O habitat é um dos componentes do nicho ecológico de uma espécie, e corresponde ao espaço físico que esta ocupa. Em uma comparação, pode-se dizer que o habitat é o ‘endereço’ ou a ‘casa’ de uma espécie.
O nicho ecológico de uma espécie pode envolver vários componentes: seu alimento, aspectos relacionados à história de vida (reprodução, interações com outros organismos), metabolismo, mecanismos de defesa e o habitat. Este último pode ser descrito como o conjunto de fatores abióticos toleráveis por uma espécie, permitindo assim, seu estabelecimento e sobrevivência em determinado local. Desta forma, o habitat é um conceito baseado nas características físicas e químicas do ambiente, independente da comunidade que o ocupa, embora tais características possam ser modificadas pelos seus habitantes.
Entre as características que compõem o habitat de espécies terrestres estão a temperatura, luminosidade, pH do solo, umidade, disponibilidade de água, entre outros. Variações nesses fatores estão relacionadas à presença ou ausência de espécies em determinadas áreas, como por exemplo a briófita Octoblepharum albidum que habita a Floresta Amazônica, região quente, úmida e com alta pluviosidade. Entretanto, esta mesma espécie não sobreviveria em ecossistemas áridos, como ocorre com os cactos da família Cactaceae, que habitam locais secos e quentes. Espécies de animais aquáticos também podem apresentar diferentes requerimentos em relação ao ambiente em que vivem: peixes de água doce como o lambari do rabo amarelo Astyanax bimaculatus não conseguem sobreviver no mar, devido à falta de mecanismos fisiológicos de tolerância à salinidade. Desta forma, a baixa salinidade é uma das características que compõem um habitat adequado para esta espécie de peixe.
Menções ao habitat comumente levam à visualização de uma grande área natural, como por exemplo, a savana africana, onde vivem leões, zebras, entre outros animais. No entanto, o habitat de uma espécie pode mudar em relação à escala, variando entre micrômetros e quilômetros: no caso de parasitas, o corpo (ou uma porção deste) do hospedeiro representa seu habitat; para um vírus, uma única célula do corpo humano é necessária para seu estabelecimento e sobrevivência; já uma poça d’água corresponde ao habitat perfeito para uma variedade de bactérias.
O termo micro-habitat, no entanto, não corresponde exclusivamente à escala do habitat, e sim aos requerimentos de um indivíduo ou espécie em particular, que são atendidos por um ‘ecossistema em menor escala’, geralmente inserido em um ambiente mais abrangente. Por exemplo, um tronco caído em uma floresta, corresponde ao micro-habitat de algumas espécies de insetos que não são encontradas no ambiente florestal (habitat) livremente, ou seja, ocorrem apenas em associação aos troncos.
A sobrevivência das espécies depende diretamente da associação com um habitat adequado. No entanto, o impacto de pressões antropogênicas como a poluição, as mudanças climáticas e a introdução de espécies exóticas, estão levando à perda de habitat, através da alteração de características físicas e químicas do ambiente, limitando a ocorrência de espécies. Um exemplo é o urso polar Ursus maritimus, cujo habitat vem sendo reduzido em decorrência do aquecimento global, afetando sua distribuição e aumentando seu risco de extinção. Desta forma, preservar a biodiversidade depende também da manutenção de habitats adequados para a sobrevivência das espécies.
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Referências
Environment and Ecology. What is habitat? Disponível em: http://environment-ecology.com/what-is-habitat.html
Whittaker, R. H.; Levin, S. A.; Root, R. B. Niche, habitat, and ecotope. The American Naturalist, v. 107, p. 321-338. 1973.
Winemiller, K. O.; Fitzgerald, D. B.; Bower, L. M.; Pianka, E. R. Functional traits, convergent evolution, and periodic tables of niches. Ecology letters, v. 18, p. 737-751. 2015.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/habitat/
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