As lendas indígenas explicam a origem de várias coisas através de histórias envoltas em mistério e fantasia. Além disso, elas têm um importante papel na educação dos índios.
Contadas em várias regiões do Brasil, onde assumem características diferentes, as lendas surgidas entre os índios brasileiros se popularizaram e fazem parte do nosso folclore.
Iara era uma índia admirada pela sua beleza e também pelo fato de ser uma grande guerreira. Invejosos, seus irmãos resolveram matá-la, mas sendo uma guerreira habilidosa, consegue vencer a luta e é ela quem os mata.
Com medo de ser punida pelo pajé da tribo, foge. O pajé era seu pai, o qual após encontrar Iara resolve castigá-la lançando-a ao rio para que ela morresse, tal como seus irmãos.
No entanto, os peixes salvam a índia, a qual se transforma numa bela sereia que passa a habitar os rios da região da Amazônia. Atraindo os homens para lá, tenta afogá-los.
Segundo a lenda, quem consegue escapar, enlouquece e somente pode ser curado por um pajé.
O Curupira é o protetor das florestas, apresenta como principal característica o fato de ter os pés virados para trás.
Apesar de ser perverso, ajuda os caçadores que lhe oferecem cachaça e fumo, proprocionando-lhes caças bem sucedidas.
Além de estar associado a casos de violência e rapto de crianças, o Curupira pode fazer com que as pessoas se percam na mata.
Para distrair o Curupira e poder escapar dele, deve ser dado um novelo de cipó com a ponta bem escondida. Ao tentar encontrar a ponta, o Curupira se distrai dando tempo para que as pessoas fujam.
O Boto cor-de-rosa é um galanteador que se transforma em um rapaz jovem e muito bonito para se encontrar com as moças da comunidade. Isso acontece principalmente por ocasião das festas juninas.
É conhecido pelo seu chapéu branco que usa para tentar esconder o nariz pontudo que se mantém após a transformação.
Após seduzir as moças, ele as leva para o rio onde as engravida. Quando regressa à comunidade, a moça aparece grávida sem saber quem é o pai do seu filho, motivo pelo qual as crianças que não conhecem o pai dizem ser filhas do boto.
A mandioca é uma raiz cuja origem é explicada a partir de uma menina chamada Mani que foi enterrada numa oca.
Mani, neta do cacique, era muito querida pela sua tribo. Tendo falecido durante o sono, um dia pela manhã sua mãe a encontrou morta com um sorriso descansado e encantador.
A menina foi enterrada na oca onde vivia. Inconsolável com a perda, sua mãe chorava a umedecia a terra com as suas lágrimas da mesma forma como se ela estivesse sendo regada.
Nesse local, nasceu uma planta diferente, a qual a mãe passou a cuidar, até que um dia cavou a terra ao notar que a mesma estava ficando rachada. Ela tinha esperança de que sua filha estivesse renascendo.
Ao cavar a terra, a mãe descobriu a raiz, hoje conhecida como mandioca.
O Boitatá é uma serpente de fogo que protege a floresta. Sua lenda possui várias versões. Em uma delas, uma cobra adormecida durante um longo tempo acordou faminta e para saciar a sua fome comeu os olhos dos animais.
Transformando-se numa cobra de fogo, a sua luz assusta quem quiser fazer mal à floresta durante a noite.
É conhecido através de vários nomes pelo Brasil. Os índios o chamam de Mbaê-Tata e os nordestinos dizem que essa personagem representa a alma dos compadres e das comadres.
Outra versão remonta ao Dilúvio, quando para se proteger, a cobra entrou num buraco escuro. Lá, os seus olhos cresceram. De dia, o Boitatá não enxerga, mas à noite vê com clareza.
O guaraná é um fruto que se assemelha aos olhos humanos. Segundo a lenda, surgem como os olhos de um indiozinho que morreu ao ser picado por uma serpente.
Os pais do indiozinho não conseguiam ter filhos, mas depois de pedirem ao deus Tupã, tiveram um menino saudável que era muito querido pela tribo onde vivia.
O deus da escuridão ficou invejoso e decidiu matar o menino. Assim, num dia em que ele tinha saído para apanhar frutos na floresta, o deus da escuridão, Jurupari, se transformou em uma serpente e o matou envenenado.
Tupã mandou plantar os olhos do índio. Deles nasceu uma árvore de frutos, a qual é conhecida como o guaraná.
O Caipora é mais um guardião da floresta, confundido por muitos com o Curupira. É conhecido pelos gritos assustadores que afastam os caçadores, por despistá-los com pistas falsas, bem como pela sua capacidade de ressuscitar animais.
Tal como o Curupira, pode ajudar os caçadores desde que os mesmos lhe deixem fumo junto a uma árvore.
Caipora, do tupi caapora, quer dizer “habitante do mato”, e pode ser representado como homem ou como mulher, conforme a região do país.
O Saci-Pererê é um menino conhecido pelas suas travessuras. Além de esconder objetos das pessoas, ele faz tranças nos cabelos dos animais e atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo com que elas queimem a comida.
Tem uma perna só, usa gorro vermelho e fuma cachimbo. Mas nem sempre foi assim. Inicialmente o Saci tinha duas pernas, mas perdeu uma lutando capoeira, a partir de quando começa a fumar.
Nascido de um bambu, quando morre o Saci vira um cogumelo venenoso.
VEJA TAMBÉM: Dia do SaciA Vitória-Régia é uma planta que surge como uma homenagem de Jaci para uma índia que morreu afogada após ter se apaixonado por ele.
Jaci, a lua para os índios, namorava as índias mais bonitas da região, as quais eram levadas para o céu e transformadas em estrelas.
Naiá esperava ansiosamente pelo encontro com Jaci. Um dia, apreciava o luar sentada à beira do rio quando vendo o reflexo da lua na água e acreditando que Jaci tinha vindo buscá-la, debruçou-se para beijá-lo e caiu no rio, morrendo afogada.
Jaci ficou comovido com o acontecimento e, em vez de transformá-la em uma estrela como fazia com todas as outras índias, a transformou numa estrela da água. É assim que é conhecida a planta aquática que recebe o nome de Vitória-Régia.
O Sol, Kuandú para os índios, é um homem pai de três filhos. Cada um deles é o sol, mas apresentam características distintas.
Um deles é o sol que aparece sozinho e é mais forte, o outro aparece em tempos mais úmidos e até chuvosos, enquanto o terceiro é o sol que surge quando seus irmãos estão cansados.
Depois de ser ferido pelo índio que teria matado o pai de Kuandú, o dia escureceu fazendo com que os índios não pudessem trabalhar para a sua sobrevivência.
No lugar de Kuandú, então, sua esposa mandou que os filhos clareassem o dia. O primeiro foi, mas não aguentando o calor voltou e deu o lugar ao seu irmão. Este, cansado, deu lugar ao irmão mais novo. Desta forma conseguiam manter o dia claro revezando o trabalho entre eles.
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