As orações coordenadas adversativas têm por propósito o contraste de ideias, por meio de uma conjunção adversativa:
Durante a reunião da equipe, Carlos Eduardo demonstrou ferrenha insatisfação com o método adotado pela empresa, no tocante à melhoria dos produtos. Mas, não apresentou nenhuma proposta convincente para a reversão da estratégia.
Note que a conjunção “mas”, utilizada de forma recorrente, estabelece a ideia de oposição entre os períodos, uma vez que o fato de Carlos Eduardo demonstrar ferrenha insatisfação com o método da empresa, sugeriria que ele tivesse alguma proposta viável para apresentar. Mas, não o fez. A incongruência de pensamentos instaura a adversidade.
Vale reiterar que a conjunção adversativa “mas” é a mais utilizada em situações formais e informais da língua. No entanto, há outras conjunções que podem ser empregadas, quando se tem a intenção de confrontar pensamentos. Veja:
Rafael dedicava-se, com afinco, à gastronomia. Cozinhar era a sua paixão. Desde os tempos da faculdade, nutria o sonho de abrir um restaurante. Porém, as suas economias, apesar de expressivas, ainda não eram suficientes para tal. Foi então que decidiu adquirir um empréstimo bancário para o referido investimento. Os juros eram altos, entretanto o fez. Após alguns meses, o estabelecimento foi erguido. Sonho realizado. Serviam-se apetitosos pratos. Contudo, com o passar do tempo, o restaurante vivia vazio. O que aconteceu? Rafael precisava estudar o problema. (Texto produzido pela autora do artigo para ilustrar a ocorrência das conjunções coordenativas adversativas.).
Observe como são construídas as oposições, por meio da divisão das orações que integram o texto:
Nesse contexto, percebe-se a relevância das conjunções “porém”, “entretanto”, “contudo” para a composição do elo adversativo inerente ao texto. Vale ressaltar que a utilização de diferentes conjunções, com o mesmo valor semântico, é crucial para a coesão textual, de modo a serem evitadas repetições desnecessárias.
É interessante observar que a ordem das orações, que se conectam por meio de uma conjunção adversativa, pode gerar efeitos de sentido diferenciados. Analise esta situação elaborada pela autora deste artigo:
Um casal de noivos foi a uma imobiliária, pois necessitava de um apartamento para alugar. O casamento aconteceria no próximo ano. Na companhia de um corretor, o casal visitou vários apartamentos, até que um lhes chamou a atenção. Matheus fez o primeiro comentário, ao passo que Ana fez o segundo:
Agora, responda: qual dos dois está mais interessado naquele apartamento em especial?
Certamente, você concluiu que Ana está mais interessada, pois o fato de o apartamento ser caro não consiste em um entrave/uma adversidade para ela, ao contrário do que pensa Matheus. Note que a ideia contrária é antecedida pela conjunção “mas”. Desse modo, com a inversão da ordem das orações, o que é adversidade para ele, não o é para ela. Portanto, a colocação das orações, unidas pela conjunção, deve ser adequadamente elaborada, em função dos objetivos comunciativos que se pretendem alcançar.
É notável a semelhança sonora entre “mas” e “mais”. Nesse contexto, é comum que a primeira seja pronunciada como a segunda, em siturações orais, sem que haja equívoco na comprensão do enunciado. No entanto, quando se transporta para a escrita, a referida troca se torna inadequada, pelo fato de se tratar de palavras que exprimem ideias diferentes. “Mas”, conforme exposto, indica a oposição de pensamentos, ao passo que “mais”, pode ser utilizada para comparar “Lucas é mais rebelde que João.” ou para somar “Comprei bala mais chocolate para as crianças.”. Atente-se!
Referência:
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em:
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