da rua.
O verbo namorar é transitivo direto, apesar de as pessoas o usarem sempre seguido de preposição:
Namorou Maria durante anos.
"Namorou com Maria durante anos" não é gramaticalmente aceito.
O verbo preferir é transitivo direto e indireto. Assim:
Prefiro carne a peixe.
O verbo simpatizar é transitivo indireto e exige a preposição "com":
Simpatiza com os mais velhinhos.
a) com o sentido de convocar não exige complemento com preposição:
Chama o Pedro!
b) com o sentido de apelidar exige complementos com e sem preposição:
Chamou ao João de Mauricinho.
Chamou João de Mauricinho.
Chamou ao João Mauricinho.
Chamou João Mauricinho.
a) quando informamos o que pagamos o complemento não tem preposição:
Paga o sorvete?
b) quando informamos a quem pagamos o complemento exige preposição:
Paga o sorvete ao dono do bar.
Leia também:
Há também a regência nominal, que é a relação entre nomes e seus complementos. Essa relação é estabelecida através de preposições.
Exemplos:
Leia também: Concordância verbal e nominal e Exercícios de concordância verbal.
1. (UPM-SP) A regência verbal está errada em:
a) Esqueceu-se do endereço. b) Não simpatizei com ele. c) O filme a que assistimos foi ótimo. d) Faltou-me completar aquela página. e) Aspiro um alto cargo político.
Alternativa e: Aspiro um alto cargo político.
Correção: Aspiro a um alto cargo político.
Ver Resposta2. (UFPA) Assinale a alternativa que contém as respostas corretas.
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família. II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a aceitar qualquer ajuda do sogro. III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque, embora fosse tão humilde. IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeitavam a sala, desmaiou.
a) II, III, IV b) I, II, III c) I, III, IV d) I, III e) I, II
Alternativa a: II, III, IV
Correção da oração I: Visando apenas aos seus próprios interesses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família.
Ver Resposta3. (Fuvest) Indique a alternativa correta:
a) Preferia brincar do que trabalhar. b) Preferia mais brincar a trabalhar. c) Preferia brincar a trabalhar. d) Preferia brincar à trabalhar. e) Preferia mais brincar que trabalhar.
Alternativa c: Preferia brincar a trabalhar.
O verbo preferir é transitivo direto e indireto, logo exige complemento com e sem preposição. Sua construção deve ser: Prefiro (uma coisa) + preposição "a" + (outra coisa).
De acordo com a língua culta, não se deve usar intensificadores (mais, muito) com o verbo preferir.
Assim:
a) A alternativa está errada porque usa "do que trabalhar" em vez de "a trabalhar". b) A alternativa está errada porque usa o intensificador "mais". d) A alternativa está errada porque usou a forma errada da crase. e) A alternativa está errada porque além de usar o intensificador "mais", também usa "que trabalhar" em vez de "a trabalhar".
Ver Resposta4. (Fuvest) Assinale a alternativa gramaticalmente correta:
a) Não tenho dúvidas que ele vencerá. b) O escravo ama e obedece a seu senhor. c) Prefiro estudar de que trabalhar. d) O livro que te referes é célebre. e) Se lhe disseram que não o respeito, enganaram-no.
Alternativa e: Se lhe disseram que não o respeito, enganaram-no.
Correção das restantes frases:
a) Não tenho dúvidas de que ele vencerá. b) O escravo ama o seu senhor e o obedece. c) Prefiro estudar a trabalhar. d) O livro a que te referes é célebre.
Ver Resposta VEJA TAMBÉM: Exercícios de Regência verbal Márcia FernandesProfessora, pesquisadora, produtora e gestora de conteúdos on-line. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos.Show life that you have a thousand reasons to smile
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