Vento é o ar em movimento. É o deslocamento frequente e contínuo do ar na superfície terrestre. Embora não consigamos ver o ar se movimentando, somos capazes de identificar sua existência e intensidade por meio do balançar das árvores, deslocamento de folhas, areia e poeira. Sentimos o ar se deslocando pelo toque em nosso corpo, observamos a movimentação das nuvens e das dunas no litoral. A pipa no céu usa o vento para se manter no alto e cata-vento gira pelo efeito do deslocamento do ar.
A movimentação do ar, além de contribuir para a manutenção do equilíbrio de temperatura, é também útil para a polinização das plantas, é agente modelador do solo e do relevo, movimenta as embarcações à vela, os moinhos de vento e serve inclusive para a produção de eletricidade por meio da energia eólica.
O ar se movimenta em razão da diferença de temperatura e pressão da atmosfera. Para entendermos melhor como esse fenômeno se processa, precisamos entender a influência da variação de temperatura na pressão atmosférica.
Pressão atmosférica é a medida da força exercida pelo peso da coluna de ar sobre uma área da superfície terrestre. Quanto maior o peso da coluna de ar, maior a pressão atmosférica.
Quanto maior a temperatura do ar, mais suas moléculas se movimentam e mais elas se distanciam umas das outras – como efeito, mais reduzido será o número de moléculas por m3 (metro cúbico) de ar e menor será o peso do ar aquecido. Já o oposto ocorre quando o ar é submetido a baixas temperaturas. As moléculas de ar aglutinam-se e perdem mobilidade, assim o ar se torna mais denso e pesado, ou seja, maior é a pressão atmosférica.
Em razão da relação entre temperatura e pressão, é que ocorre a movimentação do ar. O ar frio, mais pesado, desloca-se para as áreas mais baixas, enquanto que o ar mais quente e leve tende a subir para as áreas mais elevadas da atmosfera. De um modo mais simples: o ar quente sobe e o ar frio desce. É nessa dinâmica de equilibrar as pressões que o ar se movimenta. Veja na imagem abaixo:
Podemos entender a circulação geral da atmosfera em escala planetária:
Os ventos sopram das áreas de alta pressão, para as áreas de baixa pressão. O ar se movimenta em busca do equilíbrio atmosférico, tanto de temperatura, como de pressão.
Na imagem a seguir, conseguimos visualizar essa dinâmica atmosférica:
Zona de convergência intertropical é a faixa de encontro da circulação dos ventos do hemisfério sul e do hemisfério norte. Está localizada na região equatorial.
Os ventos podem ser classificados de acordo com diferentes critérios: origem, regularidade, localização, periodicidade ou intensidade. Aqui optamos por categorizar os ventos de acordo com sua regularidade e também sua área de ocorrência.
O movimento de rotação do planeta Terra, que gira de oeste para leste, afeta a circulação geral da atmosfera, no entanto o ar se desloca na horizontal apenas na linha do Equador. O chamado efeito Coriolis é responsável por desviar o ar na superfície terrestre para a esquerda no hemisfério sul e para a direita no hemisfério norte.
Ventos alísiosAlém da influência do efeito Coriolis na linha do Equador, o ar, nesta região é constantemente aquecido, que responde com um movimento ascendente desse mesmo ar, de menor densidade. O espaço deixado pelo ar que se deslocou para cima é preenchido pelos ventos originados nas regiões de alta pressão na zona subtropical. Esses são os ventos alísios, que sopram praticamente o ano todo, sempre na mesma direção:
Como vimos acima, os ventos alísios sopram das regiões subtropicais em direção ao Equador. Os ventos alísios são carregados de umidade, que se condensa e precipita na porção equatorial em razão das altas temperaturas. Esse ar que perdeu umidade e aqueceu, sobe para porções mais elevadas da atmosfera e retorna em direção aos trópicos. Esses ventos quentes e secos provenientes da região equatorial são os ventos contra-alísios. Frutos da convergência e das mudanças de temperatura e pressão dos ventos alísios. Os ventos contra-alísios sopram do Equador para os trópicos.
