O jeans, peça hoje indispensável no vestuário de cada um, iniciou sua incomum trajetória na cidade de Nimes, na França, produzido pioneiramente neste recanto francês. Mas foi em Maryland, nos EUA, que esta peça se tornou célebre, não criada por estilistas famosos, mas fabricada por um comerciante que se imortalizaria na tentativa de melhor utilizar o tecido de algodão sarjado, conhecido como ‘denim’, em referência ao local onde foi gerado, destinado à produção de lonas, para as quais já não havia mais mercado.
Ciente de que os mineiros, em meados de 1850, no ápice da exploração do ouro, na Califórnia, careciam de uniformes vigorosos e de alta durabilidade, o alemão Oscar Levi-Strauss teve a idéia de transformar o material, vindo de Maryland, normalmente na coloração marrom, em calças confeccionadas com três bolsos que eram fixados com tiras. O sucesso foi imediato, pois esta roupa era extremamente resistente, tão adequada para trabalhos pesados, que foi adotada também pelos trabalhadores rurais e ferroviários. A patente de sua criação foi concedida em 1873, e o comerciante morreu em 1902, deixando uma pequena fortuna.
Posteriormente o jeans se adaptaria a outros usos, sendo amaciado com a lavagem de pedras antes de sua comercialização, processo realizado por um alfaiate que, no futuro, se uniria a Levi-Strauss. Quando produzido, ainda no processo de tecimento, ele apresentava uma coloração esverdeada, adquirindo o conhecido tom azul índigo apenas com a passagem do tempo e a incidência da luz.
Quando esta peça do vestuário invade o mercado, a partir do século XX, não mais direcionada para os trabalhadores, mas para um público mais amplo, ela inova a moda e subleva as massas, principalmente no auge do movimento hippie, que se vale deste item da indumentária para protestar contra um estilo de vida considerado conservador e tradicional. Assim, o jeans assume um caráter rebelde, mas é logo depois absorvido pelos mecanismos do sistema capitalista, finalmente incorporado ao mercado têxtil e adotado por estilistas famosos.
Hoje o jeans mais moderno não difere tanto do criado por Levi-Strauss para os mineiros norte-americanos, apesar das modernizações improvisadas pelos criadores da moda. Ao contrário de outras peças do figurino, o jeans nasceu na base da hierarquia social e, com o passar do tempo, ascendeu de tal maneira os degraus da sociedade moderna que, atualmente, chegou ao topo da escala hierárquica. Na sociedade contemporânea ele se tornou um elemento tradicional, presente em todos os guarda-roupas, de ricos e pobres.
No cinema ele também se imortalizou, sobre a pele dos rebeldes personagens de Marlon Brando e de James Dean, sendo inicialmente associado a movimentos de insurreição e à completa liberdade. Os mesmos jovens que incorporaram o uso do jeans, o consagraram também na maturidade, associando-o a elementos mais formais, como a camisa, o blazer e a gravata.
Calvin Klein foi o estilista pioneiro na história do jeans, provocando polêmica nos anos 70 ao levar esta peça às passarelas. Mas logo depois ele seria imitado por várias outras grifes, como as marcas Levi’s, Lee, Ellus, entre outras.
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