Sentença

A sentença, também denominada “frase”, é um enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação. (Cunha e Cintra, 2008, p.133). Sob esse prisma, pode ser composta de apenas uma palavra ou de muitas palavras. Observe:

a) Parabéns!

Trata-se de uma sentença, que acompanhada pelo sinal de exclamação, reforça o seu caráter afetivo.

b) Que pena! Ele estudou tanto para o concurso, contudo não foi aprovado.

Nesse caso, a primeira sentença indica uma lamentação e a segunda, constituída de duas orações, explica o porquê da lamentação.

A construção eficiente de sentenças é fundamental para que o ato comunicativo seja concretizado, sobretudo, no âmbito da escrita formal. Serão elencados, a seguir, exemplos de sentenças que apresentam algumas inadequações, no que concerne à norma culta da Língua Portuguesa. Examine-as:

a) Referência inapropriada ao sujeito:

Está na hora dos jogadores entrarem em campo.

O sujeito da sentença é “jogadores”, quem praticará a ação de entrar em campo. Portanto, a preposição aglutinada que o precede precisa ser desmembrada para especificá-lo: (dos = de + os). Assim, tem-se: “Está na hora de os jogadores entrarem em campo.”. A forma “dos” deveria ser empregada, caso “jogadores” funcionasse como complemento:

Estes são os uniformes dos jogadores:

b) Sentenças desintegradas:

A revitalização da rua ainda não ocorreu. Apesar das reivindicações dos moradores.

Note que as sentenças se encontram desintegradas, em decorrência da pontuação inadequada, o que pode dificultar a compreensão. Mais precisamente, o que se percebe é a ausência da vírgula entre as sentenças que necessitam estar sintaticamente unidas:

A revitalização da rua ainda não ocorreu, apesar das reivindicações dos moradores.

Se houver a intenção de realçar o ato das reivindicações, pode-se optar pela inversão:

Apesar das reivindicações dos moradores, a revitalização da rua ainda não ocorreu.

c) Comparação indevida:

Aquele aluno tem o perfil diferente da turma.

É fundamental a utilização adequada dos termos que estabelecem a comparação entre elementos de uma sentença. A omissão dos referidos termos ocasiona comparações indevidas, que podem comprometer a compreensão do enunciado. No exemplo acima, equipara-se “perfil do aluno” com “turma”, de forma equivocada. Portanto, têm-se:

Aquele aluno tem o perfil diferente do perfil da turma. (Opção pela repetição de “perfil”.).

Aquele aluno tem o perfil diferente do da turma. (Opção pela preposição “do”, retomando-se a “perfil”.).

d) Ambiguidade indesejada:

Reformaram a mesa do consultório em que realizo os atendimentos.

É imprescindível que a ambiguidade (duplo sentido) seja evitada, de maneira que dificuldades de entendimento não sejam provocadas. Para tal, a referência a constituintes de uma sentença deve ser feita com clareza. Perceba que “em que” pode se referir à “mesa” e ao “consultório”. Para se evitar a ambiguidade, recomenda-se:

  • Reformaram a mesa do consultório no qual realizo os atendimentos. (Retomada ao “consultório”)
  • Reformaram a mesa do consultório na qual realizo os atendimentos. (Retomada à “mesa”)

Vale elucidar que a ambiguidade e as sentenças desintegradas são utilizadas de modo constante pela Literatura. Nesse caso, são adequadamente elaboradas, com propósitos bem definidos, para gerarem efeitos de sentido variados, provocando múltiplas interpretações. Cabe reiterar que, exceto no domínio literário, devem ser evitadas em situações formais de uso da língua.

e) Paralelismo inadequado:

O filme tem três horas de duração e muita complicação.

O encadeamento de ideias, quando congruentes, necessita ser apresentado de modo sequencial. Note, na sentença em questão, que os complementos oriundos do verbo “ter” possuem características sintáticas diferenciadas. O número de horas do filme se equivaleu à avaliação feita em relação a ele. Nesse sentido, não pode haver paralelismo entre ideias que não se complementam. Sugerem-se, então:

  • O filme tem três horas e meia de duração e é muito complicado.
  • O filme é muito longo e complicado.

Na primeira opção, foi colocado o verbo “é” para a adequada referência da característica (muito complicado) ao sujeito (filme). Já na segunda, as informações sobre o filme foram transformadas em formas equivalentes (adjetivos), que complementam o sentido do mesmo verbo: “é”. Em suma, é crucial a construção adequada de sentenças, de modo que os objetivos comunicativos sejam alcançados.

Referências: BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: .

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Frase e a sua constituição. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 133-135.

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