O conceito de “palavra” é abrangente e um tanto complexo, uma vez que engloba diferentes ângulos linguísticos: fonológico (som), morfológico (a constituição interna), sintático (a função que desempenha na sentença), semântico (sentido), entre outros. Neste artigo, o enfoque é, sobremaneira, no aspecto semântico. Basílio (2004, p. 15) ressalta que a palavra é normalmente tida como uma unidade de significação. Porém, essa pesquisadora faz ressalva à unidade, visto que são mais comuns as palavras que têm mais de um significado. Portanto, é crucial o olhar cuidadoso para o contexto em que a palavra se insere. Veja o caso, por exemplo, do vocábulo “cabeça”, que apresenta diferentes acepções:
É interessante observar que os variados significados de “cabeça” giram em torno do sentido literal da palavra (parte superior do corpo humano e parte na qual se desenvolvem os pensamentos). A esse processo, dá-se o nome de “polissemia”.
Há palavras que despertam contínuas dúvidas, por apresentarem semelhança ou até mesmo igualdade de pronúncia e/ou grafia em relação a outras palavras. Observe:
Coloquei a “cela” ou “sela” em meu cavalo?
Resposta correta: Coloquei a sela em meu cavalo.
“Cela” refere-se ao local onde se fica detido na prisão.
Nesse caso, há homonímia (prefixo indicador de igualdade), isto é, trata-se de palavras que apresentam a mesma pronúncia, porém significados completamente distintos. Veja outras ocorrências:
As palavras que apresentam entre si semelhança na pronúncia e/ou escrita e significados completamente distintos são denominadas parônimas. Examine:
Quando se trata de textos não literários, recomenda-se que sejam evitadas repetições desnecessárias, assegurando-se a progressão das ideias. No que tange aos textos literários, diversificados recursos são utilizados para o alcance de determinados efeitos de sentido, entre eles, a repetição. Perceba como ela se faz presente neste trecho do Poema da necessidade, de Carlos Drummond de Andrade:
Poema da necessidade
É preciso casar João, é preciso suportar Antônio, é preciso odiar Melquíades, é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana. (...)
Analise que a repetição de “É preciso” reforça a pressão exercida pela sociedade sobre as pessoas, ao ditar o que elas precisam fazer incessantemente. Nessa perspectiva, a repetição foi empregada com objetivos bem definidos, visando ao alcance de efeitos de sentido específicos.
Referências: ANDRADE, Carlos Drummond. Poema da necessidade. In: ___ Sentimento do Mundo, 1940.
BASÍLIO, Margarida. Formação e classe de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em:
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