Peixes cartilaginosos (Classe Chondrichthyes)

Representados pelas quimeras, tubarões e raias, os Condrictes apresentam um esqueleto cartilaginoso que consiste no principal eixo de sustentação de cerca de 1150 espécies. Estas, por sua vez, dividem-se em duas subclasses: Holocephali, representada pelas quimeras, e Elasmobranchii, cujos representantes são os famosos tubarões e raias.

Tubarão tigre. Foto: Matt9122 / Shutterstock.com

Origem dos Chondrichthyes

Os Condrictes surgiram no Período Devoniano (conhecido como a Era dos Peixes), representando um dos primeiros grupos de Gnatostomados (i.e. peixes com mandíbulas) a despontar, há 400 milhões de anos. Estes animais distinguiam-se dos Placodermos (peixes primitivos já extintos) pela forte redução das placas dérmicas, que funcionavam como uma espécie de armadura, recobrindo a cabeça e o tórax destes peixes; nos Condrictes, tais placas encontram-se restritas à algumas estruturas, como os espinhos da nadadeira dorsal.

Ao longo da evolução, os peixes cartilaginosos adquiriram características cada vez mais sofisticadas, como as ampolas de Lorenzini, que detectam campos elétricos e alterações nos parâmetros físicos e químicos da água. Além disso, estes animais desenvolveram estruturas que possibilitaram a fecundação interna, que, por sua vez, viabilizou diferentes tipos de desenvolvimento embrionário, incluindo a viviparidade característica dos mamíferos.

Atualmente, os peixes cartilaginosos dividem-se em dois grupos monofiléticos: Holocephali, cuja principal característica consiste de cabeça sem fendas visíveis externamente, e Elasmobranchii, que apresentam entre 5-7 pares de fendas branquiais laterais. O primeiro grupo, representado pelas quimeras, engloba cerca de 40 espécies, enquanto os Elasmobrânquios compreendem cerca de 1.000 espécies de tubarões e raias.

Raia. Foto: timsimages / Shutterstock.com

Principais características

A principal característica dos Condríctes consiste em seu endoesqueleto cartilaginoso; o crânio destes peixes também é único e sem suturas, assim como suas maxilas. Os Condrictes apresentam escamas do tipo placoide (exclusivas deste grupo), semelhantes à pequenos dentes, formadas por dentina e um esmalte de alta resistência. Tais escamas conferem uma textura áspera (similar à uma lixa) ao corpo destes animais, e são homólogas aos dentes dos Condrictes (i.e. possuem mesma origem embriológica, embora sua função e aparência sejam diferentes); estes, por sua vez, não são homólogos aos dentes dos Osteichthyes, indicando evolução paralela entre estes grupos. Além disso, os dentes dos Condríctes não encontram-se enraizados na mandíbula como ocorre com os mamíferos, mas sim apoiados com o auxílio de ligamentos. Isto, por sua vez, levou à perda de dentes devido ao desgaste e queda dos mesmos, problema que foi superado pela capacidade de substituição desenvolvida por estes animais; nos Condríctes, os dentes ficam dispostos em fileiras ao longo de uma espiral, e a linha mais externa da maxila é constituída pelos dentes funcionais, enquanto a linha mais interna apresenta dentes em desenvolvimento, recobertos pela mucosa bucal.

Outra peculiaridade anatômica destes peixes consiste na ausência de bexiga natatória. Desta forma, a flutuabilidade dos Condrictes está intrinsecamente relacionada ao fígado, que atua regulando a densidade destes animais. Este órgão produz um óleo como resultado de sua ação metabólica, cuja concentração influencia diretamente a densidade dos Condrictes: quando acumulado no fígado, este óleo torna o animal mais pesado e, portanto, facilita sua natação para profundidades maiores; por outro lado, quando este óleo se dispersa pela corrente sanguínea, a densidade do peixe diminui, permitindo sua flutuação com maior facilidade. Os Condrictes também caracterizam-se pela presença de clásper, órgão sexual presente nos machos responsável pela transferência de esperma para a fêmea. Isto, por sua vez, possibilitou a fecundação interna e o desenvolvimento embrionário pela ovoviviparidade ou viviparidade.

Referências bibliográficas:

Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.

Eu Quero Biologia: Agnathas atuais e Chondrichthyes. http://www.euquerobiologia.com.br/site/wp-content/uploads/2015/12/Agnathas-atuais-e-chondrichthyes.pdf

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