O maior grupo de fungos registrados no mundo pertence aos ascomicetos com 64.163 espécies. Reconhecem-se estes fungos pela importância ecológica, ou econômica. São exímios decompositores de matéria orgânica e, popularmente conhecidos como bolores verde-azulados, vermelhos ou castanhos. Os ascomicetos produzem grande aparato enzimático, o que os tornam potenciais decompositores e cicladores de matéria orgânica nos ambientes (sapróbios). Outros são endofíticos, ou seja, vivem em simbiose no interior das plantas. Os líquens são resultados da associação entre um ascomiceto e uma alga verde, ou uma cianobactéria. Muitos destes fungos produzem enzimas e diferentes metabólitos que são utilizados em setores industriais, como o alimentício, produzindo queijos e molhos; ou farmacêutico, produzindo antibióticos, vitaminas, ácidos orgânicos, etc. Contudo, muitas espécies são conhecidas como patógenos devastadores de plantações importantes à população; ou causando doenças em animais, incluindo o homem.
O conjunto de hifas forma a estrutura típica e representativa dos fungos referida antes como corpo de frutificação e, hoje, por ascoma (figura 2) para os ascomicetos. O ascoma é uma estrutura de reprodução sexuada, macroscópica e com período curto de duração em um ciclo de vida; formam ascos, estruturas cilíndricas e em forma de saco produtoras de ascósporos, os esporos deste grupo. As hifas destes fungos possuem septo com uma pequena abertura, por onde há passagem de citoplasma, mas raramente de núcleos. No entanto, as hifas podem ser uninucleadas, ou multinucleadas, o que caracteriza um micélio dicariótico (com dois núcleos distintos geneticamente). Existem ainda as leveduras, que são formas unicelulares dos ascomicetos e se desenvolvem em determinadas condições de temperatura e oferta de nutrientes.
A reprodução sexuada envolve o encontro de dois indivíduos diferentes geneticamente. Desta forma, ascósporos de espécies distintas são liberados no ambiente e ao germinarem originam o micélio haploide (n). Este micélio origina gametângios, os ascogônios (estruturas femininas) e os anterídios (estruturas masculinas), que antes de formar o ascoma se fundem ocorrendo plasmogamia, onde há mistura de materiais citoplasmáticos distintos; os núcleos são trocados via tricógine (prolongamento hifálico). O resultado será a formação de um micélio dicariótico (n + n) que originará o ascoma. No ápice deste ascoma há células em forma de ganchos onde ocorrerá a fusão de núcleos diferentes, a cariogamia. Posteriormente, há a formação do núcleo diplóide (zigoto), única fase diplóide (2n) do ciclo de vida dos ascomicetos. Em seguida, formam-se os ascos e o núcleo diplóide se divide por meiose, em seguida, por mitose originando os ascósporos (n), que retornam ao ambiente iniciando um novo ciclo.
Este tipo de reprodução ocorre após a liberação do ascósporo que germina e forma um micélio. Este micélio se diferencia em estruturas assexuadas conhecidas como conidiomas e subdivididas em conidióforos, células conidiogênicas e conídios (figura 3). Antigamente, as estruturas de reprodução assexuada não eram observadas durante o ciclo de vida dos ascomicetos e, com isso, eram isoladas e identificadas como um fungo. Durante muito tempo, os especialistas classificavam estes fungos como Deuteromycetes. Atualmente, estas formas ou morfas, como chamam os especialistas, são referidas como fungos anamórficos, anamorfos, ou conidiais. Muitos trabalhos são realizados no mundo com essas formas, pois crescem e vivem independentemente do ciclo de reprodução sexuado. Além disso, são fundamentais para a ciclagem de nutrientes do ambiente e possuem grande aplicação econômica.
Leia também:
Bibliografia recomendada:
http://tolweb.org/Ascomycota (consultado em maio de 2018)
Kirk, P.M., Cannon, P.F., Minter, D.W. & Stalpers, J.A. 2008. Dictionary of the Fungi. 10th ed. CAB International, Wallingford.
Evert, R.F. & Eichhirn, S.E. 2014. Raven/ Biologia Vegetal. 8ª edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, pp.278-316
Terçaroli, G.R., Paleari, L.M. & Bagagli, E.2010. O incrível mundo dos fungos. São Paulo, Ed. Unesp, 125p.
Bononi, V.L. (org.). 1998. Zigomicetos, Basidiomicetos e Deuteromicetos. São Paulo: Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 181p.
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