Tríade parnasiana: autores do Parnasianismo

A tríade parnasiana é a forma como ficou conhecido o grupo de três poetas parnasianos brasileiros de maior destaque: Alberto Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

O Parnasianismo é uma escola literária poética contemporânea ao Realismo e ao Naturalismo que se caracterizou pela idealização da "arte pela arte".

Tríade parnasiana: Alberto de Oliveira, Raimundo Corrêa e Olavo Bilac (da esquerda para a direita)

Alberto de Oliveira

Considerado um mestre da estética, Alberto de Oliveira (1857-1937) também ficou conhecido como o mais perfeito dos poetas parnasianos. Destacava em seus poemas a perfeição formal, bem como a métrica rígida e a linguagem esmerada.

É enquadrado no Parnasianismo a partir do seu segundo livro, Meridionais.

Vaso Grego

Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia Então e, ora repleta ora, esvazada, A taça amiga aos dedos seus tinia Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira, Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira Fosse a encantada música das cordas Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

Raimundo Corrêa

Raimundo Corrêa (1859-1911) é enquadrado na escola do Parnasianismo a partir do livro Sinfonias. Antes disso, atuava como autor do Romantismo e demonstrava clara influência de Castro Alves e Gonçalves Dias.

Seus temas preferidos são a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica. Usa versos impressionistas para cantar a natureza e tem com marca, ainda, a poesia de meditação em que o pessimismo e a desilusão são características.

As Pombas

Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...

Olavo Bilac

Olavo Bilac (1865-1918) teve sua carreira inteiramente enquadrada no Parnasianismo. Usava de linguagem elaborada, com inversões da estrutura gramatical e busca da perfeição métrica.

A produção literária está nas obras Penóplias, Via Láctea, Sarças de Fogo, Alma Inquieta, As Viagens e Tarde.

Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" Eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto A via láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e, em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas".

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Márcia FernandesProfessora, pesquisadora, produtora e gestora de conteúdos on-line. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos.
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