A formação e estrutura geológica dos oceanos, suas propriedades físicas e químicas, assim como as correntes e processos sedimentares, são o foco de estudo da Oceanografia, ciência moderna que despontou no século 20, e busca compreender os processos que regem o ecossistema marinho e os organismos que o habitam.
Embora a Oceanografia seja considerada um campo de estudo relativamente novo, esta ciência tem origem remota: os primeiros registros de seu surgimento datam de cerca de 30 mil anos atrás, quando os Polinésios, considerados os primeiros navegadores do mundo, realizaram migrações entre a costa oeste do Oceano Pacífico até as ilhas de Fiji, Nova Guiné, Samoa e Havaí. Utilizando apenas a posição das estrelas e as correntes marítimas, os Polinésios navegaram pelo oceano, desenvolvendo mapas oceanográficos com cordas, conchas e pedaços de madeira, que foram passados entre gerações por 25.000 anos. A partir do século 15, o interesse pela Oceanografia aumentou devido à procura de novas terras para colonização pelos europeus, e o estabelecimento de rotas comerciais entre a Europa, Ásia e África. Importantes instrumentos náuticos como a bússola, o astrolábio e o cronômetro, foram desenvolvidos durante este período, que teve como marco o descobrimento da América por Cristóvão Colombo, que alterou a concepção sobre o formato da Terra, até então considerada plana. Durante o século 19, uma série de expedições foram realizadas por americanos e europeus com o objetivo de documentar a formação rochosa e sedimentar do fundo oceânico, as correntes marítimas, mudanças de profundidade e a vida marinha. A Challenger expedition, primeira e mais famosa expedição, foi realizada a bordo do navio de guerra britânico HSM Challenger, e é considerada o marco inicial da Oceanografia moderna.
Tradicionalmente, a oceanografia se subdivide em quatro áreas de estudo: Oceanografia Biológica, Física, Geológica e Química.
Estuda a influência dos fatores abióticos (i.e. propriedades físicas e químicas da água; formação geológica) na comunidade de seres vivos marinhos (i.e. vegetais e animais). Este ramo da oceanografia investiga os padrões de distribuição e abundância dos organismos, assim como suas respostas comportamentais em relação ao meio ambiente, e a relação entre seus ciclos de vida e a produtividade oceânica. As adaptações dos organismos às mudanças ambientais, sejam estas naturais ou artificiais, também são abordadas por esta ciência.
Aborda as propriedades da água do mar, como temperatura, densidade e pressão; o fluxo marítimo, i. e. a formação de ondas, correntes e marés; e a relação entre o oceano e a atmosfera, responsável por moldar o clima mundial. O aquecimento global é um dos principais temas de estudo deste ramo da Oceanografia, visto que este processo resulta do desequilíbrio no sistema atmosfera x oceano, provocado pela emissão de gases estufa como o CO2 e o metano.
Estuda a formação e o desenvolvimento do fundo oceânico. Esta área investiga a origem das paisagens subaquáticas, detalhando suas mudanças ao longo do tempo, e apresenta um importante ramo, a Paleoclimatologia, responsável por identificar padrões climáticos ao longo de milhões de anos. As propriedades físicas e químicas das rochas e outros sedimentos encontrados no fundo do mar também são foco de estudo desta ciência.
Tem como enfoque a composição da água e sua influência sobre os organismos, a atmosfera e o fundo oceânico. O armazenamento de CO2 no sedimento marinho é um dos processos estudados neste segmento, vide seu papel essencial na regulação dos gases estufa, e, por consequência, do aquecimento global. Além deste, a acidificação dos oceanos, outro processo associado ao CO2, provoca a dissolução do carbonato de cálcio, substância que compõe a carapaça de conchas e o esqueleto de corais. Efeitos de poluentes e outras substâncias tóxicas lançadas no ambiente marinho também são avaliados pela Oceanografia Química.
A Oceanografia é uma ciência em expansão, principalmente pela crescente atenção direcionada às mudanças climáticas globais. Com isso, uma série de tecnologias vêm sendo desenvolvidas, permitindo a exploração de várias regiões oceânicas, inclusive em altas profundidades. A Fossa Mariana corresponde ao ponto mais profundo do oceano (11.034 metros), conhecido como Challenger Deep, alcançado em 2012 pelo diretor de cinema James Cameron a bordo do Deepsea Challenger, veículo submarino altamente moderno construído para fins científicos.
Referências:
Deepsea Challenger. National Geographic: http://www.deepseachallenge.com/
Encyclopaedia Britannica: https://www.britannica.com/science/oceanography
National Geographic: https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/oceanography/
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