Facilmente identificado pelo formato peculiar (e impressionante) de sua cabeça, o tubarão-martelo é um espécime digno de estrelar em um filme de ficção científica. Dez espécies perfazem a família Sphyrnidae, dentre as quais destaca-se o tubarão-panã (Sphyrna mokarran) como o maior exemplar deste grupo.
A família Sphyrnidae é composta por dois gêneros: Eusphyra e Sphyrna, que englobam uma e nove espécies de tubarão-martelo, respectivamente. Estes animais podem medir entre 0,9 até 6 metros de comprimento, pesando cerca de 3 a 500 kg.
Sua principal característica consiste na cabeça em forma de T, semelhante à um martelo, na qual seus olhos encontram-se espaçados em cada uma das extremidades. A visão seria, inclusive, a principal razão evolutiva pela qual estes animais apresentam um crânio tão peculiar: seu formato permitiria aos tubarões-martelo enxergar acima e abaixo de si mesmos, promovendo uma visão 360º do ambiente marinho. Esta estrutura, a distribuição mais ampla das ampolas de Lorenzini ao longo de sua cabeça (mecanismo que detecta mudanças de temperatura, compostos químicos e campos elétricos gerados por possíveis presas), e a eficácia vertebral destes animais (i.e. maior mobilidade das vértebras e, consequentemente, do animal) favorecem o papel dos tubarões-martelo como predadores vorazes.
Estes peixes apresentam boca pequena, localizada na parte inferior do crânio, e dentes triangulares e serrilhados. O tubarão-martelo também caracteriza-se por duas nadadeiras dorsais (sendo a primeira maior do que a segunda), dorso acinzentado e barriga esbranquiçada.
As diferentes espécies de tubarão-martelo habitam regiões temperadas e tropicais do globo, sendo geralmente encontradas ao longo da linha de costa e plataforma continental. Estes animais têm preferência por águas rasas e quentes, habitando recifes de corais, mas podem ser encontrados em até 80 metros de profundidade, assim como em ambientes de água salobra. Apesar da preferência por águas tropicais, algumas espécies migram para zonas polares durante o verão, provavelmente em busca de alimento. Entre as presas consumidas pelo tubarão-martelo estão as raias - seu alimento preferido, cuja caça é possibilitada pela visão, formato da cabeça e ampolas de Lorenzini-, peixes (com destaque para garoupas, bagres e pequenas espécies da família Carangidae), lulas, polvos e alguns crustáceos.
Estes tubarões caçam sozinhos, desferindo golpes com sua cabeça sobre as raias, e mordendo suas asas (i.e. nadadeiras das raias) pouco a pouco, até sua imobilização e posterior morte. Ocasionalmente, estes peixes também podem se alimentar de outras espécies de tubarão, além de atuar como canibais (i.e. consome indivíduos de sua própria espécie). Os tubarões-martelo podem formar grupos de até 500 indivíduos durante o dia, separando-se à noite para caçar. Dentro dos grupos, características como o tamanho, idade e sexo dos tubarões, parecem ser os principais fatores utilizados no estabelecimento da hierarquia social.
Em relação à reprodução, pouca informação encontra-se disponível sobre os hábitos destes peixes. Vivíparos, os tubarões-martelo reproduzem-se uma vez ao ano, e suas gestações têm duração entre 10 e 11 meses. O número de embriões gerados está diretamente relacionado ao tamanho da fêmea: quanto maior o animal, mais filhotes de tubarão nascem. Tais “bebês-martelo” nascem com o crânio mole e não recebem cuidado parental, permanecendo juntos em águas rasas até que consigam se defender sozinhos.
Enquanto os juvenis de tubarão-martelo são consumidos por outras espécies de tubarão, seus exemplares adultos não possuem predadores naturais. Assim, as principais ameaças à estes animais são a pesca acidental (i.e. bycatch) e exploratória, esta última relacionada à demanda por suas barbatanas para produção de sopas; óleo, para a confecção de vitaminas; pele, para a confecção de vestes de couro; e sua carne, para o preparo de refeições. Além disso, a pesca não-regulamentada vem causando grande prejuízo para as populações de tubarão-martelo que habitam o Atlântico norte e a costa da Austrália. A baixa fecundidade e crescimento lento destas espécies dificultam sua conservação, dentre as quais cinco encontram-se classificadas pela IUCN como vulneráveis (Sphyrna zygaena e Sphyrna tudes) ou ameaçadas de extinção (Sphyrna mokarran, Eusphyra blochii e Sphyrna lewini).
Referências bibliográficas:
Arkive. http://www.arkive.org/great-hammerhead/sphyrna-mokarran/
Sharkopedia. http://sharkopedia.discovery.com/types-of-sharks/great-hammerhead/#great-hammerheads-by-the-numbers
Sharks-World. http://www.sharks-world.com/hammerhead_shark/
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