Como o próprio nome sugere, o objeto direto preposicionado é precedido de uma preposição, apesar de a ideia expressa pelo verbo não exigi-la. Observe a referida ocorrência, por meio da seguinte situação:
Foi organizada uma festa surpresa para um colega de seu trabalho. Toda a equipe participou de uma “vaquinha” para comprar os salgadinhos e refrigerantes. A festa aconteceria após o expediente. Porém, justamente no grande dia, você teve de fazer um atendimento externo e acabou se atrasando. Para a sua surpresa, os seus colegas (Que, sacanas!), não a esperaram... Algo que você descobriu quando estava quase chegando à empresa, e seu telefone tocou... Era uma de suas colegas, dizendo: “Pode ir para a casa, pois já comemos os salgadinhos”. Quando você começou a pronunciar algumas palavras, digamos feias, ela respondeu: “Calma, é brincadeira! Nós apenas comemos dos salgadinhos!”
(Texto elaborado pela autora deste artigo com o intento de ilustrar a finalidade do objeto direto preposicionado).
Agora, responda: qual é a diferença entre estas duas ocorrências?
O verbo “comer” é transitivo direto. Portanto, não necessita do acompanhamento de uma preposição, conforme ocorrência “a”. Contudo, o texto acima nos mostrou uma situação comunicativa, na qual ele foi regido da preposição “de”, formada pela aglutinação (de + artigo definido “os” = “dos”). Por quê? Em “comemos os salgadinhos”, o artigo “os” define quais salgadinhos a equipe (representada na forma plural do verbo) comeu: aqueles que todos compraram para a festa. Nesse sentido, não há mais salgadinho, o que justifica a sua ira. No entanto, trata-se de uma brincadeira, pois ela revela que “comemos dos salgadinhos”. “Dos salgadinhos” indica uma parte de um todo. Nesse contexto, a sua ira pode permanecer, já que eles não tiverem a decência de esperá-lo. Porém, pode ser amenizada pelo fato de que ainda restam salgadinhos. Perceba-se, então, que um pequeno detalhe faz toda a diferença na comunicação.
É pertinente ressaltar que o objeto direto preposicionado é utilizado, de modo recorrente, nos momentos em que as pessoas exprimem o seu amor a Deus ou dirigem as suas orações a Ele:
Eu amo a Deus com todo o meu coração.
Os verbos “louvar”, “glorificar” e “exaltar”, que se inserem na esfera religiosa, comumente são empregados acompanhados de preposição, embora não a exijam:
Há, também, o denominado “objeto direto pleonástico”, que ocorre quando a ideia expressa pelo objeto direto é repetida (pleonasmo). Para tal, o objeto é colocado no princípio da frase e sua ideia é destacada por meio de formas pronominais: o, a, os, as. Trata-se de um recurso comumente utilizado na Literatura, como nesta frase da crônica Pausa, escrita por Mário Quintana:
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
Note que a forma pronominal “o” reitera o sentido do objeto direto “esse enigma”, deslocado para o princípio da frase.
Para encerrar: O objeto direto preposicionado, como a própria nomeação sugere, é o objeto direto acompanhado de uma preposição, visando ao alcance de determinados efeitos de sentido.
Referências: CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Direto Preposicionado. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 156-157 e p. 640.
QUINTANA, Mário. Pausa. In: ___ A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Círculo do Livro, 1977.
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