A Sequela na literatura

Uma cena bem construída deve sempre conter uma macroestrutura, traduzida como uma cena seguida pela sequela. Já a microestrutura é descrita como uma ação que, desencadeada, exige uma reação; ou uma causa que provoca uma consequência. Neste plano é preciso assegurar que todas as respostas partam de impulsos que configuram movimento, atitudes.

Não se pode permitir que, em uma obra literária, algo seja apresentado como fruto de eventos casuais ou de forças desvinculadas da trama. Cada cena foi cuidadosamente planejada para entretecer a magia da narrativa, passagem a passagem, desde o início do processo criativo. Um deslize dessa natureza pode comprometer todo esse trabalho do autor.

A sequela aparece no enredo ao final de cada cena, quando é permitido ao leitor mergulhar na mente da criatura que detém o Ponto de Vista. Como diz James McSill, consultor literário internacional, neste momento as luzes se apagam e o personagem pode refletir sobre o que ocorreu na cena que acabou de se desenrolar; sempre, porém, a partir da ação aí desenvolvida.

Portanto, para a existência de uma cena, é imprescindível que um personagem desencadeie uma motivação e esta dê origem a uma reação. Esse movimento exercerá imediata influência sobre o protagonista, aquele que retém naquele instante o Ponto de Vista (PDV).

Para melhor se compreender essa técnica de construção da ficção, deve-se ter em mente que a cena tem um Objetivo de natureza temporária. O que determinado personagem necessita realizar naquele exato espaço de tempo para dar continuidade à história?  E a cada uma destas metas corresponde uma reação.

Como é muito comum, por exemplo, nos mitos e contos de fadas, o herói inicia uma jornada com determinado alvo em mente, porém ao longo do caminho enfrentará inúmeros desafios. Em cada cena ele irá se deparar com um Obstáculo, um fator que tornará mais difícil a realização de seus planos. Esse ardil cativa o leitor, estimula seu interesse na história. Ele deseja saber como o personagem irá vencer essa prova e seguir adiante.

Não que o leitor seja exatamente sádico, mas ficará ainda mais colado à cena se o contexto do herói se tornar mais crítico. Com essa intenção o autor cria a Complicação. É nessa hora que entra a sequela, com o personagem refletindo sobre o que fazer para se libertar dessas dificuldades. Ao contrário do mundo real, ele é obrigado a meditar antes da ação.

Esta pausa para pensar conduzirá o personagem a um Dilema; ele precisa escolher entre dois caminhos, saber como atuar neste instante. Isso gera no público uma intensa inquietação e o deixa mais ansioso quanto à resposta que será apresentada diante desse contexto.

Finalmente se dá a Decisão, mas sempre aberta, com um recurso literário muito comum que deixa uma abertura para a cena seguinte, o famoso ‘gancho’. Esta é a estrutura que sustenta a narrativa de ficção, a qual irá gira constantemente em torno da cena e da sequela.

Fontes: http://www.kyanjalee.com.br/?pg=artigos http://fernandoheinrich.blogspot.com.br

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