De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 164), o adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo, qualquer que seja a função deste. Como o próprio nome sugere, ele acompanha o nome, ou seja, o substantivo. É importante frisar que o adjunto adnominal tem valor acessório na construção das orações. Isso significa que, ao se juntar ao nome, ele acrescenta dados novos, porém dispensáveis à compreensão dos enunciados. Para a identificação das finalidades do adjunto em foco, sugere-se a leitura de trecho do romance Menino de engenho, do escritor paraibano José Lins do Rego:
João Rouco vinha com três filhos para o eito. A mulher e os meninos ficavam em casa, no roçado. Com mais de setenta anos, aguentava o repuxo todo, como o filho mais novo. A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as pernas duras. Não havia rojão para o velho caboclo do meu avô. Não era subserviente como os outros. Respondia aos gritos do coronel José Paulino, gritando também. Talvez porque fossem da mesma idade e tivessem em pequeno brincado juntos.
Esse trecho do romance ocupa-se de nos contar um pouco da rotina de trabalho de João Rouco, bem como de descrevê-lo fisicamente. Trata-se de um homem, com invejável vigor físico no auge de seus mais de setenta anos, que trabalha de forma braçal como se fosse o seu filho caçula. Em A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as pernas duras, perceba que os adjetivos murcha e sem dentes (desdentado) foram empregados para caracterizar a boca do personagem, ao passo que rijos definem os seus braços e duras, as suas pernas. Ao acompanharem os nomes (os substantivos), os adjetivos funcionam como “adjuntos adnominais” no contexto dos enunciados.
Além da forma adjetiva, o tipo de adjunto em questão pode vir expresso por meio do artigo (definido e indefinido), como em:
A mulher e os meninos ficavam em casa, no roçado.
Os artigos grifados definem os integrantes da família de João Rouco. Diferentemente, se fosse dito “Uma mulher...”, pois o artigo “uma” não definiria que se tratava de sua mulher.
Os numerais também podem funcionar como adjuntos adnominais:
O primeiro numeral cardinal, em destaque, especifica a quantidade de filhos do João Rouco, enquanto o segundo, a idade que ele possui.
Veja, a seguir, outras maneiras pelas quais os adjuntos adnominais podem vir expressos:
1. Locução adjetiva
(Entende-se “locução” como a junção de duas ou mais palavras que compõem um significado único):
A pobre jovem sempre dizia que a sua vida estava sem cor.
A locução em evidência corresponde ao adjetivo “descolorida”, utilizado como metáfora para se referir à vida sem expressividade da jovem.
2. Pronome adjetivo
3. Oração adjetiva
É pertinente elucidar que um mesmo substantivo pode estar interligado a mais de um adjunto adnominal:
Para finalizar: O adjunto adnominal une-se a um nome (substantivo), com o intuito de precisar o seu significado. Contudo, vale reiterar que se trata de um termo acessório, visto que a sua presença é dispensável para a compreensão do enunciado.
Referências: CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Adjunto Adnominal. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 164-165.
REGO, José Lins do. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.
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