Retratada em produções hollywoodianas como ‘Free Willy’ e ‘Orca - Baleia Assassina’, a Orca (Orcinus orca) povoa o imaginário popular como um dos predadores mais vorazes do meio aquático. A ocorrência de ataques em parques aquáticos como o SeaWorld, também contribui para a fama selvagem desta espécie, conhecida vulgarmente como Killer Whale (em inglês, baleia assassina). Apesar do nome popular, as Orcas não são baleias, pois pertencem à família Delphinidae, a mesma dos golfinhos.
Espécie de cetáceo da subordem Odontoceti, as orcas podem alcançar até 10 metros de comprimento, pesando até 9 toneladas. Os machos são maiores em comprimento e peso do que as fêmeas, de acordo com o dimorfismo sexual da espécie, que também é refletido pelo formato da nadadeira dorsal: triangular nos machos e curvada nas fêmeas e imaturos. A coloração das orcas é uma de suas características mais marcantes, e apresenta um padrão bem definido: o preto predomina no dorso da espécie, que apresenta apenas uma mancha branca acima dos olhos e atrás da nadadeira dorsal (a qual permite a identificação de cada indivíduo), enquanto que a região ventral e a face inferior de sua cauda são brancas. Duas manchas brancas também podem ser observadas estendendo-se da região ventral para as laterais de seu corpo, em direção ao dorso. Nos filhotes, todas as áreas brancas apresentam coloração alaranjada.
Assim como outros representantes da subordem Odontoceti, a Orca apresenta dentes cônicos que auxiliam na captura de presas grandes, partindo-as em pedaços menores e facilitando sua digestão. Estes mamíferos consomem até 250 kg de comida por dia, e são conhecidas como “lobos do mar” pelas técnicas de caça que desenvolveram. Entre estas, pode-se citar ataques coordenados em grupo a grandes baleias, além de longas e cansativas perseguições a golfinhos e peixes como atuns. Outra estratégia adotada por estes animais consiste em nadar a altas velocidades próximo à superfície da água, criando ondas que arrastariam focas e aves marinhas para dentro d’água. Em algumas áreas, estes cetáceos também seguem frotas pesqueiras para se alimentar de peixes que ficam presos nas linhas/redes de pesca, ou que são descartados pela própria embarcação.
A Orca é uma espécie generalista, e sua dieta engloba uma ampla variedade de presas como peixes, tubarões, raias, golfinhos, baleias, focas, leões-marinhos, tartarugas, pinguins, lulas e polvos. Entretanto, é possível observar certo grau de especialização em suas populações, que consomem diferentes recursos de acordo com a região geográfica que habitam e seu comportamento migratório. Por exemplo, orcas residentes na porção Noroeste do oceano Pacífico alimentam-se principalmente de peixes como salmões e arenques, enquanto que populações transientes consomem mamíferos e aves marinhas. Por outro lado, as populações em mar aberto parecem alimentar-se principalmente de tubarões. Ao contrário de outras espécies de cetáceos, as Orcas não realizam migrações fixas, ou seja, seus movimentos não obedecem uma rota pré-estabelecida, sendo determinados pela disponibilidade de alimento.
Em geral, as orcas são muito sociáveis, comunicando-se através de gritos, assobios e batendo suas nadadeiras na água, além de apresentar comportamentos específicos como o spyhopping (em inglês, espionagem), que consiste em colocar apenas a cabeça para fora d’água. Estes cetáceos apresentam uma organização social complexa e matriarcal, que difere de acordo com seu comportamento residente ou transiente. A unidade social básica destes grupos é formada por uma fêmea adulta, sua prole já madura e os filhotes desta prole (entre os quais podem estar alguns machos).
Em populações residentes, estes indivíduos permanecem juntos por toda a sua vida, inclusive quando doentes ou feridos, deixando o grupo apenas durante o período de acasalamento, por volta dos 10 anos de idade. Suas gestações duram entre 15 a 18 meses, e os filhotes recém-nascidos são amamentados por até 2 anos, vivendo toda a sua vida junto à mãe. A partir dos 40 anos, as Orcas cessam seus esforços reprodutivos, atuando apenas como avós, e transmitindo ensinamentos para seus “netos”. Estes grupos matriarcais podem relacionar-se entre si, formando pods, que possuem um dialeto único, ou seja, sons que são compreendidos apenas pelos integrantes de um mesmo grupo. Por outro lado, populações transientes apresentam uma estrutura social mais dinâmica, visto que os filhotes podem se dispersar do grupo em que nasceram, e outros indivíduos, sem grau de parentesco, podem infiltrá-los. As populações transientes de Orca também podem ser formadas apenas temporariamente para forrageamento, e costumam apresentar um repertório de sons mais amplos, sem dialetos específicos. Populações residentes e transientes não interagem entre si, e possuem características visuais distintas, as quais têm levado alguns cientistas a classificá-las como subespécies de Orca.
Apesar de sua ampla distribuição (especula-se que a orca seja a segunda espécie de mamífero mais bem distribuída ao redor do mundo, atrás apenas dos humanos), poucas informações estão disponíveis a respeito do status de conservação deste cetáceo, que não encontra-se listado em nenhuma das categorias da IUCN. Entre as principais ameaças à esta espécie pode-se citar o acúmulo de toxinas produzidas pelo homem em seus tecidos (i.e. organoclorados), o decréscimo de recursos alimentares, a captura acidental em redes de pesca, colisões com barcos e poluição sonora. Além disso, há relatos de disparos feitos por embarcações pesqueiras contra estes animais, que enxergam as Orcas como concorrentes na disputa por cardumes de peixes.
Referências:
American Cetacean Society. http://acsonline.org/fact-sheets/orca-killer-whale/
Arkive. http://www.arkive.org/orca/orcinus-orca/
The IUCN Red List of Threatened Species. http://www.iucnredlist.org/details/15421/0
WWF Global. http://wwf.panda.org/about_our_earth/teacher_resources/best_place_species/current_top_10/orca.cfm
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