A colocação dos pronomes átonos, em relação ao verbo ao qual se agregam, ocorre de três formas, conforme indica o prefixo sublinhado na denominação:
Para a observação do funcionamento dos pronomes átonos, sugere-se a leitura do poema, Toada do amor, escrito por Carlos Drummond de Andrade:
Toada do amor
E o amor sempre nessa toada: briga perdoa perdoa briga. Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor volta para brigar, para perdoar, amor cachorro bandido trem.
Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha?
Mariquita, dá cá o pito no teu pito está o infinito.
O poema Toada do amor trata do relacionamento amoroso, mais especificamente das brigas entre o casal, de modo suave. Na visão do eu poético, o tom do amor, sentimento que dá graça à vida, é regido pelos desentendimentos e posteriores perdões. A escolha do vocábulo pito, próprio do ambiente familiar, que se refere ao ato de repreender o outro, sugere o caráter cotidiano das brigas, representado pela maneira informal de se expressar Mariquita, dá cá o pito [...]. Perceba que se optou pela forma pronominal dá cá no lugar de “dê-me”, conforme prescreve a forma padrão. Pode se concluir que a seleção de uma ou outra palavra deve ser feita em função do contexto comunicativo em que o texto se insere. A seguir, serão explicitadas as ocorrências dos pronomes oblíquos átonos, no que tange à norma culta da Língua Portuguesa:
O pronome átono é colocado antes do verbo quando for precedido de:
a) Palavra negativa: "Não lhe devo satisfações. "
É fundamental enfatizar que a colocação adequada dos pronomes harmoniza o texto, evitando ambiguidades. Além disso, atua no plano sonoro. Veja: "Eu não vi ela hoje."
Trata-se de uma expressão utilizada de modo frequente em situações de uso informal da língua. No entanto, deve ser evitada em contextos formais, sobretudo pela cacofonia (som desagradável) por ela gerada. Vale reiterar que “ela”, no exemplo acima, é complemento e, não, sujeito. Por isso: “Eu não a vi hoje”.
Outros exemplos: nunca, jamais, nada, ninguém...
b) Pronome relativo: "Foi meu amigo quem me convidou para a festa."
Mais exemplos: cujo, o qual, que, onde...
c) Pronome interrogativo: "Quem nos explicará as regras?"
Outros exemplos: quanto, qual, como, quando...
d) Conjunção subordinativa: "Ela ficou muito feliz quando a apresentei ao meu primo."
Mais exemplos: que, o qual, se, logo que...
e) Advérbio ou expressão adverbial: "Talvez a jovem se decida ainda hoje."
Outros advérbios: sempre, mais, menos, já...
f) Numeral ou pronome indefinido:
"Ambos se revoltaram com a situação."
"Alguém lhe disse duras palavras."
Mais pronomes: tudo, ninguém, a minoria, poucos...
g) Preposição “em”: "Em se tratando de cálculos, Luís apresenta muitas dificuldades."
Prep. “em” + pronome átono + verbo no gerúndio (terminação “ndo”).
h) Palavra exclamativa ou oração que expressa um desejo: "Que Deus nos acompanhe!"
O pronome átono é colocado ao meio da forma verbal, flexionada no modo “Indicativo” (que exprime “certeza”), do tempo:
O pronome átono é posposto ao verbo nas seguintes situações:
1. Próclise e Mesóclise - verbo auxiliar + verbo principal no “particípio”:
2. Próclise ou Ênclise - verbo pessoal (auxiliar ou não) + verbo infinitivo:
Referências:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Toada do amor. In: ___ Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Colocação dos pronomes átonos. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 323-332.
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