As Mil e Uma Noites

As Mil e Uma Noites – originalmente Alf Lailah Oua Lailah – é um clássico da literatura árabe, especificamente da Pérsia. Uma das obras literárias mais sedutoras e mágicas já produzidas pela Humanidade, ela reúne em si vários contos de procedência oriental, coletados possivelmente entre os séculos XIII e XVI.

Estas histórias foram organizadas de tal forma que cada uma delas é concluída com um elo que a liga à narrativa seguinte, o que envolve o leitor em uma teia sem fim, e o leva do começo ao fim da obra até que o suspense que paira no ar se esgote. Neste momento quem o lê já se encontra irremediavelmente seduzido pela narradora, Scherezade, a engenhosa tecelã de palavras, da mesma forma como se sentiu Schahriar, o Califa de Bagdá, ao se aproximar a milésima primeira noite de narração dos contos que o libertam de sua obsessão mortífera.

A referência às mil e uma histórias indica sempre uma solução de continuidade e infinitas possibilidades narrativas, enquanto a alternativa de uso do número mil pode transmitir a sensação de algo concluído, totalmente encerrado, o que descaracterizaria o propósito do livro, que pretende ser uma obra aberta.

As narrativas mais antigas que integram este clássico da literatura oral muçulmana são de origem egípcia, provavelmente do século XII. Com o passar do tempo novas histórias foram adicionadas à criação original – contos persas, hindus, siríacos e judaicos -, revelando sua natureza flutuante, uma vez que seu teor se modifica conforme novos textos vão sendo publicados. Antoine Galland, respeitado orientalista francês, se encarregou de transportar o encanto e a sedução de um distante Oriente, repleto de magia, para o universo ocidental, a partir de 1704. Atualmente as publicações mais conhecidas são as que se inspiram nas traduções de Sir Richard Francis Burton, de 1850, e de Andrew Lang, de 1898.

O núcleo básico desta obra, que dá início e impulso às narrativas, envolve a relação entre o Califa de Bagdá e sua mais recente esposa e supostamente sua próxima vítima, Scherezade. O rei persa, após ser traído por sua mulher com seu próprio escravo, manda executá-la e decide se vingar do gênero feminino. Ele se casa cada dia com uma jovem, a quem mata no dia posterior. Durante três anos ele pratica o mesmo ritual, até que não haja mais jovens virgens em seu reino. É quando a filha do Vizir, Scherezade, a mais bela donzela da corte, decide se casar com o Califa, apesar de todos os riscos. Muito inteligente e astuta, ela arma um plano com a ajuda de sua irmã, Dinazarda, que com a permissão do soberano dorme também no quarto nupcial.

Conforme combinado, a cunhada do Califa convida a irmã a lhe narrar um de seus contos fantásticos. Encantado com a narrativa, que ela habilmente não conclui, despertando sua inevitável curiosidade, ele adia a execução da jovem, que vai intercalando uma história a outra, enredando-o em uma teia bem urdida, que ao mesmo tempo vai curando suas feridas e seduzindo-o. No fim das mil e uma noites o rei se revela completamente apaixonado e desiste de matá-la, bem como de sua desvairada vingança.

Esta ancestral e sedutora narrativa tem inspirado, ao longo da História, diversas obras literárias, teatrais, cinematográficas e artistas de todas as partes do Planeta. Recentemente a escritora Nélida Piñon partiu deste clássico da literatura universal para compor seu surpreendente romance, Vozes do Deserto, publicado em 2004 pela Editora Record.

Fonteshttp://pt.wikipedia.org/wiki/As_Mil_e_uma_Noites http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1354

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