A arte do nordeste tem influência indígena, africana e europeia, portanto, é rica em diversidade e originalidade. O fazer arte já é tradição para muitas famílias nordestinas. De geração em geração, o gosto pelo artesanato e pela literatura é passado, e assim, a arte nordestina tem alcançado o Brasil e o mundo com sua beleza e autenticidade.
Os artistas responsáveis pela criação das obras nem sempre atuam em carreira solo. É muito comum encontrar comunidades que são conhecidas Brasil à fora pela arte que produzem coletivamente.
Vitalino Pereira dos Santos, conhecido popularmente como Mestre Vitalino, é um dos artesãos mais famosos do nordeste, sendo considerado o pai dos bonecos de barro. Nascido em Caruaru, Pernambuco, o artista retrata em suas obras a realidade do sertão nordestino, as belezas naturais e o cotidiano do sertanejo.
Sua arte teve algumas fases. Inicialmente, ele utilizava argila vermelha e branca e, após a secagem, coloria suas peças com tinta industrial, o que trazia alegria para a obra. Em um segundo momento passou a não colorir mais suas peças, deixando apenas o barro queimado, trazendo mais dramaticidade para a obra.
Sua contribuição para a arte nordestina é tamanha que em 2017 o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC) aprovou o tombamento do acervo de Mestre Vitalino. Além disso, ele é o único artista brasileiro que possui uma série de trabalhos expostos na mostra permanente do Museu do Louvre em Paris.
Joana Carneiro, moradora da cidade de Majorlândia, litoral cearense e é considerada a percussora da ciclogravura, isto é, a arte das garrafas de areia colorida famosas no nordeste.
Conta-se que a senhora enchia garrafas de vidro com areia colorida retirada dos morros da região e, certa vez, uma das garrafas virou formando uma paisagem. Seu filho, Antônio Eduardo Carneiro, fica maravilhado com o resultado daquele acidente e passa a se dedicar ao desenho com areia dentro da garrafa de vidro. Ele ficou conhecido como “Toinho da Areia Colorida” e junto com sua mãe, foi o percussor dessa arte.
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, é um nome importante para a literatura de cordel. Ele foi poeta e repentista que escrevia e cantava sobre um olhar crítico da realidade sofrida do sertanejo nordestino. Mesmo com uma linguagem simples e muito pautada na oralidade, seus cordéis eram muito poéticos.
Ademais, teve seu nome conhecido pelo Brasil quando, em 1964, Luiz Gonzaga gravou seu poema “Triste Partida”. Não somente os brasileiros tiveram a oportunidade de ler e ouvir Patativa do Assaré. Seus poemas também foram fonte de estudo do curso de Literatura da Universidade de Sobborne, na França.
A Comunidade de Maragogipinho na Bahia é referência quanto a autenticidade e beleza no trabalho com a cerâmica. Eles são considerados o maior centro oleiro da América Latina. Ademais, o trabalho com a argila ainda é feito com instrumentos antigos como o torno de madeira movido a pé e o forno à lenha.
Suas peças podem ser utilizadas tanto para decoração como para o dia a dia, como potes, moringas, copos, entre outros. Além disso, a identidade de suas obras está no acabamento com o tauá, um argila tingida por óxido de ferro, e a pintura com a tabatinga, uma argila branca.
O bairro do Morro da Mariana em Ilha Grande, Piauí, é o local onde um grupo de mulheres se reúne para a confecção de renda. A técnica utilizada é o bilro, pequenas peças de madeira semelhantes a fusos, que foi passada de geração em geração.
As artesãs são conhecidas no Brasil e no exterior. Suas rendas já vestiram a ex-primeira-dama, Marisa e Sophia Raia, filha de Cláudia Raia com Edson Celulari. Com o passar do tempo e o aprimoramento da técnica, as rendeiras passaram não só a produzir a metragem do tecido, mas o próprio vestuário em si. Isso as fez alcançar as passarelas nacionais e internacionais.
Referência Bibliográficas:
ANDRADE, Ramon. Maragogipinho é considerado o maior pólo de cerâmica para artesanato da América Latina. Visite o Brasil, 2021. Disponível em:
COSTA, Catarina. Rendeiras ganham fama ao levar artesanato colonial às passarelas. G1, 2014. Disponível em:
FERREIRA, Tatiana. Da Paisagem ao Território: a arte das garrafas de areia colorida e experiências de mapeamento social em Majorlândia/CE. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 115. 2014.
FRAZÃO, Dilva. Mestre Vitalino. eBiografia. Disponível em:
FRAZÃO, Dilva. Patativa do Assaré. eBiografia. Disponível em:
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/artes/artistas-nordestinos/
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