Considerado o predador mais feroz dos oceanos, o tubarão-branco desperta medo e admiração há pelo menos 40 décadas, desde sua famosa retratação no cinema hollywoodiano. No entanto, sua reputação de ‘man-eater’ (em inglês, predador de humanos) está longe da realidade deste animal, que não apresenta preferência alimentar por seres humanos.
O tubarão-branco (Carcharodon carcharias) é uma das espécies mais famosas a habitar os oceanos ao redor do globo, e povoa o imaginário popular devido à sua retratação em várias obras cinematográficas, dentre as quais ‘Tubarão’, dirigida por Steven Spielberg, é a mais célebre.
Este animal apresenta corpo em formato de torpedo, que facilita sua natação, e pode atingir até 6,5 metros de comprimento, pesando cerca de 3,4 toneladas. Entre suas características morfológicas está o focinho pontiagudo, grandes nadadeiras peitorais, uma nadadeira dorsal triangular relativamente alta e nadadeira caudal homocerca. As nadadeiras, inclusive, atuam como importantes propulsores destes animais, que podem alcançar uma velocidade de até 24km/h.
O tubarão-branco possui várias fileiras de dentes serrilhados em sua boca (cuja abertura pode alcançar até 1,2 m), o que inclusive motivou o nome de seu gênero: a palavra carcharos vem do Grego e traduz-se como áspero/imperfeito, enquanto odon significa dentes. Estes tubarões apresentam dorso acinzentado e ventre esbranquiçado, e detectam compostos na água à milhares de quilômetros de distância com o auxílio das ampolas de Lorenzini.
O tubarão-branco habita regiões temperadas e tropicais, apresentando preferência por águas com temperatura entre 12º e 24º Celsius. Estes animais são comumente avistados nos oceanos Pacífico e Atlântico, entre a costa dos Estados Unidos e México, habitando também o sul da África, o Mar Mediterrâneo, Japão e a Oceania. Em regiões costeiras e de plataforma, os tubarões-branco permanecem em profundidades rasas de até 2 metros, porém em mar aberto podem alcançar até 1.200 metros de profundidade. Estes peixes realizam longas migrações oceânicas quando tornam-se adultos, migrando próximos à costa enquanto juvenis. Geralmente solitários ou avistados em pares, o tubarão-branco pode formar grupos de até 10 indivíduos, especialmente quando alimenta-se de carcaças. Nos grupos, existe uma hierarquia social: em relação ao sexo, as fêmeas sobrepõem os machos; considerando o tamanho, indivíduos maiores prevalecem sobre os menores; e, por fim, em relação ao tempo de residência, tubarões mais velhos prevalecem sobre os mais novos.
O tubarão-branco é um dos principais predadores de topo das cadeias tróficas marinhas. Estes animais alimentam-se de peixes, raias, tartarugas, polvos, crustáceos, golfinhos, leões marinhos e focas, optando sempre por presas com alto teor de gordura. Seu olfato (i.e. ampolas de Lorenzini) e audição aguçados são capazes de detectar presas doentes e feridas à longas distâncias, auxiliando no controle da propagação de doenças no oceano.
O tubarão-branco possui diferentes estratégias de caça de acordo com o tamanho da espécie-alvo, entre as quais a mais comum consiste em nadar abaixo da presa, subindo em alta velocidade até se aproximar o suficiente para mordê-la. Após a mordida, o tubarão observa o sangramento da vítima, alimentando-se desta após sua morte. Em relação aos ataques aos humanos, estes provavelmente são causados por uma confusão do tubarão em relação à presa; assim, estes peixes mordem os humanos como uma forma de teste (em inglês, test bite ou sampling bite) e, após perceberem que não se trata de seu alimento usual, geralmente interrompem o ataque.
De crescimento lento, baixa fecundidade e maturação relativamente tardia (machos aos 6 anos de idade; fêmea entre 14-16 anos), o tubarão-branco é uma espécie ovovivípara (i.e. ovos fertilizados desenvolvem-se dentro do corpo materno), e apresenta baixo número de filhotes (entre 2-10) por temporada reprodutiva. Estes animais apresentam dimorfismo sexual, com as fêmeas sendo maiores até 2 metros de comprimento em relação aos machos, e não há indício de cuidado parental. Durante a cópula, o macho pode dar mordidas leves na fêmea, deixando marcas nos flancos, dorso e nadadeiras peitorais. Os ovos são fertilizados dentro do corpo da fêmea, através da liberação de esperma pelo clásper (órgão sexual masculino), e os recém-nascidos alimentam-se de ovos não-fertilizados.
Com exceção das orcas e seres humanos, não existem predadores naturais para o tubarão-branco. Entretanto, esta espécie encontra-se classificada como vulnerável pela IUCN, devido à sobrepesca exploratória (visando a comercialização de suas nadadeiras, carne e óleo) e o bycatch (i.e. pesca acidental). A mandíbula e dentes destes animais também são valorizados pelo mercado, sendo vendidos por até $50.000 dólares. O tubarão-branco também vem sendo alvo da pesca recreativa, devido ao seu porte e o perigo que oferece, o que o tornou sinônimo de status para os competidores que visam sua captura.
Embora alguns países como os Estados Unidos, África do Sul, Namíbia, Malta e Austrália, tenham instaurado medidas para auxiliar na conservação desta espécie, sua imagem perante à população humana dificulta a execução destas. Atualmente, o ecoturismo e mergulho têm se destacado como ferramenta educacional e de lucro em relação à esta espécie, porém suas populações ainda apresentam grande risco de entrar em colapso.
Referências bibliográficas:
Arkive. http://www.arkive.org/great-white-shark/carcharodon-carcharias/
The IUCN Red List of Threatned Species: http://www.iucnredlist.org/details/3855/0
Sharks World. http://www.sharks-world.com/great_white_shark/
National Geographic. http://www.nationalgeographic.com/animals/fish/g/great-white-shark/
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