A baleia franca é um mamífero marinho da ordem dos cetáceos, subordem Mysticeti. Seu gênero, Eubalaena, compreende três espécies de baleia, que apresentam diferentes faixas de distribuição ao redor do globo. A Baleia Franca Austral (Eubalaena australis), habita a região circumpolar do Hemisfério Sul; a espécie Eubalaena glacialis é encontrada no Atlântico Norte; e a Baleia Franca do Pacífico (Eubalaena japonica), habita a porção norte deste oceano, sendo encontrada na costa oeste dos Estados Unidos e em países como Rússia e Japão.
Considerada como uma das maiores espécies de Misticetos, a Baleia Franca apresenta faixa de comprimento entre 14-18 metros, e pode pesar até 80 toneladas. Seu corpo é predominantemente preto, com algumas manchas brancas no ventre, além de calosidades brancas e cinzas no topo de sua cabeça, as quais são formadas pelo espessamento natural da pele e permitem o fácil reconhecimento das espécies. As calosidades podem apresentar pelos, e geralmente abrigam crustáceos ciamídeos, vulgarmente conhecidos como “piolhos de baleia”, que alteram a coloração das calosidades, tornando-as amareladas. Estes crustáceos colonizam os filhotes de Baleia Franca logo após o seu nascimento e permanecem nestes indivíduos por toda a sua vida, sem causar nenhum dano aparente.
As Baleias Franca apresentam dois orifícios respiratórios responsáveis pelo seu esguicho em forma de V, e uma mandíbula arqueada, adaptada para as mais de 500 “barbatanas bucais”, que auxiliam na filtração de alimento. Estas estruturas podem medir até cerca de 2 metros de comprimento, formando uma cortina gigante dentro da boca, e chegam a reter 2 toneladas de krill e outros pequenos crustáceos por dia. Entretanto, ao contrário da maioria dos Misticetos, a Baleia Franca não apresenta sulcos na garganta, responsáveis por auxiliar na alimentação dos cetáceos. Desta forma, estes animais desenvolveram outra estratégia para se alimentar, nadando com a boca aberta através de manchas de zooplâncton.
As Baleias Franca atingem a maturidade sexual entre 5-10 anos de idade, e suas gestações duram por volta de 12 meses. Após o nascimento, os filhotes são alimentados pela fêmea através de fendas mamárias, estrutura ausente nos machos. A cópula destes animais parece ser poliândrica, ou seja, com diversos machos, os quais rolam aleatoriamente na água mostrando as nadadeiras, parte da barriga e da cabeça, como forma de cortejar as fêmeas. O início da temporada reprodutiva se dá quando estes cetáceos migram para águas costeiras e mais quentes durante o inverno, onde as fêmeas criam seus filhotes em baías e áreas rasas, a fim de protegê-los contra predadores como tubarões e orcas. Com o fim da temporada, estes cetáceos retornam para as regiões subpolares no verão, em busca de águas mais frias e produtivas. Durante estas migrações, as Baleias Franca costumam ser avistadas em pares, podendo formar grupos de até 12 indivíduos. É possível que estas baleias nadem em grupos maiores, porém indevidamente contabilizados, devido à dispersão dos indivíduos que se comunicariam através de sons de baixa frequência. Além disso, o comportamento sociável da Baleia Franca pode ser destacado, visto que esta espécie nada em conjunto com outros cetáceos.
Por serem animais lentos e frequentes em áreas costeiras, a Baleia Franca foi alvo de intensa caça desde o século 19, originando seu nome vulgar Right Whale - em inglês baleia (de captura) certa. Durante o século XX, a Baleia Franca chegou à beira da extinção, sendo uma das pioneiras a receber o status de proteção em 1935. Atualmente, as populações da espécie Eubalaena australis encontram-se classificadas como ‘de menor preocupação’ pela IUCN, enquanto que as espécies Eubalaena japonica e Eubalaena glacialis permanecem listadas como ameaçadas de extinção. Apesar de a caça não representar mais um fator determinante para a manutenção destas espécies, outros aspectos como a perda e modificação de habitat, colisões com navios, poluição marinha, aquecimento global e a captura acidental por barcos de pesca, representam os principais riscos para a conservação da espécie, que apresenta alto potencial para o ecoturismo.
Referências:
Animal Diversity Web: http://animaldiversity.org/accounts/Eubalaena_glacialis/
NOOA Fisheries: http://www.nmfs.noaa.gov/pr/species/mammals/whales/north-atlantic-right-whale.html
Projeto Baleia Franca: http://www.baleiafranca.org.br/abaleia/abaleia_caracteristicas.htm
The IUCN Red List of Threatened Species
http://www.iucnredlist.org/details/8153/0; http://www.iucnredlist.org/details/41712/0; http://www.iucnredlist.org/details/41711/0.
WWF Global: http://www.wwf.org.au/what-we-do/species/southern-right-whale#gs.BGSGQU4
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