Formado por organismos que variam de tamanho micro a macroscópico, o zooplâncton corresponde à fração animal do plâncton, e desempenha um papel crucial nas cadeias alimentares de ecossistemas aquáticos.
Carreados por correntes e movimentos d’água, o zooplâncton consiste em animais que apresentam baixo poder natatório. Como componentes do plâncton, estes organismos apresentam características corporais que facilitam sua flutuação e minimizam os riscos de predação por peixes, seu maior predador no ambiente natural. O corpo transparente, gosto impalatável e a ciclomorfose (i.e. intensificação dos mecanismos de proteção após a recepção de sinais químicos liberados por predadores), são exemplos de mecanismos utilizados por estes animais para evitar a predação. O zooplâncton caracteriza-se por altas taxas reprodutivas, e sua abundância e riqueza variam em função do fitoplâncton, que é utilizado como recurso alimentar pelo zooplâncton através da ingestão de algas e protistas. Desta forma, acredita-se que as migrações verticais diárias realizadas por estes grupos planctônicos estejam ligadas entre si. O zooplâncton também pode ser influenciado por mudanças na concentração de nutrientes, temperatura, luminosidade e pela poluição, podendo servir como um indicador biológico da qualidade do ecossistema.
Inúmeros filos compõem o zooplâncton, resultando em uma alta diversidade de espécies. Os protistas, representados pelos filos Sarcomastigophora (i.e. foraminíferos, radiolários) e Ciliophora (i.e. tintinídeos), são encontrados no ambiente marinho e constituem importantes componentes das cadeias tróficas, atuando como produtores, consumidores primários e decompositores, além de servir como indicadores biológicos, ambientais e hidrológicos. As hidromedusas (Ordem Hydroida), sifomedusas (Classe Scyphozoa) e os sifonóforos (Ordem Siphonophora) do filo Cnidaria, também integram o zooplâncton, e são caracterizadas pelo nematocisto, uma estrutura com células urticantes que auxilia na imobilização de presas. Os organismos do filo Ctenophora, composto por espécies marinhas e bioluminescentes, apresentam uma estrutura similar de imobilização de presas, formada por células adesivas denominadas coloblastos, porém sem efeito urticante.
Outros componentes do zooplâncton consistem nos moluscos, representados por larvas de moluscos bentônicos e outras formas holoplanctônicas da classe Gastropoda, como os pterópodes. Os poliquetas (Classe Polychaeta; Filo Annelida) também integram temporariamente o zooplâncton durante dois estágios larvais: trocófora e pós-trocófora, este último especialmente observado em regiões costeiras e estuarinas.
Um dos componentes de maior destaque do zooplâncton consiste no subfilo Crustacea (Filo Arthropoda). Dominantes no plâncton marinho, estes organismos representam um dos principais recursos alimentares para os predadores planctófagos (i.e. que alimentam-se de plâncton), especialmente peixes. Os membros da subclasse Copepoda podem representar até 70-90% da densidade zooplanctônica, e os crustáceos das classes Branchiopoda, Malacostraca e Ostracoda, também são frequentes na comunidade planctônica. Entre os Malacostraca, destacam-se os espécimes da Ordem Decapoda como o camarão, lagostas, caranguejos e siris, e da Ordem Euphausiacea, representada pelo krill, que consiste na principal fonte de alimento das baleias Mysticeti.
Organismos do Filo Chaetognatha também integram o zooplâncton, e apresentam, dentre outras características, corpo em formato de seta. Estes crustáceos atuam como predadores primários de copépodes, e podem ser encontrados em todos os ambientes marinhos. Por fim, o zooplâncton também é formado por espécimes dos subfilos Urochordata e Vertebrata (Filo Chordata). Os primeiros consistem em organismos filtradores holoplanctônicos, e os Vertebrata são representados por ovos e larvas de peixes que integram o zooplâncton temporariamente (i.e. Ictioplâncton).
Sensível à alterações nos níveis de pH, cálcio, alumínio e metais pesados, o zooplâncton também é indiretamente afetado por mudanças na concentração de nitrogênio e fósforo, que limitam a disponibilidade de suas presas (algas, protistas e bactérias do plâncton). Estes organismos apresentam uma relação íntima com a temperatura, e, portanto, podem sofrer sérios impactos em relação à sua distribuição e crescimento de acordo com o aquecimento global. A acidificação dos oceanos também é uma ameaça crescente à estes animais, visto que este processo altera as concentrações de carbonato de cálcio no oceano, prejudicando a formação de conchas de animais zooplanctônicos.
Leia também:
Referências:
Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.
David Suzuki Foundation: Solutions Are In Our Nature: http://www.davidsuzuki.org/issues/oceans/science/marine-planning-and-conservation/zooplankton/
MarineBio: http://marinebio.org/oceans/zooplankton/
Show life that you have a thousand reasons to smile
© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.