Cunha e Cintra (2008, p.136) concebem o sujeito como o ser sobre o qual se faz uma declaração. Vale ressaltar que ele é acompanhado de seu complemento (o que é enunciado sobre ele). Portanto, não pode ser confundido com o seu complemento. Nesse sentido, questiona-se: qual é a forma adequada, segundo a norma culta?
Observe que o termo “empregadores” funciona como “sujeito”, ou seja, o ser sobre o qual se declarou algo: a ação de se recusarem à negociação. A junção (de + os = dos), anteposta ao sujeito, é comum em situações informais da comunicação. Por isso, a opção “a” é a adequada à luz da norma padrão. “Dos” deve ser utilizado quando se tratar de um complemento. Por exemplo:
Nesse caso, “empregados” não é o sujeito e, sim, o seu complemento.
Agora, propõe-se o estudo dos “Tipos de Sujeito”, tomando como referência o poema Minha Terra, de Manuel Bandeira:
Minha terra
Saí menino de minha terra. Passei trinta anos longe dela. De vez em quando me diziam: Sua terra está completamente mudada, Tem avenidas, arranha-céus... É hoje uma bonita cidade!
Meu coração ficava pequenino.
Revi afinal o meu Recife. Está de fato completamente mudado. Tem avenidas, arranha-céus. É hoje uma bonita cidade.
Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!
O gênero “poema” caracteriza-se, geralmente, por se construir em 1ª pessoa, isto é, traz a voz do eu poético. Em Minha Terra, as marcas da referida pessoa são identificadas, por exemplo, em:
Saí menino de minha terra.
Note que a terminação verbal nos revela a pessoa a que se refere: “Eu”. Nesse caso, tem-se o sujeito oculto ou “sujeito implícito”. Ele se faz presente também em: Passei trinta anos [...] e Revi afinal o meu Recife. O referido tipo pode ser identificado pela desinência verbal (conforme versos acima) ou pelo contexto (quando é feita referência a ele em outra oração). Vejamos um exemplo dessa última ocorrência:
Os rapazes fizeram o trabalho em grupo naquela tarde. Depois, foram para a quadra jogar vôlei.
O verbo “foram” retoma ao sujeito “os rapazes”, contido na oração anterior.
No terceiro verso De vez em quando me diziam, você consegue identificar o sujeito da oração? Certamente, não. Isso porque não se sabe quem dizia a ele que o Recife estava completamente transformado. Portanto, tem-se o sujeito indeterminado. Normalmente, ele aparece na 3ª pessoa do plural, como no exemplo exposto acima, ou na 3ª pessoa do singular, seguido da partícula “se”:
Precisa-se de um ajudante de pedreiro.
Na tentativa de se identificar o sujeito, recomenda-se a inversão da frase. Então: “Um ajudante de pedreiro é precisado.”. A expressão destacada inexiste. Desse modo, o sujeito é indeterminado, ao contrário de:
Em Meu coração ficava pequenino, o sujeito é Meu coração. Qual é o núcleo desse sujeito, isto é, a sua palavra principal? É coração. Portanto, um só núcleo. Dessa forma, há o sujeito simples. Também presente em: Sua terra está completamente mudada.
Quando se é constituído de mais de um núcleo, recebe-se o nome de sujeito composto. Veja um exemplo:
Recife e Salvador são capitais situadas na região nordeste do país.
Note que há dois núcleos: “Recife” e “Salvador”.
Anteriormente, foram listadas as ocorrências em que o sujeito é determinado. Na sequência, serão analisadas orações sem sujeito. Nesse contexto, o que se considera é o fato verbal em si. As referidas orações se compõem dos chamados “verbos impessoais”, que se apresentam na 3ª pessoa do singular, pois não admitem sujeitos:
Referências:
BANDEIRA, Manuel. Minha Terra. In: Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. O sujeito. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 138-146.
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.