Formação de desertos – na porção do planeta que recebe os secos ventos contra-alísios, não por acaso, estão localizados alguns dos maiores desertos da Terra. O Saara no continente africano, o deserto de Gobi, no Oriente Médio, Central na Austrália, Grande Bacia nos Estados Unidos entre outros.
São ventos que apresentam particularidades específicas e sua abrangência se restringe a uma região do globo e até mesmo porção de apenas poucos quilômetros.
Brisa – as brisas ocorrem em razão da diferença de temperatura e pressão entre oceano e continente.
Monções – Assim como a brisa, as monções resultam das diferenças de pressão e temperatura entre o ar na região do oceano e na das terras continentais. Fenômeno que ocorre especialmente no sul e sudeste asiático e atinge países como: Índia, Bangladesh, Indonésia, Paquistão, Malásia, Butão, Tailândia, Mianmar e diversos outros.
Monções de verão – No verão, o continente apresenta uma temperatura mais elevada que o oceano. A camada de ar que está sobre o continente, aquecida, sobe para as porções mais elevadas da atmosfera, criando um extenso centro de baixa pressão. No Oceano, o ar mais frio, em uma zona de alta pressão, se desloca carregado de umidade para o continente, ocupando o espaço deixado pelo ar quente que subiu. Esse fenômeno gera, durante meses chuvas torrenciais, que caracterizam a região do globo com mais elevada pluviosidade.
Monções de inverno – No inverno, o ar do continente fica mais frio do que o do oceano. E então o oposto acontece. No continente forma-se uma zona de alta pressão que sopra ventos secos em direção ao oceano que está neste período, mais quente que as terras continentais. São vários meses de estiagem severa, pois a formação de nuvens é praticamente inexistente.
Alguns ventos são produzidos em razão de diferenças locais de temperatura e pressão. Esses deslocamentos de ar são conhecidos como ventos locais ou especiais. Em geral, têm sua dinâmica nas porções mais baixas da atmosfera, ou seja, mais próximo da superfície da Terra. Diferenças locais de temperatura e pressão produzem ventos locais.
Vejamos a seguir alguns tipos de ventos locais:
Siroco - Tem origem na região do deserto do Saara e sopra na direção norte do continente africano, ultrapassa o mar Mediterrâneo e chega até o sul da Europa. No continente africano é um vento seco, que gera tempestades de areia. Quando atinge o mar Mediterrâneo, ganha umidade, que provoca chuvas severas nesta região. Ao atingir o litoral sul da Europa, chega frio e úmido.
Mistral - Se origina nos Alpes e se desloca sobre o território francês em direção ao mar Mediterrâneo. O caminho deste vento é o vale do rio Reno. Além de atingir rajadas de grande velocidade, este vento é muito frio e seco. É um dos fatores responsáveis pelas nevascas no sul da França.
Foehn - É um vento quente de importância local nos Alpes. É um vento forte, tempestuoso, seco e quente que é formado quando o ar úmido atinge um dos lados de uma montanha. Esse ar, impedido de passar em função da barreira natural, condensa e precipita. Quando perde umidade, parte deste ar ganha temperatura, sobe e consegue ultrapassar a montanha. É um vento de origem orográfica. Na região dos Alpes, esse vento quente é favorável aos produtores rurais, uma vez que ajuda os animais a pastar derretendo a neve e auxilia no amadurecimento das uvas.
Bibliografia:
https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fitossanidadeengenhariaruralesolos715/apresentacao-aula_07_quebra-vento-2014.pdf
http://www.fakeclimate.com/arquivos/MaterialDidaticoFake/02-Ventos.pdf
Caracterização do vento e estimativa do potencial eólico para a região de tabuleiros costeiros (Pilar, Alagoas) Juliane Kayse Albuquerque da Silva – Dissertação de Mestrado - disponível em: http://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/859/1/Dissertacao_JulianeKayseAlbuquerquedaSilva.pdf
ATLAS DO POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO - http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/atlas_eolico/Atlas%20do%20Potencial%20Eolico%20Brasileiro.pdf
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